O Homem Invisível | Crítica

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Na sua segunda tentativa de criar um Universo de Monstros, a Universal Pictures foi rápida em aprender com seus erros, muito mais que a colega Warner Bros, e reformulou todo o seu conceito por trás dessa nova franquia de filmes. Ao entregar um longa em parceria com a produtora Blumhouse, o estúdio deu, efetivamente, o projeto na mão de quem sabe sobre o assunto. E com a nova versão de O Homem Invisível (The Invisible Man, 2020) temos um desesperador, intenso, e pesado drama sobre relacionamentos abusivos e loucura. 

O filme era o fôlego que o estúdio precisava para deixar seus últimos projetos polêmicos no passado, em que aqui O Homem Invisível entrega o primeiro grande terror e suspense de 2020 numa produção sombria, tensa e que deverá deixar o espectador na ponta da cadeira para saber o que irá acontecer com a personagem principal.

Elisabeth Moss in The Invisible Man (2020)
O Homem Invisível | Crítica | Foto: Universal Pictures

E surpresa…. O Homem Invisível faz um ótimo suspense, daqueles de parar a respiração em diversos momentos, onde o diretor Leigh Whannell consegue criar um ambiente de tensão em vários momentos. A história pode até parecer simples, e que passa a impressão que foi entregue quase toda no material de divulgação, mas não se engane, O Homem Invisível faz muito mais do que isso, e conta com reviravoltas e surpresas ao longo do filme que movimentam a trama e devem deixar o espectador de cabelo em pé.

O roteiro também é de Whannell (de Upgrade: Atualização, 2018) e se apoia, e muito, no talento de Elisabeth Moss, que realmente brilha e dá todo o tom do filme. Se não tivéssemos a atriz no papel da protagonista, talvez, O Homem Invisível não tivesse o mesmo impacto. Aqui, Moss entrega uma sutileza e delicadeza sem tamanho que fazem totalmente a diferente na forma que Whannell consegue contar sua história. E para os fãs da atriz, O Homem Invisível faz uma ótima oportunidade de a ver em seu melhor, em que Moss entrega uma protagonista destemida, inteligente, e pronta para brigar, mesmo que para isso apanhe um pouquinho.

O mais interessante é ver Moss conduzir sua personagem com uma certa ambiguidade, afinal o texto de O Homem Invisível trabalha com o fato que Cecilia pode, ou não, estar louca até quase seus momentos finais, e isso dá a chance de Moss embarcar na espiral de loucura em que vemos a jovem viver após descobrir que seu namorado controlador morreu, e deixou para ela milhões de dólares, com a condição que ela não se envolvesse em crimes.

Claro, como falamos, a história pode soar simples num primeiro momento, afinal, vemos os indícios que Adrian (Oliver Jackson-Cohen, muito bem nas suas poucas passagens) parece retornar para a vida da jovem, só de uma forma invisível. O roteiro do longa assim trabalha a história para criar diversas pequenas situações em que a sanidade de Cecilia é testada seja uma faca desaparecida, um celular voador, ou até mesmo um lençol puxado da cama no meio da noite.

E na medida que a personagem começa a parecer definhar na frente do espectador, de seu amigo James (Aldis Hodge) e sua filha Sydney (Stom Reid), e sua irmã Alice (Harriet Dyer), O Homem Invisível fica mais sombrio e violento, e isso contribui, e muito, para o longa conseguir nos jogar para dentro desse jogo de gato e rato incrivelmente bem criado e desenhado para prender a atenção do espectador à todo momento.

Elisabeth Moss in The Invisible Man (2020)
O Homem Invisível | Crítica | Foto: Universal Pictures

O Homem Invisível estrapola um nível de tensão em diversos momentos que parece que a intenção dos produtores é fazer que o espectador tenha a sensação de estar dentro do filme, e que somente o fato de respirar em nossa cadeira possa ser prejudicial para a personagem de Moss.

Logo nos seus primeiros e angustiantes minutos, O Homem Invisível consegue dar o tom para como todo o filme será. A fuga de Cecilia da grande mansão envidraçada que vive com seu parceiro mostra a preocupação dos produtores com os detalhes técnicos, como a edição de som, e os efeitos visuais para criar essa atmosfera sombria e angustiante.

Claro, as explicações para diversas questões são respondidas para deixar o longa com um ar moderno mesmo que abraçar a surrealidade de uma pessoa invisível andando por aí vá por conta do espectador, mas que não afeta propriamente o longa. E talvez, essa nem seja a ideia e proposta que O Homem Invisível queria passar, e sim, uma mensagem sobre combater seus medos sejam eles visíveis, e na figura de outras pessoas, ou invisíveis, aqueles mais íntimos, os nossos próprios medos.

Elizabeth Moss mostra sua competência mais uma vez, e consegue fazer a transição entre a TV para cinema de uma forma louvável. Em O Homem Invisível, a atriz acaba por ser realmente o grande destaque do filme, em que sua atuação acaba por eclipsar diversos outros pontos positivos (e negativos) que o longa possui.

Com uma piscadela para a versão original de 1933, O Homem Invisível faz uma ótima atualização para os tempos modernos, e para os fãs do gênero o filme acaba por ser, finalmente, a entrada das produções terror em 2020 com o pé esquerdo. Demorou, mas chegou, e aqui temos com O Homem Invisível uma grande surpresa. 

Nota:

O Homem Invisível chega em 27 de fevereiro nos cinemas.

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