Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis | Crítica: O surgimento de um novo herói em um impressionante longa de ação

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“Shang-Chi, bem-vindo ao circo”  é com essa frase dita por um dos personagens do filme que podemos descrever o que o público pode esperar de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis ( Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings, 2021), a nova empreitada da Marvel Studios nos cinemas. E exclusivamente nos cinemas para o desespero de outros personagens do chamado time dos Vingadores que não tiveram o mesmo tratamento, ou vão ser apresentados primeiramente em séries no Disney+.

Depois de uma certa expectativa e algumas incertezas de como, e onde, o filme sairia, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis chega aos cinemas, onde é nas telonas, realmente, o lugar em que o filme merece ser visto. Na maior tela possível. Se você leitor se sentir confortável, claro. Afinal, o que o diretor Destin Daniel Cretton e o time de produção da Marvel Studios entregam é um dos longas mais bonitos, tanto visualmente quanto esteticamente, dentro do MCU.

E depois de 23 filmes, a régua fica cada vez maior, e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis aumenta o sarrafo só mais um pouquinho.

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Simu Liu em cena de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Foto: Disney/Marvel Studios

Aqui, Cretton faz um filme que ao mesmo tempo pega como base, e se inspira em diversas produções asiáticas, e também consegue entregar um longa com cara e jeitão Marvel Studios, onde Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se une à franquia de sucesso comandada pelo produtor Kevin Feige de uma forma muito muito bacana. Quando achamos que após Vingadores: Ultimato o estúdio iria desacelerar, Feige e companhia, parecem que apostam que o futuro do MCU será ainda maior.

A começar com Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, o primeiro super-herói asiático do estúdio depois de termos o primeiro super-herói negro do MCU e o primeiro longa protagonizado por uma heroína. O longa não só faz uma das melhores adições para a franquia em tempos, mas também uma que realmente consegue se destacar como algo próprio e único e que nos entrega um ar de novidade para o MCU, depois de toda a agenda de Feige ter sido impactada pela pandemia.

A última vez que um filme de origem empolgou tanto assim foi em Pantera Negra, de 2018, que não só nos entregou uma mudança em termos de novos heróis para os tempos atuais, mas também para representatividade em tela. Claro, como um bom produto da Marvel Studios, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis consegue também fazer parte desse universo Marvel, após termos visto Thanos sumir com metade da população, e do Blip onde todos que sumiram voltaram, 5 anos depois desses acontecimentos que mudaram para sempre o universo cinematográfico do estúdio.

E não só isso, graças algumas passagens no longa, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis consegue ainda se estabelecer dentro do MCU com o protagonista pronto para assumir um possível papel importante no que pode vir pela frente nessa chamada Fase 4. Cretton, ao lado dos roteiristas Dave Callaham e Andrew Lanham, consegue inserir o personagem nesse circo de extravagâncias de uma forma bem interessante e empolgante para o futuro, ao mesmo tempo que eles nos apresentam um novo e divertido herói no meio de tantos outros que estão na ativa após os eventos de Vingadores: Ultimato.

E para essa fase 4, Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis eleva o patamar para as próximas produções da Marvel Studios. Seja nos cinemas ou no Disney+. Como falamos, o longa se apoia em uma rica mitologia para apresentar um novo herói e que deve desbravar novos cantos do MCU. Entre precisar gastar boas cenas para nos apresentar para novos lugares, personagens e histórias, o roteiro também leva um tempo para nos deixar conhecer a história dos artefatos conhecidos como os Dez Anéis e a própria organização chamada de Os Dez Anéis.

Na verdade o que é apresentado aqui são 10 argolas que são muito bem utilizadas no filme e em diversos momentos por diversos personagens. Em Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis o que temos é o uso dos 10 anéis como uma verdadeira arma de combate que acaba por ser utilizada de uma forma muito, mas muito mais impressionante do que os materiais de divulgação mostravam. Aqui, os 10 anéis são muito mais como um martelo do Thor do que propriamente dito anéis de verdade. É como se fossem uma mistura do martelo do Thor com as joias do infinito. Ou seja, um instrumento poderoso para quem os possui.

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Tony Leung em cena de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Foto: Disney/Marvel Studios

Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis consegue criar uma empolgante história de origem não só para Shang-Chi, para os objetos mas também para esse exército de mercenários e tudo mais. As conexões com Homem de Ferro 3, O Mandariam de Ben Kingsley e a verdadeira história desse grupo milenar, e de seu líder lá na China Antiga, ajudam a entendermos essa história e esse novo personagem para o MCU. E realmente, um dos maiores pontos de destaque em Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis fica com esse personagem místico e que há milhares de anos comanda essa organização. Ele tem vários nomes, mas aqui, como o personagem do ator Tony Leung fala, ele é conhecido como Wenwu, que não só entrega um vilão com alguma coisa a mais além de querer dominar o mundo, mas um personagem tão complexo e carismático quanto Loki foi para os filmes do Thor, quanto Killmonger em Pantera Negra.

As motivações, os planos que são colocados em prática, e tudo mais, só melhoram com a atuação de Leung que realmente fica com as partes mais dramáticas e dá um ar muito mais sério para o longa. Afinal, o texto de Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis é muito mais puxado para a comédia e isso fica muito em evidência na hora que o carismático Simu Liu (aqui um dos melhores achados da Marvel Studios desde Chris Evans como Capitão América) e Awkwafina (uma máquina de fazer rir) estão juntos em tela como os melhores amigos Shawn (de Shang-Chi!) e Katy, duas pessoas que não sabem muito bem o que fazer de suas vidas.

E a química entre os dois é sentida do logo da cara. Seja durante a incrível cena da luta no ônibus que destrói a cidade de San Francisco (eu não ficava nervoso com um ônibus em movimento em um filme da Disney desde de O Diário da Princesa), passando pela ida até a competição underground de luta-livre (“Onde está sua camisa?”, diz a Katy de Awkwafina quando o amigo é jogado no ringue) até mesmo quando os dois são sequestrados pelos capangas de Wenwu. Os dois atores entregam muitos, mas muitos momentos bacanas ao longo do filme… onde essas em boa parte dessas passagem me fizeram para e pensar: “Ainda bem que a Marvel nos cinemas está de volta“.

Não me leve a mal, eu curti todas as séries do Disney+ até agora, mas a sessão de terapia que circulava nas produções Marvel Studios ultimamente estava com um clima muito pesado, então só termos um longa quase inteiramente apoiado pelo timing cômico de Liu e Awkwafina foi um alívio merecido.

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Awkwafina e Simu Liu em cena de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Foto: Disney/Marvel Studios

No longa, Shang-Chi e sua irmã Xialing (Meng’er Zhang, ótima) precisam lidar com o fato de seu pai ter se afastado da criação deles após a mãe ter morrido e eles quando adolescentes terem fugido para viverem suas vidas. O trio de roteiristas consegue trabalhar com uma carga dramática muito maior do que eu esperava para esse arco narrativo, um com diversas revelações que são dadas aos poucos quando as cenas de flashbacks completam e se mesclam com as cenas do presentes. 

E tanto nas do presente, quanto nas do passado, Shang-Chi E a Lenda dos Dez Anéis nos entrega uma excelente trilha sonora para ajudar a compôr essa história, desde das músicas fortemente inspiradas em canções asiáticas que envolvem os personagens de Wenwu e a jovem Li (Fala Chen), ou até mesmo, as músicas contagiantes em são colocadas nas cenas de combate que aqui deixam o filme com um ar completamente empolgante de se ver. Todas as coreografias das cenas de ação, desde da passagem pelo ringue de luta ilegal, até mesmo os treinamentos na Organização dos 10 Anéis, ou na mística cidade de Ta Lo lideradas pela sempre competente Michelle Yeoh, como uma espécie de guia espiritual que tem conexões com os nossos protagonistas, até os momentos finais do filme, onde temos, como de costume, uma grande batalha cercada de um grande uso de efeitos visuais, tudo é muito bem feito e entregue para o público.

Além do time de produção trabalhar num mix de animais místicos com efeitos visuais e outras peripécias como flechas mágicas ou até mesmo o uso dos 10 anéis na batalha final do filme, temos tudo isso aliado com o time de dublês e de coreografia que conseguem deixar todas essas passagens serem as mais reais, ameaçadoras e brutais possíveis.

Assim, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis faz uma empolgante e divertida adição para o MCU, em um filme de ação que promete e cumpre sua proposta de apresentar um novo herói, um mais palpável e urbano para o público como o Capitão América e Homem-Aranha foram, mesmo que entregue um filme com um toque maior de fantasia, como tivemos em Pantera Negra e basicamente todas as outras produções até então.

No final, Shang-Chi definitivamente já se torna uma nova lenda da Marvel, num ótimo filme de introdução, onde temos mais uma vez um personagem pouco conhecido dos quadrinhos se tornará um mega conhecido, assim como foi com Thor, o Homem-Formiga, os Guardiões da Galáxia, e em breve Eternos. E se depender das aventuras do herói dos quadrinhos, a Marvel Studios vai querer multiplicar Shang-Chi em muitos outros novos filmes e participações especiais (coisa que em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis temos demais).

Avaliação: 4 de 5.

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis chega aos cinemas em 2 de Setembro.

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