King Richard: Criando Campeãs | Crítica: Longa sobre o pai das tenistas Serena e Venus Williams é o match point na carreira de Will Smith.

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King Richard – Criando Campeãs (King Richard, 2021) é definitivamente um filme de superação e com esportes envolvido. O que poderia ser mais um no gênero, faz um que alegraria a torcida em Wimbledon. Afinal, o que temos aqui é um longa que faz um retrato de momentos da vida da família Richard que mostram como eles criaram e batalharam para colocar as filhas no mundo do esporte e principalmente do competitivo mundo do tênis. 

Comandado por Reinaldo Marcus Green, King Richard – Criando Campeãs serve muito mais do que apenas entregar momentos chaves da trajetória de Richard (Will Smith muito bem) nessa busca, e servir do que apenas ser uma transposição em tela de datas e acontecimentos isolados que poderiam ser vistos na Wikipédia ou em buscas no Google, e sim, um verdadeiro, e emocionante drama familiar, onde vemos e sentimos junto com essa família as emoções e os percalços vividos por eles.

Foto: COURTESY OF WARNER BROTHERS PICTURES

Como um saque certeiro, Green consegue nos transportar para a tela para essa história, e graças a atuação de Smith (em um dos papéis mais difíceis de sua carreira), Aunjanue Ellis e das carismáticas atrizes mirins Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena, o longa mostra a história dessa família em busca de se tornarem as maiores jogadoras de tênis da história.

E quem chama a atenção é o protagonista mesmo. Smith é conhecido por seus papéis mais cômicos, seja na série de sucesso Um Maluco no Pedaço, ou por seus filmes de ação como a franquia MIB ou até mesmo Bad Boys, onde aqui em King Richard – Criando Campeãs, o ator tem esse novo desafio, um que o mascara com uma prótese, um punhado de maquiagem, e claro um shortinho vermelho minúsculo para dar o tom de dramaticidade para a história que roteirista Zach Baylin que contar e as diversas etapas da vida dessa família.

Acho que o filme realmente deve ganhar o espectadores pelos momentos oras divertidos, oras mais dramáticos que esse personagem complexo que Smith cria em tela. A relação que Smith cria para o seu Richard com as filhas, e até mesmo com a esposa Oracene (Ellis, com uma cena com Smith muito boa lá para a metade do filme) é uma que se desenvolve e muda ao longo do filme e isso só carrega a trama na medida que as jovens crescem e tentam cravar seus nomes num esporte extremamente competitivo e dominado por brancos.

King Richard – Criando Campeãs não foge da questão racial e sempre que pode o texto de Baylin pontua mais essa dificuldade.

E olha que no filme elas já são muitas. Seja na fixa ideia de treinar as filhas na comunidade dominada por traficantes em uma quadra precária em Compton, California, ou até mesmo na obsessão em levar as filhas para serem treinadas por técnicos conhecidos do mercado, aqui primeiro representado por Tony Goldwyn como Paul Coen, e depois para o expansivo e já em outro momento da carreira das jovens, o falante Ricci de Jon Bernthal (com um bigode e sotaque diver, e brigar com a forma como eles treinavam as filhas e que eram diferente (mas o habitual para a época) do que ele queria e imaginava. 

Smith faz de Richard um homem com um sonho: de levar suas filhas para o serem profissionais por acreditar na habilidade delas, e como ele poderia ganhar dinheiro com isso. O longa não deixa as artimanhas e os momentos ruins de lado, e colocam Richard como um cara que faz de tudo para ver sua visão acontecer. E a sutileza da atuação de Smith para cada um desses momentos, com os olhos fazendo o trabalho atrás de tudo que é colocado no rosto do ator para o deixar minimamente parecido com figura real é muito mais interessante, do realmente vermos a partidas de tênis e as vitórias e derrotas da dupla de irmãs.

E é por isso que Green e Baylin resolvem contar a história de Richard e não uma verdadeira biografia de Serena e Venus Williams propriamente dito. O longa foca nas relações familiares, no dia-a-dia e no que se passava naquela casa antes das jovens serem engolidas pela mídia, por contratos milionários, e torneios importantes ao redor do mundo. E olha que uma delas tinha apenas 14 anos quando a família Richard recusou um contrato com uma grande marca esportiva e que claro algum tempo depois se transformou em um ainda mais, e mais lucrativo, colocando as jovens no mapa do esporte.

 No final, King Richard: Criando Campeãs faz um olhar íntimo e extremamente pessoal para essa história e que se garante nas atuações de seus protagonistas, principalmente de Smith que está um ponto para ser um dos favoritos da difícil partida que é tentar levar um Oscar de atuação para casa. Com o filme, Smith está no match point da consolidação de sua carreira em Hollywood. 

Avaliação: 3.5 de 5.

King Richard: Criando Campeãs chega nos cinemas nacionais em 2 de dezembro.

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