O Grito | Crítica

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Numa nova versão da história japonesa temos aqui, novamente, a Sony Pictures olhar para suas obras antigas, e tentar as revitalizar para novos públicos. E O Grito (The Grudge) de 2020, acaba por se sair mais como um pequeno soluço, num filme que decepciona e não se garante nem como drama, e muito menos como terror. 

Andrea Riseborough in The Grudge (2020)
O Grito | Crítica | Foto: Sony Pictures

Aliás são poucas coisas que salvam a nova versão marcada por um elenco inchado, e uma história que apenas vaga sem muito ter o que explicar ou contar. Em O Grito, vamos acompanhar a detetive Muldoon (Andrea Riseborough), recém chegada na delegacia, que ganha um novo parceiro, o detetive Goodman (Demián Bichir), e pega um caso estranho logo nos seus primeiros dias que se conecta com uma casa que está sempre vazia, mas já teve muitos moradores ao longo dos anos, e que eles sempre morreram de formas misteriosas e bastante violentas.

Assim, o roteiro de O Grito – escrito por Nicolas Pesce e que também dirige o filme – leva o espectador pelas histórias de cada um desses moradores, e desenvolve sua trama de uma forma desconexa, e espaçada por diversos momentos e épocas. Fica claro a intenção dos roteiristas em criar um tipo de narração no estilo da série This Is Us, onde aqui o único denominador comum é que todos esses personagens estão ligados pela casa, e pela maldição que o lugar impõe para aqueles que entram lá.

Assim, o filme peca em ter muitos personagens e muitas histórias para se contar, onde o espectador acaba por não conseguir, ou ter tempo, de se conectar com eles, e no final, se importar, afinal, sabemos que todos eles, lá no futuro, já partiram dessa para a melhor. O Grito usa esses pequenos fragmentos de histórias para criar algumas cenas carregadas com uma dose de tensão um pouco mais elevada, mas que acabam por ficar propriamente espaçadas ao longo do tempo, onde o filme não sabe as aproveitar e intercalar com a investigação policial, e até mesmo, com os dramas que esses personagens querem passar.

Lin Shaye in The Grudge (2020)
O Grito | Crítica | Foto: Sony Pictures

Em O Grito então, temos o casal que não podem ter filhos (interpretados pelos ótimos Betty Gilpin e John Cho completamente desperdiçados), uma família inteira que morreu num massacre, e até mesmo, um casal de idosos (Frankie Faison e Lin Shaye) que lidam com o tema de suicídio assistido.

Assim, ao longo do filme vemos como a maldição os levaram a cometer atos terríveis, e no final, morrem de uma forma bastante violenta. O Grito não consegue unir tudo isso, e apenas, vaga pela investigação da policial Muldoon, que também tem seus próprios dramas mostrados ao longo do filme, e de como todos os outros moradores da casa, e de quem já pisou lá em algum momento, morrem.

O ritmo serializado e a falta de não se aprofundar nos personagens, e realmente criar um sentimento de urgência sobre o destino deles, faz de O Grito um filme que parece não saber aonde quer chegar, além do fato de o destino desses personagens estarem selados do momento que pisaram no lugar, até lá na frente se matarem, e matarem os seus entes queridos.

O Grito consegue entregar uma história embolada, mas que para os fãs do gênero acaba por soar simples e muito direta em sua proposta mesmo que filme até tente criar uma atmosfera convidativa com um casarão escuro e macabro, e ainda, com as alucinações dos personagens. Com O Grito, infelizmente, o gênero do terror começou o ano com pé errado.

Nota:

O Grito chega nos cinemas em 13 de fevereiro.

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