sexta-feira, 11 julho, 2025

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Elio | Crítica: No espaço todo mundo vai te ouvir gritar: Que fofo!

Foi em setembro de 2022 que a Disney e a Pixar anunciaram Elio (2025) como a nova animação do estúdio. E de lá para cá, a premissa curiosa do filme e a ideia de ser um novo longa original que seria lançado nos cinemas depois de alguns anos com o estúdio lançando filmes diretamente para o Disney+ era um fator positivo e que contava pontos para o longa que demora para ganhar novidades nos meses posteriores.

Afinal, mesmo que bem recebido na época, Elio parecia ter sido eclipsado pela novidade que a sequência de Divertidamente também iria sair, anos depois do lançamento do primeiro filme e que se tornou um dos queridinhos do catálogo da Pixar. Divertidamente 2 veio e arrastou multidões para os cinemas. Já para Elio a pergunta que martelava toda vez que o filme aparecia na mídia era: como a figura de um menino, um jovem curioso que usa um tapa olho, uma capa e que seria confundido pelo líder da Terra depois que foi abduzido por ETs, conseguiria ter atenção quando o mundo (e a própria Pixar) parecia só ligar para as novas emoções de Riley?

E nesse meio tempo, Elio mudou um pouco desde do momento que foi anunciado até agora, quando finalmente chega nos cinemas em 2025. Por exemplo, a atriz America Ferrera deixou de ser a voz de Olga na versão original, onde ela seria a mãe de Elio, e Zoe Saldaña assumiu como a personagem, agora como Tia do protagonista; Madeline Sharafian que trabalhou no curta Burrow (2020) e Domee Shi que trabalhou em Red – Crescer É Uma Fera (2022) assumiram como co-diretoras do longa ao lado de Adrian Molina (de Viva – A Vida É Uma Festa e que terá também uma sequência, coisa que foi anunciada há pouco tempo) e o primeiro trailer do longa se tornou quase uma relíquia audio visual, um material perdido no espaço e tempo, afinal, não representa o que é Elio hoje e o que o filme é. 

Talvez, poucas pessoas no mundo saibam como era Elio do passado, e o que mudou para termos o Elio que recebemos hoje, mas, o importante é que depois de anos de espera, o que fica claro é que sim, no espaço todo mundo vai te ouvir gritar: Que fofo! quando você sair da sessão do filme. 

Foto: © 2025 Disney/Pixar. All Rights Reserved

Se Divertidamente 2 colocou a Pixar no rumo orbital certo, Elio é a guinada rumo ao futuro que o estúdio precisava. Depois de explorar a relação mãe e filha no ótimo Red – Crescer É Uma Fera, com Elio, a Pixar amplia essas questões de relacionamentos familiares de uma forma muito maior, como se fosse um foguete rumo ao espaço que não só consegue entregar uma extremamente bonita e emocionante história, como uma que abraça o DNA, a fórmula do estúdio e entrega uma animação primorosa de se assistir.

Elio tem tudo que faz um filme Pixar tradicional, e aqui, faz também um bom filme, filme. Os visuais espetaculares como os raios da manhã no meio da noite estrelada, a trama redondinha feito a Terra, os personagens carismáticos que orbitam na figura do garotinho protagonista Elio, tudo faz com que você entre apaixonado por tudo que é apresentado logo de cara, saia balançado com os questionamentos que a trama oferece, e te dá a certeza que essa história foi contada e mostrada com aquela preocupação que temos do estúdio em mesclar sua narrativa para atingir o público mais jovem e o público mais velho.

Sem dúvidas, Elio é um dos filmes mais legais do ano. Afinal, quando conhecemos Elio, de 11 anos, ele não está vivendo sua melhor fase. Seus pais acabaram de falecer, ele tem que viver com sua Tia Olga que trabalha para o governo, e vê realmente as coisas mudaram para ele. A parte mais interessante de Elio é colocar a figura do jovenzinho com a mente fértil e imaginativa (e, talvez, com um pouco de TDAH) no centro de tudo, mesmo.

Logo no começo, quando descobrimos mais sobre o que aconteceu com Elio, por exemplo, o trio de diretores resolve forcar a câmera no garotinho embaixo da mesa, enquanto os adultos conversam off camera. Dar a oportunidade da audiência se conectar com o protagonista nesses poucos minutos logo no início, é fator primordial para entendermos a jornada que ele vai passar ao longo do filme. Desde da obsessão pelo espaço, pela vida fora da Terra, pela tentativa de contato com os alienígenas, e toda a inocência que o jovem garoto tem e os problemas que enfrenta de amizade e criar novas conexões. 

Até que um dia, no meio de um treinamento no trabalho da Tia, Elio responde uma mensagem que veio do espaço. E alguém responde de volta. Os comos e porquês vou deixar para você descobrir, mas na medida que Elio chega no Comuniverso, um planeta que abriga diversos seres de diversos planetas, Elio ganha mais vida, mais cor, e é como se tivéssemos por ver Dorothy saindo do preto e branco do Kansas e chegando na colorida Oz. Claro, Elio é todo em cores, mas as paletas de cores mudam drasticamente e se antes os visuais eram mais escuros e sóbrios (sem deixarem de serem belíssimos), no Comuniverso tudo é cor, luz e uma bebida que parece ser saborosa demais e que é servida no copão muito bacana. 

© 2025 Disney/Pixar. All Rights Reserved

Narrativamente falando, Elio conta uma boa história sobre amadurecimento e mostra que, às vezes, as coisas não são o que parecem que são quando se tem 11 anos. E bem, todo mundo já teve 11 anos na vida. Ao lidar com questões sobre como lidar com o luto, e ainda sobre solidão, ao mesmo tempo, o texto consegue nos fazer cair de cabeça no meio da confusão que o jovem garoto se mete quando conhece o super computador em forma líquida chamado OOOOO e os embaixadores de outros planetas, as figuras alienígenas de Helix, Tegman e Questa

As coisas mudam quando conhecemos também Lord Grigon, um ET com uma armadura gigantesca ah lá Homem de Ferro que quer dominar o Comuniverso. Assim, quando tudo parecia estar perdido para Elio e os outros Embaixadores que ele acabou de convencer (e mentir!), as coisas mudam novamente e o garoto usa a lábia humana novamente para tentar salvar o planeta e garantir, enfim, uma vaga como o Embaixador da Terra que os outros Embaixadores acham que ele é. 

O que acontece em seguida é que temos a entrada do hilário Glordon na trama, um ETzinho que parece um daqueles bonecos Labubus que são a febre no TikTok e que acaba por faz amizade com Elio e mostra para o garotinho, que, às vezes, não estamos tão sozinhos neste vasto universo. 

Elio desenvolve o relacionamento de Elio e Glordon de uma maneira extremamente divertida e bacana de se assistir. Ouso dizer que os dois são meus 2 personagens favoritos do ano até agora. E, no meio de brincadeiras, confissões e a ameaça de uma guerra intergalática que Star Wars nem sonha em ter, Elio costura sua narrativa de um jeito tão delicado, tão bonito de se assistir e que mostra o poder universal da linguagem do amor, seja ela fraternal, maternal, ou de amigos. 

As coisas (tanto na Terra, quanto no espaço) se encaminham para um conflito quando os personagens precisam lidar com as consequências de suas escolhas. Na medida que Elio reencontra com Tia Olga e a ação sai do espaço, volta para a Terra e depois para o espaço novamente, Elio vai se tornando um filme cada vez mais robusto e que fará o possível para tirar uma lagriminha do espectador, seja ele o mais coração gelado que existe ou os manteigas derretidas fãs da Pixar.

No final, Elio garante que as diferenças desses personagens, e a forma única que cada um é, se torna o maior trunfo tanto para a narrativa quanto para o filme em si. O que temos é uma animação para lá de bonita e um filme incrível de se assistir. É preciso ver para crer, afinal, Elio, talvez, seja a grande surpresa do primeiro semestre de 2025, e o longa mais imperdível do ano até agora. Bjos, tchau, te amo.

Avaliação: 4 de 5.

Elio chega nos cinemas nacionais em 19 de junho.

Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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