Sem Remorso | Crítica: Tentativa de fazer um mix de John Wick com Homeland apenas entrega um filme de ação genérico e desinteressante

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Talvez já um pouco saturados, filmes como os da franquia Jason Bourne, Missão: Impossível e até mesmo Invasão à Casa Branca sempre tiveram sua vez em Hollywood, afinal numa Era Pré-Pandemia, tínhamos um ator qualquer da lista A de Hollywood (seja Matt Damon ou Tom Cruise nos filmes citados, por exemplo) em alguma trama mirabolante para salvar o mundo e desvendar uma trama de conspiração, onde isso bastava para ganhar uma tonelada de dinheiro. E quando bem feito, esse tipo de produção dá super certo, e são franquias que se estendem por anos (vide ai M:I indo para seu 8º filme né?).

E até na TV e logo depois no streaming essa ideia foi já aplicada com produções bacanas como as séries 24 Horas, Homeland e até mesmo Tom Clancy’s Jack Ryan da própria Prime Video, mas aqui em Sem Remorso (Tom Clancy’s Without Remorse, 2021), filme spin-off da série de TV estrelada por John Krasinski, tudo parece desinteressadamente genérico, sem brilho ou força para entregar alguma coisa que se dê para pensar em continuar uma franquia.

Sem Remorso – Crítica
Foto: Paramount Pictures/Skydance

Nem mesmo o carisma de Michael B. Jordan, aqui protagonista com P maiúsculo e super em alta em Hollywood, consegue salvar Sem Remorso de ser um filme extremamente chato. Jordan segura as pontas nessa versão de John Wick que precisa ir em busca dos responsáveis por matarem sua esposa numa conspiração que envolve espiões russos e agentes de outras agências governamentais de inteligência americana. 

E nem dá para falar que Sem Remorso ficou preso no tempo e entrega um filme de ação feito como se estivéssemos nos anos 90, pois bem, diferente de todos os projetos citados até agora, temos uma dupla de protagonistas negros (representatividade importa!) e os efeitos visuais utilizados aqui (das explosões de carros até aviões) são super modernos e atualizados para a realidade do que é possível em pleno os anos 2020…

Mas talvez a forma que os roteiristas, a dupla Taylor Sheridan e Will Staples, contam e adaptam essa história dos livros de Clancy, que seja o grande vilã de Sem Remoso, e não aquela personagem que lá nos momentos finais é desvendada como a grande arquiteta de tudo que aconteceu e da conspiração que se desenrola ao longo do filme. Os dois com o roteiro de Sem Remorso, parecem ofender o espectador que já deve estar careca de saber como funciona esse tipo de filme, eu particularmente quando a tal personagem apareceu eu pensei: Ah lá, cara de vilão de filme de espionagem aí.

Falta uma certa sagacidade para contar desenrolar essa trama, colocar um fator de novidade para contar esse tipo de história de origem para um personagem que não é muito conhecido do grande público. Acho que Jordan até segura as pontas, e quando não está sem camisa em tela, está socando agentes de segurança e agentes russos em cenas de luta até bem coreografadas e sem serem violentas apenas por serem. Em um dos poucos acertos que considero, talvez, seja na direção de Stefano Sollima, onde boa parte dessas cenas de combate e de luta, existe um propósito nelas e que Jordan entrega bem, sem soar forçado ou artificial.  

Sem Remorso – Crítica
Foto: Paramount Pictures/Skydance

Em Sem Remorso, conhecemos John Kelly (Jordan) que faz parte de um grupo especial do exército e volta de uma missão que não deu muito certo. Uma certa noite, assassinos treinados invadem sua casa (confesso que achei essa cena uma das melhores do filme todo!), e tentam matar o oficial, mas não conseguem, o que eles conseguem é sim matar sua esposa Pam (Lauren London) que estava grávida. Isso coloca John numa busca alucinante por vingança, indo atrás dos responsáveis. Mas isso só é a metade John Wick de Sem Remorso, a outra metade é a parte Homeland da coisa, onde com a ajuda da colega do exército Karen Greer (Jodie Turner-Smith, muito bem) e apoiado pelo Secretário Clay (Guy Pearce) John esbarra numa conspiração que envolve diversos escalões do governo dos EUA e de outros países, como a Rússia, claro. Aposto que a China ficou de fora quando eles pensavam em um lançamento nos cinemas no país.

E acho que aqui que Sem Remorso, perde seu propósito, a tentativa falha de tentar apontar quem entre a força tarefa que é montada seria o grande mastermind da operação, prejudica totalmente a segunda parte do filme. A cada cena, o roteiro tende a fazer um dos personagens ser o suspeito principal da vez, desde Greer, que sempre apoiou o colega, até um outro oficial que nunca se deu bem com John, Robert (Jamie Bell), temos a trama se tornar cada vez mais fraca e que não se sustenta, se não tiver explosões e cenas de invasão a esconderijos e de aviões sendo sequestrados o tempo todo. 

Sem Remorso se esforça ao extremo para conseguir ser chamado de filme de ação, mas tudo parece não combinar, não ter liga, e que deixa tudo apresentado ser tão batido, sem nenhuma originalidade que realmente é um desperdício das possibilidades que tanto Jordan e Smith poderiam entregar com suas atuações, se o roteiro, e tudo mais fosse outro. 

Na tentativa de criar essa história de origem para John Clark com Jordan no papel principal, Sem Remorso mostra que algumas histórias são feitas para a tela pequena e outras para o cinema, e talvez por isso que no final do dia o longa chegou na tela pequena e pelo Prime Video. Nem dá para dizer que fica para a próxima, pois acho que nem próxima vamos ter. 

Avaliação: 2 de 5.

Sem Remorso chega no dia 30 de abril pelo Prime Video.

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