[Artigo] Como o coronavírus impactou financeiramente as empresas de entretenimento

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O coronavírus trouxe impactos gigantescos para o mundo, principalmente para a nossa saúde, nossas relações sociais, e também para a indústria de um modo geral. E além de assolar o mundo, a doença também afeta, e afetou, e muito, o mercado que o ArrobaNerd cobre o: do entretenimento.

Assim, aqui iremos mostrar como o coronavírus impactou financeiramente as principais empresas do ramo com dados financeiros liberados nos últimos dias.

COMO FUNCIONA?

Para quem não sabe as empresas dividem o ano em trimestres dentro do chamado ano fiscal, do inglês quarter, que nada mais são do que 4 períodos de 3 meses ao longo do ano para facilitar a divulgação dos resultados financeiros. No Brasil, o ano fiscal segue o calendário normal (que vai de Janeiro até Dezembro), mas nos EUA o calendário é um pouco diferente.

Claro cada caso é um caso, a Walt Disney Company tem o ano fiscal dela de Setembro a Setembro, a Warner Media é de Dezembro à Dezembro, e por ai vai.

Mas para a maioria das empresas o ano fiscal se divide assim Janeiro, Fevereiro, Março é Quarter 1 (Q1), seguido de Abril, Maio, Junho (Q2), Julho, Agosto e Setembro (Q3) e Outubro, Novembro e Dezembro (Q4). 

Para a gente o que importa é o período de agora, o Q2, que foram os meses que o coronavírus mais impactou as empresas de entretenimento que começaram a divulgar seus balanços em reuniões com os investidores.

Confira abaixo algumas delas.

Netflix | Brand Assets

A primeira foi a Netflix que anunciou na semana passada seus dados publicamente. E realmente parece que foi a única que não teve muitas preocupações, afinal, com as pessoas dentro de casa (em quarentena!) a vimos um consumo de serviços de streaming aumentar.

A Netflix reportou um aumento de 10 milhões de novas contas, e chegou na casa de mais de 190 milhões de usuários globalmente. O esperado para a empresa, no período, seria uma média 7 milhões de contas. Mas mesmo com o aumento, a empresa não bateu o número de 15 milhões de novas contas vistos no final do Q1, lá no começo da pandemia em Março.

Em comunicado para o THR, a Netflix afirmou “esperamos que nossos números de visualizações diminua e o crescimento de membros desacelere à medida que o confinamento das pessoas em casa termine, o que esperamos que seja em breve. ”

E na primeira metade 2020, a Netflix, teve mais de 26 milhões novos membros que pagaram mensalmente o serviço. A receita no período foi de 6,15 bilhões de dólares, onde os analistas de Wall Street previam um número perto de 6 milhões.

A Netflix teve um aumento de seu receita em 25% em relação ao período anterior. O lucro líquido saltou de US$ 271 milhões para US $ 720 milhões.  (via Deadline). 

Durante os meses de Abril e Junho, a Netflix teve um aumento na oferta de produções, tivemos a estreia de minisséries como a de Octavia Spencer, Self Made – A Vida e a História de Madam C.J. Walker (leia nossa crítica no link), as comédias Disque Amiga para Matar (leia nossa crítica aqui), Space Force (leia nossa crítica aqui), e os dramas 13 Reasons Why (temporada final) e ainda Hollywood do produtor Ryan Murphy (nossa crítica aqui). Fora os filmes como Resgate (leia nossa crítica aqui), o filme mais visto na Netflix com 99 milhões de contas, e ainda o novo do Spike Lee, o Destacamento Blood (leia nossa crítica aqui), visto por 27 milhões de contas.

A Netflix, no período, ainda viu a competição aumentar com a chegada da Disney+ em novos países, o pré-lançamento da Peacock, da NBC/Universal e Comcast, lá nos EUA em Abril, e ainda em Maio, o lançamento do HBO Max, da Warner Media que também liberou suas informações fiscais agora no final de julho. 

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E mesmo com o lançamento da HBOMax, a Warner Media, do grupo AT&T, não teve um bom período fiscal, no Q2 a receita da empresa caiu 22,9%, em relação, ao ano anterior com uma receita de 6.8 bilhões de dólares.

Na parte de cinema, a Warner Bros. teve apenas uma receita US$3.3 bilhões e caiu 3,9%. A justificativa, via Variety, foi essa “dado a falta de lançamentos nos cinemas, e a queda na área de jogos, e outras receitas”.

Para o período de Abril e Junho, a Warner Bros tinha programado os lançamentos de Scooby o Filme, a animação foi lançada em Maio para compra e aluguel, e claro, um dos maiores sucessos que a Warner esperava financeiramente, Mulher-Maravilha 1984 que chegaria em Junho que tinha uma grande campanha programada para os meses anteriores.

A empresa considerou o lançamento da HBO Max nos EUA um sucesso, mesmo o streaming não tendo um programa de expressão na época do lançamento. A Warner Media contava com o episódio de reunião de Friends para isso, mas que não pode ser gravado por conta do coronavírus. Assim, a HBO Max foi lançada com pouco conteúdo original, com os destaques para o reality show Legendary, e a série Love Life com a atriz Anna Kendrick, onde ambas garantiram novas temporadas. Assim, a HBO Max se apoiou em outros conteúdos do catálogo para chamar a atenção do público americano.

Mas a empresa diz que os números de assinantes da HBO aumentaram por conta do HBO Max que absorveu alguns pacotes da empresa, e reportou mais de 1,7 milhões de novas contas, um aumento de 5% em relação à 2019.

Lá nos EUA, a HBO Max tem já 36 milhões de usuários. O lançamento da plataforma em outros países está previsto para 2021, com a América Latina sendo uma das primeiras regiões.  As receitas da AT&T como uma empresa toda foram de 41 bilhões de dólares, uma queda dos 45 bilhões vistos em 2019. 

A gigante Comcast, dona da NBCUniversal e da Universal Pictures, liberou seus dados financeiros e viu suas receitas cairem em 12% e ficarem na casa dos 23 bilhões.

Na parte de entretenimento, a receita da NBCUniversal caiu 25% no Q2 ficando com números perto dos 6 bilhões de dólares. A operação da Universal Pictures caiu 18% para mais de 1 bilhão de dólares com os cinemas fechados e o estúdio optando por lançar seus filmes programados no período em plataformas digitais lá nos EUA como Trolls World Tour (chega no Brasil nos cinemas em Outubro) e The King Of Staten Island (chegaria em setembro aqui mas não consta mais no calendário nacional da empresa). (via Deadline).

Os outros filmes programados no período com 007 – Sem Tempo Para Morrer (lançados nos EUA pela MGM mas internacionalmente pela companhia), e o novo Velozes e Furiosos, apostas certas de muito dinheiro, foram adiados. O primeiro para Novembro e o segundo para 2021.

A empresa também liberou os dados do Peacock, sua rede de streaming, que foi lançada em prévia lá nos EUA em Abril e depois nacionalmente em Julho. A Comcast anunciou a marca de 10 milhões de usuários, mas alguns deles não devem ser considerados, dentro do período do Q2, afinal, como a afirma a publicação foram oferecidos de forma gratuita para os usuários de certas plataformas.

Foto: Sony Pictures Brasil

A Sony Pictures Entertainment liberou hoje (4) que durante o período do Q2, que terminou em junho de 2020, teve um lucro de US$230 milhões. Nos cinemas, o estúdio reportou vendas de apenas 6 milhões de dólares contra 164 milhões no mesmo período no ano passado. Maiores detalhes não foram divulgados, conforme afirma o Deadline.

O filme Bad Boys Para Sempre continua a melhor bilheteria americana, e no mundo todo, com US$419 milhões de dólares (WW, via BoxOfficeMojo). O estúdio aproveitou o lançamento de Adoráveis Mulheres no Japão que arrecadou bastante dinheiro (cerca de 100 milhões de dólares). No período, o estúdio lançaria Greyhound – Na Mira do Inimigo que foi vendido para a AppleTV+, e no Brasil, A Ilha da Fantasia.

Para o final do ano, o estúdio conta ainda com a animação SuperConectados e Escape Room 2. Todos os outros filmes foram adiados para 2021. Já na parte de Home Entertainment as vendas subiram de 200 milhões para US$319 milhões entre os dois períodos.

Na parte de estúdios, a Disney reportou que as receitas do trimestre citado caíram 55%, para US $ 1,7 bilhão e a renda caiu 16% para US$ 668 milhões.

Na parte de streaming da empresa, que já irá completar 1 ano de Disney+ em breve, a Disney afirma que o ESPN+ dobrou a quantidade de assinantes para 8 milhões. Já a Disney+, em 8 meses, chegou em 57 milhões de assinantes no período. Em reunião dos investidores, o CEO da empresa anunciou que a plataforma já passa de 60 milhões. O Hulu teve um aumento de 25% tendo 35 milhões de assinantes.

O maior prejuízo na Disney ficou com a área de Parques, que dá mais dinheiro para a empresa, e que também foi a que mais sentiu o impacto do coronavírus no período. Foram US$3,5 bilhões de dólares segundo o THR. O report diz que as receitas de parques, experiências e produtos no trimestre caíram 85%, para US$ 1,0 bilhão.

[Atualização dia 4 de agosto às 18h58]

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