The AfterParty – 2ª temporada | Crítica: Novo ano, novos personagens, novo mistério

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The AfterParty foi uma das minhas séries de comédia queridinha do ano passado e uma das mais divertidas dessa nova safra. Envolvia o gênero de “Quem matou?” que estava super em alta na época que a primeira temporada saiu, tinha um elenco de comediantes sensacional, e ainda contava a história nos chamados mind-movies.

Não era um conceito totalmente inédito, mas os roteiristas Chris Miller e Anthony King souberam aproveitar a ideia para o seriado, na medida em que toda vez que a Detetive Danner, interpretada pela hilária Tiffany Haddish, interrogava alguém, tínhamos a história contada por esses personagens de uma forma única, através de um gênero cinematográfico diferente.

E por isso, em The AfterParty, tínhamos uma visão parcial dos fatos contada pelos personagens, uma diferente da outra, ou seja, a cada episódio a história era contada de uma forma diferente para fazer o espectador reunir as pistas junto com a detetive na busca do assassino.

Tiffany Haddish e Elizabeth Perkins em cena da 2ª de temporada de The AfterParty.
Foto: Courtesy Of Apple.

O final do primeiro ano foi redondinho, finalizou o caso bem finalizadinho, e mesmo que tenha deixado uma abertura para um novo ano, narrativamente, a série parecia que realmente ia acabar ali. Mas anúncio da segunda temporada veio aí, e não só a Detetive Danner retornaria para um novo caso, afinal, ela é uma policial e existem diversos casos por aí para serem investigados né?, mas também alguns personagens do primeiro ano também voltariam. 

E o que fazer quando temos uma nova temporada, ou uma sequência? Tentar fazer melhor e maior, certo?. E é isso que o segundo ano de The AfterParty faz. Os novos episódios aumentam tudo que vimos no primeiro ano, e ainda, meio que ao mesmo tempo, nos entregam uma coisa relativamente nova de se assistir. 

E é bem assim que vemos Aniq (Sam Richardson) falar em Aniq 2: The Sequel, o episódio de retorno do segundo ano, que temos o gênero da comédia romântica de volta, que isso aqui é uma sequência, mas também não é uma sequência. E isso resume bem o segundo ano. Vamos explicar para os xoroques holmes de plantão.

No novo ano de The AfterParty temos o personagem de volta, ao lado de Zoe (Zoe Chao), na medida que agora os dois são um casal, e viajam para o interior para o casamento da irmã da personagem, a jovem Grace (Poppy Liu) com o bilionário do ramo da tecnologia Edgar (Zach Woods). 

E com todo mundo reunido na mansão da família do noivo para o tradicional casamento, no melhor estilo americano, aqueles com jantares de ensaio, cerimônia ao ar livre, e depois uma grande festa em uma tenda, somos apresentados para personagens que estão todos ali juntos para fazer acontecer a trama girar. E é novamente no pós-festa, que, como vocês podem suspeitar, temos um novo caso de assassinato.

O mais interessante do novo ano de The AfterParty é que por mais que vemos a repetição da fórmula, onde cada convidado conta o que aconteceu com a sua visão, e com um tipo de gênero diferente, o novo ano parece não fazer isso o principal foco dos episódios.

É na relação entre esses personagens, e nas dinâmicas entre eles, e consequentemente nos segredos que eles escondem um dos outros, é o que deixa a atração se destacar e se desvencilhar do primeiro ano. 

Claro, é maravilhoso vermos a história sendo contada como um drama de Jane Austen/Bridgerton (no episódio 2), ou como um filme noir de detetive no seguinte, ou ainda como um alegre, colorido e milimetricamente certinho episódio no estilo de Wes Anderson no próximo. 

Mas a série já tinha feito isso de forma muito acertada. Então era preciso dar uma mudadinha nas coisas, mas de uma forma que não fosse fizesse a série perder sua essência.

Assim, para a nova temporada, a forma como esses personagens se apresentam aqui é muito mais interessante do que vimos no primeiro ano. Se antes tínhamos pessoas que não tinham uma conexão maior entre si, e que eram apenas colegas de classe, agora, no segundo ano, quando vemos que o assassinato acontece logo depois da pós-festa de casamento, e temos todos os personagens como suspeitos, fica claro que a intenção dos roteiristas é nos fazer entrar de cabeça nesse amaranhado de perguntas, de conflitos familiares, e de mistério. 

E isso, também deixa o foco de tentarmos descobrir quem matou o noivo, por mais que seja importante para a trama e o que realmente movimenta o seriado, um pouco de lado. Afinal, uma das grandes graças do novo ano é a forma interessante de vermos como as famílias dos noivos se comportam ao longo da noite, e depois, no dia seguinte, com o morto na cama, e todos os convidados como suspeitos.

Anna Konkle, Elizabeth Perkins, Zach Woods, Poppy Liu, John Cho, Vivian Wu, Ken Jeong e Zoë Chao em cena da 2ª de temporada de The AfterParty.
Foto: Courtesy Of Apple.

Dos pais da noiva, Feng (Ken Jeong, ótimo) e Vivian (Vivian Wu), passando pelo tio descolado, mas afastado, Ulysses (John Cho), ao ex namorado que não deveria ter aceitado o convite cortesia, o excêntrico Trevis (Paul Walter Hauser, o destaque do segundo ano), passando pelo lado do noivo, com o melhor amigo, e parceiro de negócios, o britânico sedutor Sebastian (Jack Whitehall), até a mãe do noivo, a socialite com problemas de bebida e remédio Isabel (Elizabeth Perkins) e a irmã do noivo, a esquisita Hannah (Anna Konkle). 

Assim, todos eles tem sua história contada ao longo dos 10 episódios que compõe o segundo ano, e a história pula de suspeito em suspeito na medida que não só Danner e Aniq conduzem a investigação, mas Zoe, também começa a investigar paralelamente a história por conta da sua conexão com a noiva. A atração continua cheia de “procure as pistas”, e “desvende o caso você mesmo espectador” que marcou o primeiro ano, mas reviravoltas do segundo ano, deixam a série com o formato ideal de lançamento semanal, para aguçar a nossa curiosidade, na medida que os episódios temáticos chegam e ajudam nesse quebra-cabeça. 

Haddish e Richardson continuam excelentes, mas o segundo ano tem a presença matadora de Paul Walter Hauser e Jack Whitehall, que não só fazem os melhores episódios do segundo ano, um de detetive de filmes antigos e em preto e branco (o 3º), e outro um filme de assalto, o 5º, no melhor estilo 11 Homens e Um Segredo, mas também fazem seus personagens se destacam no meio do elenco e também completam a ideia mais cômica e sem noção que The AfterParty sempre abraçou.

No final, entre um pedaço de bolo, um pouco de sorvete, lagartos e combinações de códigos de cofres, The AfterParty se mostra que realmente conseguiu fazer alguma coisa ainda melhor do que o primeiro ano, em mais um acerto sem tamanho da dupla Chris Miller e Phil Lord no ano.

E não, não temos um episódio animado nesse segundo ano.

The AfterParty exibe dois primeiros episódios em 12 de julho e depois um novo episódio toda quarta-feira no AppleTV+.

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