We Are Who We Are | Primeiras Impressões: a forte cinematografia de Luca Guadagnino numa série teen sobre sentimentos e emoções.

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E a obsessão de Luca Guadagnino por contar histórias de amadurecimento, na Itália, envolvendo jovens que buscam se encontrar, e encontrar suas sexualidades, continua aqui em We Are Who We Are. Depois dos filmes Um Mergulho no Passado (2015) e Me Chame Pelo Seu Nome (2017), chega a vez de Guadaginino se aprofundar em uma aventura seriada, de 8 partes, na nova série da HBO que fez sua estreia ontem.

We Are Who We Are – Primeiras Impressões
Foto: HBO

Intensa e com um olhar cinematográfico bastante marcante, We Are Who Are parece mais um sonho de verão com personagens ao mesmo tempo carismáticos e excêntricos. Todos eles parecem oscilar entre a paleta de cores pálidas e a padronização do exército, com as cores vibrantes que os diferenciam, e entregam aqui, uma série visualmente encantadora, num primeiro episódio super convidativo. 

E somos apresentados para a série, e pelo que vem por aí, através do olhar peculiar e quase único do jovem Fraser (Jack Dylan Grazer, incrivelmente talentoso) que chega em uma base militar na Itália com suas duas mães, a General Sarah (Chloë Sevigny) e a enfermeira Maggie (Alice Braga, incrível e no seu ano definitivamente). E assim, We Who We Are além de nos apresentar um de nossos protagonistas, vemos como o local funciona através dos olhos do garoto, com seu visual completamente fora dos padrões, e suas andanças pela região com seu fone de ouvido e sua playlist.

We Are Who Are não perde tempo em mostrar como as coisas vão funcionar sem medo de ousar, e a mão de Guadagnino na parte técnica é sentida quase todo tempo. Como série, We Are Who Are eleva o patamar para outras produções e faz a série mais com cara de filme que vi em 2020. As câmeras que focam em um único ponto e se movem deixando os personagens em segundo plano, as tomadas abertas que tentam captar o máximo da passagem possível, e também os close nas caras dos personagens que podem não estar dizendo nada, mas dizem tudo, entregam para We Are Who Are uma sofisticação incrível que só poderíamos encontrar na HBO mesmo.

Ao mesmo tempo, o roteiro de We Who We Are, escrito por Luca Guadagnino, Paolo Giordano e Francesca Manieri, atira para todos os lados, e se mostra uma série que tratará de diversos temas que acercam a juventude, como descobrir uma comunidade que te aceite, encontrar quem você é, e claro, a busca, compreensão, e aceitação se sua própria sexualidade.

E Grazer tira de letra a composição de Fraser, um garoto ao mesmo tempo confortável com quem ele é, mas que ainda busca se encontrar, afinal, a mudança de país, e para uma base militar pode ser um baque enorme para o jovem de pouco mais de 15 anos. Como ele diz “Eu tinha uma vida perfeita em Nova York” depois de acertar a mãe no rosto durante uma noite após beber o dia todo, bater a cabeça, e parar na enfermaria. E Sevigny responde, “Você não agia como sua vida fosse perfeita”, talvez, numa das cenas mais intensas e alarmantes de como a série irá contar essa relação mãe e filho.

We Are Who We Are – Primeiras Impressões
Foto: HBO

We Who We Are explora essas relações de amizade, familiares, e também sexuais de uma forma bruta e realmente sem medo de chocar. A chegada de uma General mulher deve movimentar a base, afinal, parece que nem todos os soldados são favoráveis a isso, como fica claro pela reação do soldado Richard (Kid Cudi) na cerimônia de posse de sua comandante. E a produção deve se aprofundar também, na questão que envolve como a sexualidade desse jovens que vivem nessa comunidade os moldam, e como eles precisam fugir da normalidade e padronização que a base militar exige. E isso fica claro, na medida que conhecemos mais dos personagens, principalmente dos jovens como Caitlin (Jordan Kristine Seamón) que tem alguma coisa que intriga Fraser e o faz seguir a garota durante todo episódio, a jovem Britney (Francesca Scorsese), o irmão de Caitlin, Danny (Spence Moore II) e os outros soldados da base.

We Are Who Are faz um excelente começo de uma grande história sobre sentimentos, emoções ,e questões que mostram a beleza da diversidade, e as dores que as acompanham, nessa jornada em se aceitar e se fazer presente ainda numa sociedade extremamente machista e preconceituosa.

No final, We Are Who Are vem com uma qualidade técnica visual marcante, e ótimas atuações, principalmente de Grazer e Braga nesse primeiro momento, para contar essa profunda história e que irá mostrar personagens que lidam com o sentimento confuso de tentarem encontrar seus lugares no mundo, não importa se você está numa base na Itália, ou em qualquer outro local do mundo.

We Are Who We Are é exibido na HBO e HBO GO todas as segundas-feiras às 23h.

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