Depois da trilogia de Jurassic World estrelada por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard (e que querendo não, todos arrecadaram 1 bilhão de dólares em bilheteria) pareceu que esses dinossauros também iriam entrar em extinção durante um tempo. Mas não foi o caso, e a Era Glacial não chegou para os dinossauros na Universal Pictures, já que rapidamente um novo filme da franquia foi anunciado não dando tempo dos outros esfriarem.
E em Jurassic World: Recomeço (Jurassic World: Rebirth, 2025), talvez, os nomes no elenco se sobrepuseram a atração principal que era os dinossauros. O novo longa seria liderado por Scarlett Johansson, em uma nova franquia após sair da Marvel e depois de ter circulado um pouco nos filmes de arte; por Mahershala Ali depois de anos ainda tentando entrar na Marvel; e claro um dos queridinhos dessa nova safra do momento, o carismático Jonathan Bailey.

E claro, outra coisa que chamou atenção foi que o longa teria direção de Gareth Edwards que fez Rogue One e entregou o sólido Resistência, um longa de ficção científica que passou batido por muitos. Jurassic World: Recomeço parecia uma receita de sucesso para o recomeço da franquia e que daria sequência para a trama, e claro, daria continuidade ao uso da propriedade intelectual pelo lado da Universal Pictures para alimentar a máquina de Hollywood. Mas por mais que divertido e com bons personagens, Jurassic World: Recomeço é um filme que joga seguro no que apresenta.
Não é totalmente ruim, nem bom, mas ao mesmo tempo parecia que precisaria de um tempo a mais para evoluir algumas ideias e conceitos que são introduzidos para esse novo, e possível, início da franquia. A ideia geral que o filme apresenta, em que a humanidade possa se beneficiar com os dinossauros e seu material genético é muito bacana, e que os dinossauros se tornaram alguma coisa obsoleta e que não despertam a atenção e a curiosidade do público como antes (em contrapartida aos eventos apresentados nos primeiros filmes da nova trilogia) ajuda a trama a se formar, mas, ao mesmo tempo, fica claro que o time de Jurassic World: Recomeço quis trabalhar muitas outras coisas junto com isso e que de certa forma atrapalhou o que efetivamente queria ser contado aqui.
Talvez, isso se espelhe no trabalho do roteirista David Koepp que entrega com Jurassic World: Recomeço o terceiro filme no ano (junto com Presença e Código Preto). Koepp, que co-escreveu o longa original de 1993, pareceu uma boa ideia, mas pelo visto ficou só no papel. Afinal, se a trama ficasse só no trio principal de Johnson, Ali e Bailey e na missão dos personagens de recuperar as amostras de três dinossauros enquanto o personagem de Rupert Friend pagava pela viagem, tava tudo certo.

Afinal, teríamos um filme redondinho de ação, como se fosse um grande filme de assalto, que teria dinossauros numa ilha onde experimentos rolaram e o lugar era um dos mais perigosos do mundo. Pô seria bacana, seria show. E o filme até tem isso no começo, que é muito bom quando vemos os experimentos serem conduzidos no laboratório da ilha e que se passam 17 anos antes dos eventos filmes neste novo capítulo.
as Jurassic World: Recomeço tem uma outra subtrama que ficou bem escondida da divulgação que é de uma família, os Delgados (Manuel Garcia-Rulfo, Luna Blaise e Audrina Miranda e David Iacono) que se une com os mercenários e acaba por dar um sentimento de filme para a família que o longa não precisava ter. Mas tem. E aí que Jurassic World: Recomeço tropeça e faz como um t-rex querendo pegar alguma coisa com braços curtos.
Por que o começo do filme, onde vemos Martin Krebs (Friend, total com cara de vilão), um executivo representante de uma grande empresa farmacêutica por recrutar uma soldada de operações especiais que pensa em missões ilegais como uma forma de ganhar dinheiro chamada Zora (Johansson bem confortável no papel). As indas e vindas de discussões são bem vindas, e tanto Friend quando Johansson estão muito bem. E logo em seguida, eles incluem outra pessoa nessa dinâmica. Já que os dois precisam ir atrás de recrutar também um paleontólogo chamado Dr. Henry Loomis (Bailey, transbordando carisma), onde Jurassic World: Recomeço tenta repetir aquele sentimento de aventura dos primeiros filmes com uma coloração e uma fotografia mais amarelada, com o uso de uma trilha sonora igual nos filmes clássicos de Jurassic Park, e que apela para a nostalgia.
Fica claro que estamos vendo um filme moderno, mas que remete aos filmes antigos e isso é muito bonito de ver e assistir. É sim uma bela homenagem e que ativa os sentimentos nostalgias que há anos tenta-se replicar dos primeiros filmes. Mas ao mesmo tempo, tudo em Jurassic World: Recomeço é extremamente conveniente de se assistir. Narrativamente falando. E realmente o time que Zora monta, liderado pelo outro colega operações especiais em que ela tem um passado Duncan Kincaid (Ali), talvez, sejam profissionais muito bons no que fazem, afinal, já na primeira hora de filme aproximadamente eles já conseguem a primeira amostra de um dinossauros que vive no mar.
A cena é bem divertida, grandiosa, cheia de acrobacias e desafios, mas como a trama já correu para organizar o time e os levar para a linha do equador parecia que estava tudo muito fácil para esses personagens que vão lutar contra os predadores mais letais do mundo, né?
Até que surge a família perdida no meio do oceano em que o grupo resolve salvar (mesmo eles estando 14 km de distância e isso custaria milhões de dólares a mais, como é bem pontuado por um dos personagens). Particularmente não acho que o plot da família seja bem o problema de Jurassic World: Recomeço e sim o roteiro que pareceu uma coisa meio remendada e frankenstein como se quisesse contar dois tipos de filmes: um mais de ação e com uma pitadas de terror e outra mais “classificação livre” e uma aventura da sessão da tarde com a criança Isabella (Miranda, muito carismática) fazendo amizade com um dinossauro filhote enquanto o pai (Garcia-Rulfo), a irmã mais velha Tereza (Blaise) e o namorado dela, o irritante Xavier (Iacono) tem a dinâmica pai-filha-e-genro.
É tipo o que deu errado também em Jurassic World (2015) quando era mais legal acompanhar o personagem de Chris Pratt em vez dos sobrinhos de Bryce Dallas Howard circulando pelo parque. E ao mesmo tempo que a trama afeta o ritmo do filme, não dá para negar que Edwards segue a fazer boas cenas e que transforma algumas passagens em momentos realmente épicos de bacanas de se assistir na telona. Claro, não são todos os dinossauros que tem bons efeitos especiais, mas a cena do T-Rex perseguindo a família na floresta pelo rio e até mesmo o grande dinossauro geneticamente modificado do final é bem feito (mesmo que parece saído de um filme Alien).
No meio de grande conveniências, algumas coisas na trama que você fica: hum sei não comprei isso ai, Jurassic World: Recomeço entrega um bom divertimento, sem dúvidas. O trio principal de atores sustenta pelo carisma e por serem bons personagens (mesmo que são pouco desenvolvidos) e o grande conflito acaba por serem eles querem contribuir para o capitalismo ou quererem dividir o conhecimento da missão com toda a humanidade.
No final, Jurassic World: Recomeço lida com temas complexos e meio cabeçudos de uma forma simples, algumas vezes simples demais e extremamente pobre narrativamente, Mas, também, fica claro, que, às vezes, o público só quer ver um bando de pessoas correndo de dinossauros por aí e que alguns objetos refletidos no espelho estão mais próximos do que parecem.
Jurassic World: Recomeço chega nos cinemas em 3 de julho.