Mentiras Perigosas | Crítica

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O quanto de reviravoltas e surpresas um filme precisa ter para ser considerado um bom suspense? Alguns uma só, uma bem chocante e que muda toda a dinâmica vista na história, outros é preciso várias, e em pequenas doses ao longe da duração para fazer acontecer.

O último filme que acertou fazer isso com sucesso foi Entre Facas e Segredos (2019), portanto não se engane Mentiras Perigosas (Dangerous Lies, 2020) está longe de parecer com o filme de Ryan Johnson por mais que tente desesperadamente copiar algumas ideias, personagens e arcos narrativos.

Mentiras Perigosas | Crítica

Mentiras Perigosas falha em criar uma dose de suspense que consiga nos deixar apreensivos na expectativa de saber o que irá acontecer com os personagens. O longa atira para todos os lados como se fosse uma metralhadora de possibilidades para resolver alguns dos mistérios do filme, e tenta fazer com que todos os personagem se passem por culpados, ou claro, que todos tenham alguma segunda intenção por trás de suas motivações.

E para isso, o longa trabalha a ambiguidade de seus personagens desde das primeiras cenas. Mentiras Perigosas coloca um casal na mira de uma conspiração de assassinato, onde Katie (Camila Mendes) e Adam (Jessie T. Usher) navegam por uma espiral de más decisões, e também por alguns conflitos éticos. A quantidade de coisas que acontecem com os dois ao longo do filme é realmente impressionante de surreal, e que parecem serem tiradas de uma série ruim escrita por Shonda Rhimes nos seus tempos de ABC.

O constante conflito em precisarem estarem sempre na busca por dinheiro, faz a dupla de personagens embarcarem em uma série de escolhas polêmicas no minuto que Katie consegue um trabalho como cuidadora de um senhor idoso (Elliott Gould) que vive sozinho num casarão. Mentiras Perigosas assim cria pistas, como se fosse um grande novelo de lã, onde tenta desparamente fazer como que o espectador siga seu caminho até o final e encontre a ponta.

O problema que ao longo do filme, o roteiro de David Golden flerta com diversas outras possibilidades que poderiam ser muito mais divertidas de se acompanhar, e muito mais ousadas em termos de desenvolvimento de história. Poderia o casal ter aplicado eles o golpe no senhor para que ele deixasse a mansão para eles? Poderia só o marido ter bolado o plano todo? Ou somente a mulher? Ou a detetive envolvida no caso?

Mentiras Perigosas | Crítica | Foto: Netflix

Mentiras Perigosas flerta com todas essas possibilidades apenas para entregar um final pouco satisfatório ou inspirado. Se fosse um filme interativo Mentiras Perigosas seria muito mais interessante. Mas como não é, que ficamos com a atuação mediana de Camila Mendes que parece saltar da TV, vista no hit Riverdale, para os filmes de uma forma bastante interessante, onde definitivamente vemos o potencial da jovem atriz no futuro.

O mesmo vale para seu colega Usher que consegue nos deixar um pouco intrigado sobre a verdadeira natureza de seu personagem. Atores mais conhecidos do público como Jamie Chung e a Sam Gigandet, fazem papeis pequenos e completamente opacos, onde no minuto que aparecem em tela as reais intenções de seus personagens são sacadas.

Como suspense, Mentiras Perigosas é falho, e como drama faz um longa que sofre para ser no mínimo razoável.. e nessa enxurrada de conteúdos disponíveis para essa quarentena, temos certeza que você achará alguma coisa melhor para assistir. A oferta é ampla, basta procurar.

Nota:

Mentiras Perigosas disponível na Netflix.

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