Não Se Preocupe, Querida | Crítica: Atuação de Florence Pugh segura bom mistério em longa de Olivia Wilde

Não se preocupem que o filme é bom!

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Não se preocupem que vou manter a quantidade de trocadilhos com o título do filme a mais baixa possível. Eu prometo, queridos leitores. Mas então… Não Se Preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, 2022) não é que entrega um bom filme? Cercado de polêmicas de bastidores, seja na produção ou depois na divulgação, o filme se sobressai de tudo que rolou, e sim, entrega uma história interessante e bem bacana de se assistir.

E isso realmente se dá pelo fato que Florence Pugh comanda a tela de uma forma incrível de acompanhar. Pugh é o filme, sem ela, possivelmente, Não Se Preocupe, Querida não acabaria por ser tão bom, como é. A sutileza e a profundidade narrativa que Pugh entrega para Alice, uma dona de casa do subúrbio que começa a perceber que sua vida aparentemente perfeita não é tão perfeita assim, é de impressionar.

A sutileza e a profundidade narrativa que Pugh entrega para Alice Chambers, uma dona de casa do subúrbio que começa a perceber que sua vida aparentemente perfeita não é tão perfeita assim, é de impressionar. As expressões corporais, o nível de confiança que Alice ganha ao longo do filme e que muda a forma como encaramos a personagem, e a presença terrivelmente magnética que Pugh emana em tela apenas comprovam o quão talentosa a atriz é.

Harry Styles e Florence Pugh em cena de Não Se Preocupe, Querida
Foto: Warner Bros. Pictures. All Rights Reserved

Uma pena Não Se Preocupe, Querida ter perdido força logo no seu começo na temporada de premiações, por que o longa deveria (e é de certa forma) um impulsionador da carreira de Pugh, que aqui se firma como uma das mais talentosas e promissoras atrizes que surgiram em Hollywood nos últimos tempos.

E a diretora Olivia Wilde sabe bem disso e usa Pugh em basicamente todas as cenas de Não Se Preocupe, Querida. Desde de momentos que ela compartilha com o restante do elenco, ou sozinha, quando vê um avião cair num deserto, por exemplo, Pugh está bem.

E aliado com figurinos de época impecáveis, uma ambientação cinquentista super imersiva e uma história curiosa e provocativa de se acompanhar, por conta do ar de mistério em que a trama se desenvolve, Wilde realmente consegue entregar um bom filme. Poderia ser um ótimo filme? Sim. Mas é um extremo acerto para uma diretora de segunda viagem depois do ótimo Booksmart – Fora de Série (2019).

Algumas das decisões criativas que Wilde usa em Não Se Preocupe, Querida são completamente bem vindas para a ajudar o espectador a entrar de cabeça no bairro idílico e perfeito que se apresenta no drama e que esses personagens vivem. Todos os moradores estão lá para trabalhar no Projeto Vitória, um experimento ultra secreto que apenas os maridos, os homens, trabalham. As mulheres? Ficam em casa, cuidam da casa, dos filhos, e às vezes vão às compras na cidade, e claro também, cuidam de festas e encontros na vizinhança. 

Quando elas perguntam para os maridos a respeito, a resposta é a mais padrão possível. E assim, no meio de festas, encontros regados a bebidas e noites cheias de amores, a história começa e as questões sobre tudo que tem rolado só cresce. Chegou a vez de Jack (Harry Styles), o marido de Alice, galgar sua promoção com o chefão e líder do Projeto Vitória, Frank (Chris Pine, ótimo também e perfeito no papel) sobre seja lá o que eles fazem quando eles entram em seus carros e partem para o trabalho.

E logo nesse começo do filme, Wilde cria um sentimento de uma bela paranoia enorme, e mostra que alguma coisa está bem errada no lugar. Claro, a atmosfera é super convidativa para entrarmos nessa piração, seja pelas atuações, pelo o visual e a estética do filme e tudo mais. É na forma como as coisas são apresentadas em Não Se Preocupe, Querida que deixam 100% a gente topar essa ideia. 

E é aí que tá, Não Se Preocupe, Querida é um desses filmes que você precisa topar a ideia, embarcar na pirada história, e claro, em suas reviravoltas para curtir o que o filme em si se apresenta. Não Se Preocupe, Querida flerta com diversas opções para onde a história pode se encaminhar e que acontece com esses personagens. 

Olivia Wilde, Nick Kroll e Chris Pine em cena de Não Se Preocupe, Querida.
Foto: Warner Bros. Pictures. All Rights Reserved

Alice só pega um fio de novelo que é deixado no canto por Margaret (KiKi Layne), uma das vizinhas que claramente não está bem mentalmente, e começa, primeiramente a desconfiar de tudo que acontece no Projeto Vitória. Não Se Preocupe, Querida coloca essas mulheres como objetos decorativos para esses homens, onde elas são silenciadas e tratadas como doentes. A mensagem empoderadora que Wilde quer passar com o filme é entregue sem muito alarde e ao longo da trama e realmente deixa o roteiro (do trio Carey Van Dyke, Shane Van Dyke e Katie Silberman) trabalhar um pouco os personagens e suas motivações, antes de caminharmos para os caóticos momentos finais.

Pugh e Styles fazem uma combinação interessante, mas claramente ela entrega 200% bem mais que ele. Styles está bem, de fato, tem momentos bacanas com Pine no longa, mas diferente de Pugh que é indispensável para o longa dar certo, não tem o mesmo brilho. E com os dois como protagonistas, Wilde consegue acertar também com o resto do time. A diretora conseguiu reunir bons atores para elevarem esses personagens e suas histórias. Pine como o líder do grupo, um tipo de líder de culto, realmente dita o tom paranoico do longa, o mesmo vale para a robótica Gemma Chan como Shelley, a esposa do mesmo.

O restante dos atores escolhidos por Wilde, que também está bem boa em um papel menor, fazem de c ser bem melhor do que ser apenas um episódio mediano da série The Twilight Zone, uma cópia de Mulheres Perfeitas (1975 e depois em 2004) como tem sido chamado, e sim se sobressair e deixar de lado tudo de polêmico em sua volta, e entregar um longa caprichado tanto por suas atuações quanto por sua estética narrativa muito boa de se assistir. 

Avaliação: 3.5 de 5.

Não Se Preocupe, Querida chega em 22 de setembro nos cinemas.

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