O burburinho em volta de Uma Mente Excepcional era grande lá em 2023 quando o canal americano ABC aprovou o piloto na época dos chamados UpFronts daquele ano. Depois tivemos a troca de showrunners, a greve dos roteiristas e atores em Hollywood, a programação do canal mudou e a atração só chegou na temporada 2024-2025.
Mas, pelo visto, a espera valeu a pena já que a atração se tornou (se olharmos a exibição na TV aberta + a exibição no streaming pelo Hulu) uma das mais assistidas do canal em anos. Uma Mente Excepcional mostra que o canal ABC é o único que ainda mantém uma certa relevância e que consegue bater de frente com os outros streamings. Vide Abbott Elementary também do canal que há se firma como uma das poucas atrações de TV aberta, que é queridinha do público e vive sendo indicada, ano após ano, nas principais premiações.
Mas o que faz Uma Mente Excepcional ser todo esse sucesso? É por que ela é boa! Com três episódios já disponíveis no Disney+, fica claro que a combinação de ser uma série procedural, com um elenco extremamente bem entrosado, e uma premissa curiosa, fazem do seriado uma produção, sim, excepcional, no meio do mar de conteúdo que temos disponíveis por aí.
Uma Mente Excepcional é como se estivemos assistindo uma série de Legalmente Loira, só que em vez de Elle Woods ser a personagem principal temos Morgan (Kaitlin Olson, de Hacks, It’s Always Sunny in Philadelphia excelente) uma faxineira que trabalha na polícia de Los Angeles e que descobrimos ter uma inteligência acima da média. Como a personagem bem explica, logo no primeiro episódio, isso acaba por ter um lado bom e um ruim, onde Uma Mente Excepcional consegue explorar a dualidade dessa habilidade na vida da protagonista aos poucos enquanto vemos as tramas de investigação acontecerem.
Afinal, é logo no primeiro capítulo, que a super inteligente e observadora Morgan arruma um dos quadros de evidências, em uma noite enquanto realiza a faxina nos escritórios da polícia. A condição de Morgan dá para ela essa vontade, quase uma obsessão em querer arrumar tudo, arrumar um problema, e claro, com uma criatividade gigante. O que a não faz parar em quase nenhum emprego.
Fica claro que Uma Mente Excepcional é quase como se estivéssemos vendo uma mistura Dr. Shaun Murphy O Bom Doutor com Elle Woods. Assim, a trama, e o episódio piloto serve para realmente introduzir o dia-a-dia no escritório da polícia e apresentar os personagens desse procedural que é bastante viciante, afinal, Olson entrega um carisma absurdo, com uma dose de irritação em uma personagem sabe-tudo, mas que funciona e muito para a atração.
É a personalidade contrastante dela com o mais sério, caladão e certinho detetive Karadec (Daniel Sunjata) que dá o tom para o seriado, já que eles não poderiam ser os mais opostos e são colocados para trabalharem juntos quando a chefe da polícia, a Capitã Selena (Judy Reyes) dá para Morgan uma chance de trabalhar no local como consultora, depois de ajudar o time a avançar numa investigação criminal. Assim, Uma Mente Excepcional coloca a personagem no meio da ação e do caos, onde ela chega para fazer a diferença enquanto anda pelos corredores da delegacia com casacos chamativos e com observações na lata.
Ao assistir os episódios iniciais de Uma Mente Excepcional fica claro por que a atração tem feito bastante sucesso nos EUA, já que segue a fórmula de uma série procedural de TV aberta americana à risca. E talvez, seja por isso que a faz ter sido um sucesso na exibição semanal ao longo da competitiva Fall Season americana, e por que também se deu bem com modelo de streaming.
Já que ao acabar um episódio você já quer dar play no próximo, afinal, os casos são extremamente interessantes, as reviravoltas também, e a parte de como eles chegam nas conclusões das investigação idem. Claro, por mais que o seriado se apoie em algumas extravagâncias para fazer as tramas derem certo, é na relação profissional entre Morgan e Karadec que Uma Mente Excepcional consegue se destacar. E não só com a dupla, mas também com os diversos outros personagens mais coadjuvantes que a história usa de forma bastante acertada. Seja os detetives mais juniores como Lev “Oz” Ozdil (Deniz Akdeniz) e Daphne (Javicia Leslie, a ex-Batwoman que curiosamente aqui é a mulher na cadeira ah lá Barbara Gordon, a Oráculo foi nos quadrinhos da DC), quanto os filhos de Morgan interpretados pelos atores Matthew Lamb e Amirah J, e também o ex-marido ( Taran Killam) de Morgan que está ali para ser o babá das crianças enquanto ela assume essa nova função.
Uma Mente Excepcional sempre começa então com um caso do dia que parece não só ser um dos mais doidos que existem ou um que é basicamente impossível de se resolver, mas que ao longo dos 40 minutos ali de duração dos episódios e por conta das mentes afiadas e perspicazes dos personagens, acabam por se tornarem divertidos mistérios para serem solucionados.
Diferentemente de outras opções no streaming, é uma atração que te faz ficar colado na tela, não dá para mexer no celular, ou lavar uma louça, vendo, já que as coisas acontecem muito rápido, e as pistas são dadas ao longo da trama para, nós os espectadores resolvermos o caso junto com os personagens. E fora que o texto da atração é bastante inspirado e engraçado de ser ver. E ainda temos um mistério maior (sobre o desaparecimento de um outro ex de Morgan e o pai de sua filha) que é apresentado a conta gotas e que nos motiva a querer saber o que aconteceu com ele. Clássico de uma série procedural.
No final, Uma Mente Excepcional já faz uma das surpresas de 2025 no streaming e ainda bem que já foi renovada para uma segunda temporada. Minha dose semanal de Morgan e companhia é que me fez aguentar o janeiro infinito que vivemos. É meio guilty pleasure? Sim. É meio bobinha? Também é uma aposta certa de diversão, e isso já tá bom.
Uma Mente Excepcional está disponível no streaming no Disney+ .
