O novo filme de Tom Ford tem em suas primeiras cenas de abertura a definição do que o filme Animais Noturnos é num todo: um filme feito para chocar. Com um visual muito bem trabalhado tanto nos cenários, quanto no figuro, o filme faz um paralelo com a realidade e o manuscrito de um livro que a personagem Susan (vivida pela fantástica Amy Adams) recebe do seu primeiro marido, Edward (Jake Gyllenhaal).

Em Animais Noturnos, Susan trabalha numa galeria de arte de Los Angeles e é casada com o charmoso investidor Hutton (Armie Hammer). O que parecia ser uma vida perfeita é um casamento de fachada, em que ela é ignorada completamente pelo marido e eles que estão quase falidos, precisando manter as aparências para os amigos. Até que ela recebe o manuscrito de Nocturnal Animals a primeira obra do ex-marido que ela não fala tem mais de 20 anos. Ao começar a ler ela percebe os paralelos entre a sua relação conturbada com o ex e as situações que o livro conta.
Na história do livro, que é mostrada em forma de um filme, Tony (também interpretado pelo ator Jake Gyllenhaal) e sua família vão para uma viagem de carro em que acabam encontrando uma gangue liderados pelo personagem do ator Aaron Taylor-Johnson numa ótima atuação. Na trama a história sufocante e tensa, claro que não termina bem para a família. Assim acompanhamos o desenvolvimento da investigação policial, liderados pelo Xerife local (Michael Shannon) em paralelo com a linha do tempo atual, onde Susan reflete sua relação com o ex e suas escolhas na vida, somados com a história, via flashbacks, de como ela e Edwards se conheceram e se separaram.

O clima cheio de tensão e desconforto do filme tem algumas cenas feitas para claramente chocar devido a grande realidade em que são apresentadas. As cenas são feitas numa edição fantástica, onde podemos ver bem como os paralelos das cenas se completam, como por exemplo a cena da banheira, onde os personagens de Jake Gyllenhaal e Amy Adams refletem sobre os acontecimentos, mas cada um em um local, ele num motel de beira de estrada no Texas e ela num furô minimalista dentro de uma mansão em LA. Com o envio do manuscrito ele quer que ela entenda o quanto o fez sofrer e ela claramente percebe e começa questionar tudo sobre ela mesma. O filme tem um trabalho que nos faz acabar que torcendo pela personagem que é claramente vazia em termos de caráter e que realmente não se importa com as pessoas ao seu redor.
Animais Noturnos é um bom filme, mas o roteiro em si é um pouco confuso, com as cenas indo e vindo numa velocidade impressionante, faltando um pouco de didatismo em termos de que o que cada parte quer contar para o público, mas os planos visuais fazem ele ser um filme confuso, só que bom devido, claro, as excelentes atuações tantos dos seus protagonistas, quanto dos seus coadjuvantes.
Animais Noturnos já está em cartaz nos cinemas e concorre no Globo de Ouro nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Roteiro para Tom Ford, além de Melhor Ator coadjuvante para Aaron Taylor-Johnson.
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