Matador de Aluguel | Crítica: Carisma de Jake Gyllenhaal salva longa

Remake do filme dos anos 80 é salvo por carisma gigantesco de Jake Gyllenhaal.

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Jake Gyllenhaal vira e mexe tem pego papéis de personagens perturbados e sempre topa interpretar alguém diferente do esperado para ele, onde o ator acaba por entregar personagens que acabam por serem mais do que parecem ser num primeiro momento. Seja pelo desenvolvimento da própria trama, seja na dinâmica com os outros colegas e que o ator desenvolve o personagem com isso ao longo dos filmes que participa. Versatilidade que chama né?

E, talvez, aqui em Matador de Aluguel (Roadhouse, 2024) isso tenha sido a grande diferença para fazer esse projeto dar certo e garantir que tenhamos um próximo hit para o Prime Video. Descamisado boa parte do filme, e na outra parte com um sorrisinho maroto que acha que vai conseguir arrumar tudo, fica claro que é por conta do carisma de Gyllenhaal que o longa funciona.

Jake Gyllenhaal e Conor McGregor em cena de Matador de Aluguel. Foto: Laura Radford/Prime Video/Amazon MGM Studios.

Sim, Matador de Aluguel acaba por ser meio exagerado, tem uma cara de produção meio b dos anos 2000, mas no final, das contas quando deixa o lado mais Baywatch de lado, e talvez, as referências para o longa original de 1989 que foi estrelado por Patrick Swayze, e assume seu lado Velozes E Furiosos no mar, esse longa decola e empolga.  

Mas claramente, dá para notar que é um filme de pandemia, onde em boas das cenas é notável vermos os atores por contracenarem não muito perto um dos outros, onde também a passagem litorânea ajuda a termos cenas externas e que no final das contas abusam desse cenário bem paradisíaco. Mas sinto que também que existe uma grande, e brusca, mudança na narrativa lá para a metade do longa.

Principalmente, quando a dupla Anthony Bagarozzi e Chuck Mondry, os responsáveis pelo roteiro,  já estabelecem para o espectador quem é o protagonista, suas motivações e seus conflitos e partem para a ação propriamente dito. É como ter visto um grande primeiro episódio de uma série e depois, vermos segundo que já começa automaticamente, sabe?

É o famoso, esse filme poderia muito bem ser uma série. Da chegada do ex-lutador Dalton (Gyllenhaal) na comunidade litorânea de Florida Glass Keys para trabalhar como “vigia” em um bar de beira de estrada comandado por Frankie  (Jessica Williams) que o oferece US$ 5 mil por semana e o faz deixar de participar de lutas clandestinas, ou quando ele faz amizade com uma jovem e seu pai que trabalham na livraria perto da rodoviária, até o momento que ele cruza com o playboy (e vilão do filme) Ben (Billy Magnussen, totalmente bem escalado aqui, quase como um vilão de Bond, só que generico) e também com o porra louca capanga Knox (Conor McGregor, doido), o longa trabalha para nos ambientar nessa história e suas excentricidades.

Jake Gyllenhaal e Lukas Gage em cena de Matador de Aluguel. Foto: Laura Radford/Prime Video/Amazon MGM Studios.

Matador de Aluguel navega, então, por uma linha extremamente fina entre soar exagerado por ser apenas ruim ou soar exagerado para divertir o espectador nessa história maluca. Das cenas que vemos cortes de barba com navalha no meio de um barco em movimento, bandas das mais estranhas que frequentam o bar e que ficam atrás de um arame farpado instalado entre o palco e os clientes, até mesmo um crocodilo que ajuda a acabar com os bandidos no meio da noite, o diretor Doug Liman abusa disso tudo para contar essa história e até que entrega boas cenas aqui e ali.

E claro, se temos corpos sarados, flertes na praia, e perseguições na água, é claro que não poderia faltar em Matador de Aluguel, o que mais combina com isso, um dos tópicos mais importantes dessa check-list de coisas que precisamos ter em produções do gênero: cenas de luta. Afinal, Dalton é um ex-lutador de UFC (mesmo que aposentado e com um segredo por trás disso) que sabe dar bons socos e acaba por entrar nessa comunidade litorânea para não só salvar a colega proprietária do bar, mas também ensinar algumas coisinhas para os funcionários, os garçons Billy (Lukas Gage) e Reef (Dominique Columbus).

E se tá tudo “certo” com o trabalho, a vida amorosa de Dalton também muda quando ele conhece a desbocada médica Ellie (Daniela Melchior, surfando no hype pós O Esquadrão Suicida e Velozes e Furiosos 10) que não leva desaforo para casa e culpa o ex-lutador por dar mais trabalho para ela e os colegas da emergência. Assim, Matador de Aluguel, depois de apresentar a figura de Dalton, parte para trabalhar em como a presença dele faz diversas situações se desenrolam nessa comunidade litorânea que tem alguns moradores bem próximos dos suspeitos. 

E como falei, as cenas de luta são bem coreografadas, bem brutais (pegaria fácil uns 16 anos de classificação indicativa aqui, se tivesse saído nos cinemas), ao mesmo tempo que o texto de Bagarozzi e Mondry incluem diversos momentos mais espirituosos, e engraçados, para esses personagens. Text book 101. De Dalton tirando onda com os capangas da região, em especial Moe (Arturo Castro, hilário) quando ele acaba com todos eles no soco e depois o leva para o Hospital da região, para as conversas do personagem com Frankie (Williams num bom momento na carreira depois da série Shrinking) até os momentos onde o clima de azaração que o ex-lutador tem com a médica ajudam na parte do romance, onde Gyllenhaal e Melchior tem bastante química juntos, sem dúvidas.

É tudo muito natural, como se Liman tivesse dado espaço para esse elenco improvisar, o que em boa parte do filme, ajuda e muito a passarmos por algumas cenas um pouco mais difíceis. E principalmente para a doideira que a história coloca esses personagens com reviravoltas, jet-skis voadoras, perseguições de barco, explosões e tudo mais.

No final, acho que Matador de Aluguel vai conseguir atingir um público bastante específico e que vai vibrar a cada soco, golpe, e porrada, que vemos no filme, principalmente quando temos Gyllenhaal e Conor McGregor (na sua estreia em filmes) saindo no braço e quebrando tudo, em uma das cenas lá para o final do longa. É como falamos, o carisma do protagonista só ajuda Matador de Aluguel e para esse tipo de filme, que vai sair num streaming, numa época de poucos lançamentos, tá ótimo. Vale dar o play. Até eu quero ver de novo.

Nota:

Matador de Aluguel chega em 21 de março no Prime Video.

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