The Umbrella Academy | Crítica 3ª Temporada: (Não) Salvar o mundo nunca foi tão desinteressante

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Assim, logo de cara já digo: E a terceira temporada de The Umbrella Academy que prometia tudo e entregou nada? Pois é. Depois de duas temporadas bem boas, gostosinhas de se assistir, que lidavam com diversas questões existenciais e o relacionamento entre esses irmãos disfuncionais, a série parece que chegou sem muita força para seu terceiro ano.

Talvez seja a repetição do tema, ou a tentativa cansativa de tentar contar a mesma história pela terceira vez, mas sinto que The Umbrella Academy chegou num caminho que não tinha mais para onde ir. E realmente entregou um resquício criativo do que já foi. 

A nova temporada é bem irregular, deixa seus melhores momentos para o final, e também deixa o mistério central, e seus vilões (se é que temos um único nesse terceiro ano) para os últimos momentos. E para chegar lá é um marasmo sem fim. 

Em seu começo, novo ano de The Umbrella Academy gasta tempos preciosos com uma enrolação sem tamanho para nos apresentar para a Sparrow Academy (a versão de Umbrella Academy de outra realidade e com novos personagens) e fazer os personagens que já conhecemos interagir com eles.

Emmy Raver-Lampman, Elliot Page, David Castañeda, Aidan Gallagher, Robert Sheehan em cena de The Umbrella Academy.
Foto: Christos Kalohoridis/Netflix © 2022

O conceito que em outra realidade o Sr. Hargreeves (Colm Feore) adotou outras crianças que não foram as crianças que conhecemos é interessante, mas aqui os roteiristas não conseguem trabalhar bem essa ideia de um Ben do mal, uma irmã que solta corvos do corpo, um cubo falante…. talvez pelo fato que os Sparrow acabem por serem bem mais desinteressantes que os Umbrella?

E falando nos Umbrella… nova linha tempo, novas personalidades? Os personagens de The Umbrella Academy apenas sofrem com um lapso de troca de personalidades e quem era legal ficou um porre, e quem já era mais complicado de acompanhar ficou pior? Acho que se olharmos a temporada de uma maneira geral, os únicos arcos realmente bacanas que o terceiro ano introduziu foram de Viktor (Elliot Page) e o Sr. Hargreeves. A transição do ator impactou a história de Vanya agora como Viktor e na série feita foi feita de uma forma rápida e precisa, e parece que foi a única bem feita.

O resto completamente feito nas coxas para esses personagens terem alguma função e tempo de tela.  A Alison de Emmy Raver-Lampman (uma das melhores coisas dos outros anos) ficou completamente caricata numa busca pela filha que poderia até ser um arco interessante para a atriz trabalhar mas que ficou completamente jogado em diversos episódios na medida que a personagem vai para um caminho mais “rebelde”. Já Klaus (Robert Sheehan) continua com o mesmo tom de sempre, de viver seu próprio spin-off dentro da própria série. E aqui no novo ano, o personagem até ganha um arco que poderia ser interessante ao mostrar sua tentativa de aprimorar seus poderes (que até geram passagens interessantes lá nos episódios centrais), mas que no final soam mais do mesmo, e sempre bem desconexo de tudo que acontece de maneira geral.

Diego (finalmente perdeu aquela peruca horrível) e David Castañeda continuem bem, e o personagem retorna com o mesmo ar de ranzinza que se torna amável por conta de Lila (Ritu Arya), a melhor personagem que a série conseguiu introduzir, onde os dois estão envolvidos com todo o arco de paternidade de Stan (Javon ‘Wanna’ Walton) e tudo mais. É um arco narrativo também um pouco avulso, mas que realmente serviu para aprofundar mais dos personagens, mesmo que no meio do caos do fim do mundo.

E claro, Número 5 que parece ter uma grande carta branca dos roteiristas e que é usado como coringa para poder causar sem muitas consequências, bolar os mais mirabolantes planos e continuar a ser paranóico. O personagem definitivamente nessa temporada fica claro que só funciona por conta do carisma gigante de Aidan Gallagher em tela. Um dos melhores do grupo.  

Luther (Tom Hopper) novamente é posto com um apêndice na atração e só serve no terceiro ano para orbitar ao lado de algum personagem, e aqui ganha um interesse amoroso, a Sparrow Sloane (Genesis Rodriguez), onde os dois ganham mais destaque no final da temporada com um evento que está para acontecer. Mas realmente Luther tem uma única cena que serve para nos explicar o que está por acontecer nesse novo ano lá para o último episódio e que o espectador tem que sacar o que é porque a série realmente nunca deixa explícita essa questão.

Aidan Gallagher e Colm Feore em cena de The Umbrella Academy.
Foto: Christos Kalohoridis/Netflix © 2022

Assim, em vez de querer salvar o mundo, esse time de super-heróis desajustados resolvem que o plano agora é não salvar o mundo. Mas isso leva longos e cansativos 4 episódios para isso acontecer. Nesse meio tempo (afinal são 4 horas das 10 que o terceiro ano entrega) tudo é feito meio nas coxas, as interações com a outra linha do tempo, e você não é o Ben (Justin H. Min) que a gente conhecia, ou você não é o pai que eu cresci e me frustrei e tudo mais. A temporada só engrena realmente lá para seu episódio 7 e 8.

E mesmo no combo final, onde os mistérios do círculo de fogo comedor de Universos que é a grande ameaça do tempo começam a revelar quando a passagem misteriosa do quarto do boi branco é aberta e o Sr. Hargreeves começa a contar para seus filhos o que é seu plano, mas a gente sabe, e o Número 5 sabe que o pai nunca foi 100% confiável.

Por causa de nova linha tempo, sinto que o roteiristas perderam a mão em tentar brincar com o que é diferente e o que é igual nesse novo Universo e focaram muito mais em tentar fazer com que os personagens interagem do que efetivamente focar no que a série dar certo (e que é entregue somente no combo final) os conflitos entre esses irmãos e como eles precisam superar seus traumas e problemas pessoais para juntos salvarem o mundo.

No final da temporada, e vendo a simplicidade que tudo se desenrola e as motivações que nos levaram para o final do terceiro, fica claro que os roteiristas precisam esticar a história para caber nos 10 episódios. Apenas 6 fariam maravilhas para o novo ano.

The Umbrella Academy sofre para manter aquele frescor, tanto de atuações, quanto de qualidade textual que fez a série dar muito certo no seu começo. Seja as dificuldades de se gravar em pandemia, ou até mesmo um problema de norte, a temporada até entrega em pequenas doses essas questões, mas elas ficam escondidas no meio de diversas horas de passagens ruins e que a gente sabe que não vão dar em nada. A única viagem no tempo que eu queria, era uma que eu não tivesse dado play no terceiro ano.

A atração tem uma cena pós-crédito.


As três temporadas de The Umbrella Academy estão disponíveis na Netflix.

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