Viúva Negra | Crítica: Natasha enfrenta o passado em um incrível e divertido longa de ação

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O momento dela chegou. Enfim, a Viúva Negra ganhou seu próprio filme dentro do MCU. Precisou a personagem enfrentar diversos oponentes ao longo dos anos e morrer com seu melhor amigo para salvar o universo? Sim. Mas isso não tira o fato que Viúva Negra (Black Widow, 2021) entrega um filme de ação incrível de se assistir.

O filme solo da personagem interpretado pela atriz Scarlett Johansson faz um longa no melhor estilo da franquia Missão:Impossível só que dentro do Universo da Marvel nos cinemas, onde aqui Natasha enfrenta e auto-analisa o seu passado (como os personagens tem feito nas séries para o Disney+) enquanto a Marvel Studios olha para o futuro e para novos personagens e cantos dentro do vasto Universo que foi criado pelo estúdio ao longo dos filmes da franquia.

(L-R): Yelena (Florence Pugh), Alexei (David Harbour) and Black Widow/Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) in Marvel Studios' BLACK WIDOW, in theaters and on Disney+ with Premier Access. Photo by Jay Maidment. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.
Viúva Negra – Crítica
Foto: Courtesy of Marvel Studios

Sem dúvida nenhuma, Viúva Negra honra o legado da personagem, sua passagem no MCU, e foi muito gratificante ver Scarlett Johansson de volta como a assassina habilidosa que galgou seu espaço na franquia dominada por diversos colegas masculinos ao longo dos anos. Johansson quebra toda a nossa concepção do que poderíamos esperar do passado de Natasha, realmente vai a fundo na essência e no que move a personagem, e entrega seu melhor trabalho como a Vingadora até então. Viúva Negra conta uma história com um cunho político e social enorme e que faz muito mais que ser apenas um filme da Marvel com uma fórmula pronta.

Por conta da personagem não ser super-poderes (e sempre precisar tomar um analgésico após suas lutas, diferente do colega que caiu do céu e segura um martelo, como diz um personagem no filme), Viúva Negra acaba por ser um dos filmes mais pé no chão que o MCU já teve, com um tom mais conspiratório e um ritmo parecido inclusive com um dos melhores filmes da franquia, o Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014). Viúva Negra trata de assuntos que podem ser vistos em qualquer jornal e ao fazer isso a diretora Cate Shortland coloca em suas escolhas visuais uma carga dramática muito maior em cima da história do passado da nossa protagonista. 

E a habilidade de Shortland em transportar isso em tela e conseguir fazer com que o roteiro de Eric Pearson com uma história de Ned Benson e Jac Schaeffer seja contado da forma mais dinâmica possível em um pouco mais de 2 horas (diferente da própria Schaeffer com seu texto em WandaVision e de Kari Skogland na direção de Falcão e o Soldado Invernal, onde ambas tiverem 6 horas para contarem essas histórias). O olhar mais íntimo para a personagem, aliado com o grande escopo que o longa tem como uma boa característica de uma produção Marvel Studios, faz com que Viúva Negra se coloque como um bom filme de espionagem internacional e de conspiração só que com o toque típico do MCU.

O roteiro de Pearson além de entregar a personagem tendo que revisitar seu passado ao encontrar com antigos nomes dele, também faz Natasha embarcar em uma missão extremamente perigosa e pessoal onde ela vê que o passado às vezes não quer ficar apenas no passado. Viúva Negra entrega perseguições alucinantes em seus primeiros minutos, numa mistura de John Wick com os últimos filmes de Missão: Impossível sem deixar de plantar detalhes sobre o que e quem a personagem, e sua irmã de criação Yelena Belova (Florence Pugh ótima e a melhor adição para a família Marvel em anos do MCU), precisam enfrentar.

Na medida que o filme, ao poucos, monta esse quebra-cabeça, afinal o começo é basicamente inteiramente focado em nos dar ação e porradaria o tempo todo, vemos detalhes de como Natasha se virou depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016) até de Vingadores: Guerra Infinita (2018) e faz tudo isso com algumas reviravoltas (tá passada com a identidade do vilão?), diversos easter-eggs para os fãs da franquia acharem, algumas boas piadas (Pugh e David Harbour tem um tom cômico fantástico aqui) e pistas do que vem por aí para essa parte do MCU que o longa apresenta.

(L-R):Taskmaster and Black Widow/Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) in Marvel Studios' BLACK WIDOW, in theaters and on Disney+ with Premier Access. Photo courtesy of Marvel Studios. ©Marvel Studios 2021. All Rights Reserved.
Viúva Negra – Crítica
Foto: Courtesy of Marvel Studios

Viúva Negra faz um filme sobre a importância da família que não necessariamente precisa ser aquela que nascemos, e entrega um bom filme para contar essa etapa da vida da personagem depois de sua família Vingadora ter se separado. E claro, retornamos para outros momentos importantes como sua infância, o que aconteceu (finalmente) em Budapeste e claro como uma Natasha um pouco mais vulnerável e cheia de remorsos sobre ações do seu tempo como uma assassina treinada para executar ordens. Assim, o longa mostra ela se na necessidade de se relacionar novamente com essa sua outra família do passado (eles faziam parte de uma missão russa infiltrada nos EUA no melhor estilo da série The Americans)  onde ela e Yelena (aos trancos e barrancos como boas irmãs) precisam achar o “pai”, o ex-super-herói russo Guardião Vermelho (Harbour, ótimo) e irem atrás da mãe, a ex-espiã e cientista Melina Vostokoff (Rachel Weisz) para encontrarem o Salão Vermelho, o lugar onde novas viúvas negras são treinadas pelo vilão do filme, que curiosamente não é só o mascarado Treinador, uma máquina de combate que imita os poderes e a habilidades do seus oponentes, o General Dreykov (Ray Winstone).

Assim, Viúva Negra navega entre contar a trajetória dessa disfuncional família, com a trama da busca do tal esconderijo secreto e mistura tudo isso com 30 minutos finais onde tudo para que vai para os ares e a Marvel Studios faz um daqueles momentos cheios de efeitos especiais com cenas em pleno ar, aviões em queda-livre e bandidos com diálogos enormes sobre o que eles vão fazer e como.

No final, para alguns, Viúva Negra pode soar um pouco atrasado e datado (por conta da pandemia), mas com certeza entrega uma boa homenagem e uma história super interessante para essa complexa personagem que é Nastasha Romanoff. E o filme deixa bem claro que ainda há histórias não contadas sobre ela, mas pelo menos aqui com Viúva Negra, temos uma realmente vale a pena ser vista e que empolga ao trazer de volta uma das personagens mais queridas do MCU e acenar para o futuro que vem por aí com outras. 

O filme tem 1 cena pós-créditos.

Avaliação: 3.5 de 5.

Viúva Negra chega nos cinemas nacionais em 8 de julho e no Disney+ com Premier Access no dia 9 de julho.

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