Olá, Amanhã! | Crítica: Um carismático Billy Crudup tenta vender sonho de morar na Lua em série retro-futurista 

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Bem-vindo ao sonho americano e nada melhor do que isso, só se ele for vendido por Billy Crudup.  Em Olá, Amanhã!, a nova série da Apple, é isso que temos. O ator interpreta o líder de uma equipe de vendedores que tem mãos um produto curioso: eles vendem lotes, e casas… só que na Lua. 

Com uma premissa curiosa, e um visual retrô-futurista, Olá, Amanhã! faz uma série que te vende uma carismática atuação de Crudup, que passa de coadjuvante (depois de levar o Emmy na categoria por The Morning Show, da mesma Apple) para protagonista numa produção que se garante com um bom texto, algumas reviravoltas, e uma trama promissora e bem interessante de se assistir.

Billy Crudup em cena de Olá, Amanhã!
Foto: Courtesy Of AppleTV+. All Rights Reserved.

Afinal, logo no primeiro episódio, conhecemos um vendedor chamado Jack (Crudup) que com seu terno aliado e boa oratória garante para seus clientes a possibilidade de uma nova vida, um recomeço, só que lá na Lua. Jack te vende seu espaço no planeta, e tudo que você precisa é esperar para embarcar no próximo foguete para lá. A promessa de um novo amanhã em apenas uma assinatura e uma transferência de dinheiro para a Brightside Lunar Residences.

Com uma lábia tremenda, Jack pula de cidade em cidade, onde ele consegue vender os lotes como ninguém, e também precisa administrar uma equipe de outros vendedores que garantem que eles consigam vender suas cotas e bater suas metas para a matriz que fica na Lua. 

O ar retrô futurista, ah lá Os Jetsons, garantem visualmente que a ideia por trás da série, seja comprada com facilidade, afinal, robôs servem as pessoas em bares, e carros mesmo que tenham um ar dos anos 60 funcionam com aeronaves, e a tecnologia está ali para ajudar o dia-a-dia das pessoas. E por que não viver na Lua, certo? E esse é o grande gancho da atração. Afinal, Olá, Amanhã! trabalha com essa ambiguidade, e com esse tom meio paranóico, meio Ruptura (da mesma Apple) encontra Mad Men: será que existem mesmos esses lotes na série ou tudo não passa de um bom papo de vendedor e um grande golpe?

Olá, Amanhã! trabalha esses questionamentos ao longo dos episódios, mas acaba por ser muito mais uma série de comédia sombria sobre essas pessoas que vivem e trabalham por vender esses lotes, onde vemos as consequências das decisões desses personagens que acabam por criar uma espécie de bola de neve de eventos e situações que vão alterar a vida de todos eles.

E isso fica claro principalmente quando Jack recruta o filho que ele abandonou quando criança, o jovem Joey (Nicholas Podany) para trabalhar com ele. O garoto claro não sabe disso, o que faz de Olá, Amanhã! ganha uma camada extra e se mostrar ser uma série que nem tudo é o que parece ser. Afinal, Jack e seu gogó conseguem manter todos esses funcionários e clientes com uma boa narrativa para o que eles têm vendido ali, então fica claro que ele usa sua lábia para conseguir o que quer, o nos deixa com a dúvida: o que mais será que ele tem mentido sobre?

Dewshane Williams, Nicholas Podany e Hank Azaria em cena de Olá, Amanhã!
Foto: Courtesy Of AppleTV+. All Rights Reserved.

Ao longo dos primeiros episódios vemos mais da relação entre esses funcionários na medida que o inexperiente Joey entra na equipe e serve como os olhos do público nessa dinâmica entre os vendedores. Seja o 171, viciado em apostas, Eddie (um ótimo Hank Azaria), o competitivo Herb (Dewshane Williams) que tem uma esposa que o vigia a tiracolo, e a supervisora linha dura e extremamente competente Shirley (Haneefah Wood, também ótima) que começa a farejar que alguma coisa não está certa.

Assim, todos eles são tratados como família por Jack na medida que eles estão juntos naquela cidade para cumprirem suas metas. Todos eles têm arcos narrativos isolados, mas que se mesclam entre si na medida em que os personagens trabalham e se hospedam no hotel de uma cidadezinha, onde os moradores da cidade são divididos entre eles para serem cotas a serem batidas.

Mas nem todos eles parecem que vão esperar pacientemente o comboio especial os levar para a Lua. A dona de casa a beira de um ataque de nervos, Mirtle (Alison Pill, ótima) parece que vai desenrolar o fio embolado que é a operação de Jack e que promete movimentar os próximos episódios (essa crítica somente contempla o três primeiros).

Mesmo com uma duração curtinha, com episódios de 30 min, Olá, Amanhã! tem debates, e monólogos super interessantes, onde o texto do trio Amit Bhalla, Lucas Jansen e Stephen Falk é muito bem trabalhado, e alguns diálogos são incrivelmente bem executados por Crudup, que realmente é o grande destaque da atração, e que ajudam a deixar no ar as verdadeiras intenções dos personagens, e principalmente de Jack na medida que o vendedor navega por se aproveitar das esperanças e sonhos de seus clientes. 

Numa temporada televisiva passada onde golpistas, e truqueiros estavam em alta, Olá, Amanhã! entrega uma série cheia de sutilezas sobre o que acreditar, e em quem acreditar. Só basta um bom discurso e oratória para você ter um espacinho na Lua para chamar de teu. Bem-vindo, ao futuro, o teu futuro.

Olá, Amanhã! chega com episódios no dia 17 e depois todas às sextas-feiras estreia um novo episódio. Serão 10 no total.

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