segunda-feira, 19 maio, 2025

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Until Dawn | Crítica: Sustos baratos e silêncios constrangedores

Vou dizer que aqui, logo de cara, que meu problema com Until Dawn: Noite de Terror (Until Dawn,2025) não está nada relacionado com os jogos para Playstation, tá? Simplesmente acho que o filme tem que funcionar independente deles e aqui não funciona. Talvez usar o título tenha sido um pega fã igual foi com a última vez que tentaram recriar a franquia MIB, ou os últimos filmes Jumanji, curiosamente todos lançados pela mesma Sony que lança esse e que é dona da Playstation.

E isso por que eu acho que Until Dawn acaba por ser um longa que falha em entregar uma boa experiência nos cinemas. O longa, até apresenta e tem uma premissa muito bacana, está nas mãos de um diretor David F. Sandberg (franquia Annabelle, filmes do Shazam!) que é muito bom também, mas, não consegue entregar nada de mais, ou alguma coisa memorável e impactante.

Ouso até dizer que Until Dawn é o Tarô da Morte do ano. Lembram? Claro que não lembram, o terror passou batido e nem sobrevida no streaming teve. E isso que as palavras “Until Dawn” e “sobrevida” estão correlacionadas e andam de mãos dadas aqui. Explico. A premissa do longa é colocar um grupo de jovens numa casa isolada, onde eles vivem situações que causam suas mortes em looping, ou seja, sempre que morrem eles voltam para determinado momento antes desse “jogo começar” efetivamente e precisam tentar bolar, sem matar uns aos outros, além das mortes que os aguardam, um plano para saírem de lá com vida. 

Elenco de Until Dawn: Noite de Terror. Foto: Sony Pictures. All Rights Reserved.

Until Dawn poderia até compensar pelas mortes, que tem algumas realmente bastante gráficas, chocantes e sanguinárias, e que fizeram o longa ganhar classificação 18 anos no Brasil, mas não. Alguns dos sustos são completamente ruins, entregues como apoios, verdadeiras muletas narrativas e que realmente não ajudam em nada a deixar a atmosfera do filme convidativa o suficiente para entrarmos de cabeça nessa história e realmente sentirmos que estamos vendo um filme de terror mesmo. Fora que Until Dawn entrega algumas passagens com um silêncio tão constrangedor que brinca de tentar criar um suspense que não existe.

E se os sustos não dão muito certo, e nem Sandberg consegue criar um atmosfera convidativo, o único pilar que sobraria era se o elenco entregasse alguma coisa bacana aqui. Talvez, com nomes mais conhecidos e estabelecidos em Hollywood desse certo. E no meio do grupinho de amigos, namorados, e ex-namorados com bagagens, Until Dawn entrega personagens um pouco satisfatórios, e que, claro, não apresentam nenhuma camada de desenvolvimento ou profundidade. Mas todo mundo tá ruim? Ninguém salva?

Quem está bem: Ella Rubin (que esteve em Uma Ideia de Você e está no inédito Rua do Medo: Rainha do Baile que chega em Maio lá na Netflix) como uma jovem com um passado atribulado que está em busca da irmã que desapareceu e parte em viagem com os amigos para refazer os últimos passos da garota e e Odessa A’zion (que esteve em Hellraiser: Renascido do inferno) que interpreta uma jovem que acompanha as amigas e leva o casinho Abe (Belmont Cameli, a cota eye candy do filme) para essa viagem. 

Nem mesmo Michael Cimino, o eterno Love,Victor, que talvez, fosse o nome mais conhecido do elenco, está bem e entrega o ex-namorado da personagem de Rubin que fica naquele, ai terminamos, mas ainda gosto de você. Horrível. O mesmo vale para Ji-young Yoo que interpreta a amiga com poderes especiais/paranormias e que sente uma energia diferente quando eles chegam num casarão no meio de uma tempestade que está curiosamente sendo o único lugar da região com o céu limpo.

E o que esses jovens fazem? Vamos entrar nessa casa escura, isolada e completamente suspeita. Ninguém vê Scooby-Doo, não? Assim, no meio de alfinetadas uns com outros, verdades sendo ditas com tom sarcásticos, discussões que se tornam mais acaloradas na medida que as coisas vão piorando, e planos fracassados em tentar voltar para a estrada, esse grupo de jovens percebe que alguma bastante estranha tá rolando. De verdade.

E o longa vai dar algumas dicas do que realmente acontece no lugar, mas será que a gente queria saber? Seja no livro de visitas que é assinado por todo mundo que passa por lá, e o nome da irmã de Clover (Rubin), Melanie (Maia Mitchell) está escrito nele, na parede super suspeita onde cartazes de Desaparecidos estampam o lugar (e um cameo bacana do diretor do filme) e até mesmo a figura de um homem super suspeito (Peter Stormare) que ronda os cômodos.

Elenco de Until Dawn: Noite de Terror. Foto: Sony Pictures. All Rights Reserved.

Claro, a intenção da dupla de roteiristas, Blair Butler e Gary Dauberman (que trabalhou na franquia Annabelle junto com Sandberg), de fazer cada uma das noites ser uma homenagem para um sub-gênero do terror é também bacana e sinto que Sandberg usa bons efeitos práticos para fazer isso acontecer, seja com explosões corporais, machadadas na cabeça, ou monstros que correm por aí. Mas sinto, também, que falta uma sutileza e até mesmo tempo para desenvolver isso de uma maneira mais robusta e com as mortes doidas que vem de combo com eles. 

Afinal, temos os assassinos mascarados, temos a senhora bruxa que causa arrepios, temos possessões, temos criaturas pálidas e animalescas e tudo mais, mas o roteiro parece querer correr com tudo isso, ou pior, parece que faltou coisa, ou que momentos foram gravados e retirados na ilha de edição. E até mesmo um dos momentos de Until Dawn que poderiam ter uma edição descolada, com uma música chamativa, igual tivemos em Fale Comigo, para contar algumas das passagens do que aconteceu com esses personagens durante as diversas noites que eles passaram lá, não é bem aproveitada. E o artifício do found-footage é preguiçosamente usado aqui. 

E a mitologia da casa, do jogo, do homem suspeito que anda no lugar, do que aconteceu com a cidade que a casa está, e até mesmo a resolução do conflito pessoal que Clover passa acaba num piscar de olhos. No final, Until Dawn é isso, poucas coisas boas no meio de muita coisa ruim. O bom que é curtinho, tem 1h pouco, imagina entrar num cinema de noite e ter que esperar até o amanhecer para sair? Mas é nunca. Sou formado em slashers dos anos 90, nessa eu não caio, disse ele que foi lá assistir esse e só revirou os olhos.

Avaliação: 2 de 5.

Until Dawn: Noite de Terror chega em 24 de abril nos cinemas.

Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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