Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore | Crítica: Franquia tenta renascer das cinzas como uma fênix

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Com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore, 2022), estamos de volta ao Mundo Bruxo depois de quase 5 anos e um filme anterior que foi bastante decisivo entre os fãs e a crítica.

Com o terceiro, de uma série de cinco filmes planejados, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore chega com uma dura missão, bem mais difícil do passar em Poções, ou gabaritar os N.O.M.s: ser o início de uma nova trilogia na franquia Harry Potter. A régua estava lá embaixo, mas aqui, fica claro que com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore a série de filmes tenta renascer das cinzas, como uma fênix que estampa o cartaz promocional da atração e que é figura conhecida dos fãs da franquia por ser o animal de estimação de Dumbledore.

E falando no bruxo, o terceiro Animais Fantásticos se apoia em um de seus personagens mais conhecidos para dar o subtítulo para filme. É uma nova etapa da vida de um dos maiores bruxos de todos os tempos, onde com o longa nos aprofundamos cada vez mais nA vida e a história de Alvo Dumbledore (Jude Law, ótimo).

Jude Law em cena Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
Foto: Warner Bros. Pictures

E claro, para um bruxo como personagem, a bagagem de segredos é muito grande, igual a mala de Newt cheia dos animais dos mais curiosos e fantásticos que existem. E por isso acho que com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore são os segredos e a tentativa de resolver as graves situações que se apresentam é que dão o gás para a franquia continuar e carregar a história para mais dois filmes que fazem esse novo projeto dar certo e entregar, finalmente, um acerto para a franquia dos derivados. Afinal, a relação entre Dumbledore e o bruxo Gerardo Grindelwald (Mads Mikkelsen, muito bem no papel e uma escolha acertada) é a história que boa parte dos fãs (eu incluso) gostaria de ver. Esses eventos prequel do mundo bruxo, antes das histórias contadas em Harry Potter, são das mais convidativas e aqui com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore conhecemos mais sobre como o mundo vivia fora das paredes de Hogwarts e da comunidadezinha de Hogsmeade.

E claro, que esses dois locais citados acima estão de volta no longa para a alegria dos fãs, a produção une a história entre os dois famosos bruxos, ou pelo menos uma parte dela, com doses de nostalgia e de fan-services salpicados aqui e ali. É sempre bom voltar para Hogwarts e ouvir a incomparável trilha sonora da franquia, dúvidas.

E depois de passar pelos EUA e pela França, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore parte para outros países, e claro, conhecemos um novo Ministério da Magia, agora o Alemão que nos ajuda a contar essa história. No longa, o mundo bruxo não está ainda totalmente em guerra, existem descontentamentos dos mais acalorados, caos por conta das ações de Grindelwald no segundo filme e a aclamação que uma parte da comunidade bruxa tem sobre o que é dito e vendido pelo bruxo só crescem dentro dela e criam uma certa polarização entre as pessoas.

O tom mais político do que os outros, um paralelo super interesse com os eventos do mundo real, e um clima de conspiração a todo tempo é que ditam o tom da produção, onde fica claro que alguma coisa perversa está para chegar. E o bruxo agora interpretado por Mikkelsen, e seus aliados, têm planos malignos para colocarem em prática. E então, cabe a Dumbledore os impedir. Quer dizer, os seus aliados, no bom estilo de Dumbledore. Afinal, por mais que Law entregue formidavelmente a versão mais jovem, os traços que formam a personalidade do bruxo que vimos na franquia estão ali, em uma menor escala do que vimos nos outros filmes, sem dúvidas, mas que conectam com tudo que vimos, no futuro, durante os anos de Harry Potter. 

Com Dumbledore de olho nos inimigos e agindo silenciosamente, Grindelwald tenta passar sua mensagem da forma mais alta possível e aproveita que as atenções do Mundo Bruxo estão focadas em outros eventos. Em ritmo de eleições, a Confederação Internacional dos Bruxos tenta escolher seu próximo representante, e a disputa se concentra entre Liu Tao (Dave Wong) e Vicência Santos (Maria Fernanda Cândido) e em todo o ritual milenar que acontece no dia final da votação. Um dos Segredos de Dumbledore no longa com certeza foi essa a presença da atriz brasileira na atração. É um papel pequeno mas fundamental para o desenvolvimento da história.

Outros segredos (não vamos contar todos!) é a reunião de um grupo de bruxos para tentarem impedir a ascensão de Grindelwald em conseguir ganhar mais terreno na comunidade mágica. Assim, o magizoologista Newt (Eddie Redmayne) – e sua maleta com amiguinhos mágicos – está de volta e segue as instruções do professor para recrutar esse time. Assim, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore faz um grande filme de assalto, um filme de formação de equipe só que dentro do Mundo Bruxo. O plano? Tentar impedir Grindelwald de ganhar mais aliados sem ter exatamente um plano concreto.

Newt precisa então recrutar um Auror, seu irmão Teseu Scamander (Callum Turner), a Professora Hicks (Jessica Williams, o destaque), o bruxo francês Kama (William Nadylam) que está de volta depois dos acontecimentos do filme anterior, a excêntrica e divertida assistente de Newt, a bruxa Bunty (Victoria Yeates) e o trouxa favorito dos fãs, o padeiro Jacob (Dan Fogler).

Jessica Williams, Callum Turner, Jude Law, Dan Fogler e Eddie Redmayne em cena de Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore.
Foto: Warner Bros. Pictures.

Assim, Dumbledore e Newt se vem no meio de uma formação de um quebra-cabeça para tentarem ganharem tempo e vencerem o astuto Grindelwald. Para isso, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore entrega essa trama de uma forma super ágil, onde ao mesmo tempo que tem consertar e aparar as pontas soltas deixadas no longa anterior, precisa olhar para a frente e entregar mais detalhes do que vem por aí, principalmente no que diz respeito à relação de Dumbledore e Grindelwald. Não aquela entre dois bruxos que estão em lados opostos sobre suas visões sobre o mundo bruxo e etc, e sim de duas pessoas que compartilharam um sentimento afetivo em outros momentos.

O roteiro de Steve Kloves (que comandou os outros filmes da franquia) e J.K Rowling consegue deixar claro o que aconteceu entre os dois personagens, e realmente não tenta diluir ou esconder que sim os dois bruxos tiveram um envolvimento e que a relação entre os dois é muito mais complexa do que apenas um flerte entre dois. Law e Mikkelsen juntos em cena entregam momentos que você sente a tensão no ar, nos olhares, e nas frases ditas. Dois bons atores que conseguem entregar as nuances para a relação desses personagens e que entregam uma boa troca.

Mas ao mesmo tempo, no roteiro e na trama que Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore entrega muitas sub-tramas, muitos arcos narrativos menores que são desenvolvidos ao mesmo tempo e que acabam por desviar um pouco da nossa atenção para a história principal. Ou seja tudo que falamos acima, e ainda temos tempo para acompanhar como se desenrola a história da bruxa Queenie (Alison Sudol) após se juntar à Grindelwald  (será que no seu coração ainda existe espaço para Jacob?) ou ainda toda a continuação daquela história de Credence (Ezra Miller) ser parente de Dumbledore e tudo mais (temos boas reviravoltas nisso fiquem ligados!)

Assim, tudo é colocado no filme para dar uma certa sustância para o longa  mesmo que em muitas partes tudo acabe por ser apresentado e desenvolvido rápido demais e muitos personagens legais acabam por ter pouco tempo em tela, ou rápidas aparições. Mas para os fãs já aviso, o longa continua com aquele sentimento de diversão, e aquele humor típico da franquia, com cenas em Hogwarts, muitos easter-eggs, participações especiais (que às vezes a conta não fecha, mas tudo certo).

Entre as boas passagens, destaco particularmente uma com Newt em uma caverna (vocês vão ver) e uma de um grande jantar no Ministério da Magia Alemão (vocês vão ver também) que dão bastante o tom para o filme que parece abusar mais dos efeitos especiais para criar momentos mágicos que realmente chamam a atenção. 

No final, sinto que com Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, temos a finalização de uma parte 1 desses novos filmes, onde o longa faz o melhor dos três até então, e abre as portas (pesadas de Hogwarts) para o início do fim dessa história. É um respiro para a franquia que tenta se livrar das polêmicas de bastidores e que começa a terminar mais um capítulo dentro da vasta História do Mundo Bruxo.

Avaliação: 3.5 de 5.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore chega em 14 de abril nos cinemas.

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