O Mundo Sombrio de Sabrina – Parte 2 | Crítica

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O Mundo Sombrio de Sabrina chegou com novos e aguardados episódios na Netflix depois de uma boa estreia na plataforma em 2018. E nessa nova leva, Sabrina se aprofunda em sua própria mitologia, responde algumas repostas deixadas em aberto lá na parte 1, mas, ao mesmo tempo, bagunça tudo que vimos e fomos apresentados até agora na série.

Kiernan Shipka in Chilling Adventures of Sabrina (2018)

Os personagens continuam os mesmos, temos poucas novidades, mas, mesmo assim, O Mundo Sombrio de Sabrina parece sofrer um pouco justamente e exatamente com isso. Se na parte 1, os roteiristas souberam bem dosar o lado humano com o lado bruxa da personagem, aqui, na parte 2, isso tudo vai para o espaço, ou melhor, para o inferno.

Ao abraçar seu lado “sombrio”, Sabrina prometia, finalmente, nos mostrar mais sobre a Academia de Artes Ocultas, e a bruxa, enfim, nos entregaria seu lado mais rebelde. Isso, acontece, em partes. E graças, principalmente, quando os produtores juntam a garota, com o feiticeiro Nick (Gavin Leatherwood) e com o trio das Irmãs Estranhas que ganham mais espaço nos novos episódios. Assim, nesses novos episódios, Sabrina domina mais seus poderes, e isso, como consequência, aumenta a escala de problemas que a bruxa se mete.

Ao mesmo tempo que Sabrina fala “Eu sou Sabrina Spellman” a cada 5 minutos, O Mundo Sombrio de Sabrina, lida com uma palavra que permeia grande parte dos episódios: excesso.

Nessa parte 2, temos episódios em excesso e que parecem estarem ali, apenas, para cumprir tabela. Assim, a nova leva é marcada pela demora para achar sua luz e engatar a trama nesses 9 novos episódios. O que era pra ser um aprofundamento dentro do lado bruxo da personagem, e da série, de uma maneira geral, acaba por mostrar que os roteiristas não souberam lidar muito bem com o vasto e gigantesco mundo de Sabrina, a Academia e o colégio mortal (que fica jogado nem para segundo plano, para quarto e olhe lá.)

Kiernan Shipka and Gavin Leatherwood in Chilling Adventures of Sabrina (2018)

O Mundo Sombrio de Sabrina, joga personagens para escanteio, sem o menor pudor, e que ficam, literalmente, sem nenhuma função na trama. Os que mais sofrem são os amigos humanos, que até que tem um desenvolvimento, aqui e ali, principalmente Susie, agora Theo (Lachlan Watson) e Roz (
Jaz Sinclair)
com seus poderes e maldição de família. Mas quando alguma coisa de relevante acontece, a história parece apenas lembrar dos nossos personagens principais e fazer de Greendale o centro do universo.

Levamos 3 episódios para os roteiristas nos ambientarem de volta na trama, e o trio 1×12 – Epifania, 1×13 – A paixão de Sabrina Spellman e 1×14 – Lupercália, por mais interessantes que são, não mostram nada muito de novo e pouco acrescentam para a trama geral.

E quando a história engata, somos jogados para o longo e tedioso, filler da temporada, o 1×15 – As profecias do Dr. Cerebus. Claro, a temporada parece encontrar sua vassoura e sair voando por ai, com um ritmo bastante ágil, na sequência do 1×16 – Blackwood até o 1×18 – Os Milagres de Sabrina Spellman, que mostram o duelo entre as visões de Sabrina e do Padre Blackwoood (Richard Coyle) dentro da Igreja.

Miranda Otto and Lucy Davis in Chilling Adventures of Sabrina (2018)

Assim, como falamos, a mitologia da série ganha um gás, afinal, temos, a introdução do Grande Conselho dos Bruxos, ao Anti-Papa (Ray Wise, ótima escalação) e detalhes da relação conturbada entre Lilith, ainda na pele da Sra. Wardwell (Michelle Gomez, ótima), e o Senhor das Trevas (que aparece de cara, perna de bode e bunda de fora em sua total glória nos episódios finais, interpretado pelo ator Luke Cook).

Assim, O Mundo Sombrio de Sabrina continua a falar de temas como machismo, posição da mulher e diversos assuntos importantes, e abre espaço também, para mais romance, e para ficar ainda mais excêntrica. Mas, nessa parte 2, tudo é muito lento, as coisas não se desenvolvem na rapidez necessária que deveriam, e os arcos e personagens são resolvidos e desenvolvidos de uma forma estranha para o que já vimos lá na parte 1.

Os roteiristas não perderam a mão (not today, Statan!) com os novos episódios de Sabrina, apenas, parece que pegaram um caminho maior que as pernas, e que talvez, tenha sido culpa do acordos dos produtores em fazer uma temporada completa, com 22 episódios.

O que sabemos é que O Mundo Sombrio (e encantador!) de Sabrina, perdeu um pouco de seu charme, assim como, a idéia de juntar Harvey (Ross Lynch) e Roz para dar funções para ambos os personagens, mas, o talento de Kiernan Shipka, Miranda Otto e Lucy Davis, que levam nas costas a série, ajudam e muito a produção, principalmente ao chegarmos no final de temporada, onde a dupla de episódios 1×19 – A Mandrágora e 1×20 – Valsa com o Diabo dão um gás para o seriado a concluir suas tramas desse primeiro ano e partir para novos caminhos.

Sendo assim, estamos no aguardo das novas aventuras de Sabrina!

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