Inventando Anna | Crítica: Shonda Rhimes cria uma nova e viciante série inspirada em eventos tão surreais que parecem inventados

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Quem é Anna Delvey? Ou Anna Sorkin? É com essa pergunta que Inventando Anna, a nova série da Shondaland trabalha sua trama durante o curso dos seus 9 episódios. E ao longo deles, temos as mais variadas respostas na medida que vemos a jornalista Vivian Kent, interpretada aqui pela atriz Anna Chlumsky, se debruçar em tentar descobrir o que fez uma jovem aparentemente normal, com menos de 30 anos, conseguir aplicar os mais diversos golpes na alta sociedade de Nova York e consequentemente acabar sendo presa.

Seria bom se você parasse de pensar em mim como todo mundo… tipo como garota básica, sabe?” diz Anna (Julia Garner, a vencedora do Emmy por Ozark e aqui de olho em um novo prêmio agora como protagonista) durante uma das visitas de Vivian à ela já na cadeia. Na tentativa de salvar sua carreira, a jornalista vê na história de Anna uma forma de dar a volta por cima com uma matéria que envolve um grande trabalho de investigação e apuração. Claro sem que seu chefe saiba.

Inventando Anna Netflix
Julia Garner em cena de Inventando Anna
Foto: Aaron Epstein/Netflix © 2021

E assim, Inventando Anna é a formação desse mosaico (ah lá a abertura da série) que vai levar o espectador para dentro das descobertas de Vivian sobre esse caso e todas as partes mais malucas que ela possa trombar. Inventando Anna faz o espectador mergulhar nesse jogo de xadrez com a assinatura de Shonda Rhimes onde fama e status são o prêmio final. E Inventando Anna faz definitivamente uma produção da Shonda Rhimes. Uma viciante seja pelo texto, pelas atuações ou por o quão maluco é essa história.

A questão com as produções da Shonda Rhimes é que realmente não são superproduções com alguma coisa muito rebuscada: é o dia a dia de médicos, estudantes universitários envolvidos em assassinatos, a alta sociedade inglesa atrás de partidos amorosos, mas tudo da forma mais simples possível, talvez pelos anos da produtora na TV aberta, até Rhimes chegar no mundo do streaming. Mas ter o selo By Shonda Rhimes significa que você vai se divertir e muito nesse passeio.

Aqui, em Inventando Anna o que temos é isso, quando temos momentos bons ELES SÃO MUITO BONS e fazem todo o resto valer muitíssimo a pena.  Isso é a grande diferença entre a mega produtora e bem todo mundo hoje em Hollywood. Rhimes conseguiu inventar um tipo de grife que aqui em Inventando Anna a consolida como umas das produtoras mais versáteis e empolgantes que já aconteceram em Hollywood, onde claro seu novo projeto na Netflix é o próximo must binge da plataforma, sem dúvidas nenhuma

E fica claro na medida que os episódios se desenrolam que não é Anna que quer alguma coisa (a meta final é garantir um prédio no coração de Nova York para a criação de um espaço cultural onde os valores chegam na casa dos 300 milhões de dólares). ​​ Todo mundo quer um pedaço de Anna. O seu advogado de defesa, Todd (Arian Moayed), a repórter interpretada por Anna Chlumsky (aqui irritante ótima), a amiga camareira/cineasta Neff (Alexis Floyd), o membro da financeira que começou as aprovações para Anna conseguir dinheiro (Anthony Edwards), as novas amigas Rachel (Katie Lowes) e Kacy (Laverne Cox), um dos ex-namorados (Saamer Usmani)  e tudo mais.

Inventando Anna Netflix
Julia Garner e Kate Burton em cena de Inventando Anna
Foto:

Fica claro que todos os personagens que orbitam o furacão Anna em algum momento queriam alguma coisa dela (e muito deles figurinhas carimbadas de outras produções de Rhimes como Kate Burton e Jeff Perry vistos em Grey’s Anatomy e Scandal), e claro que todos eles caíram na lábia da jovem em algum momento dessa trajetória meteórica dela em Nova York.

Assim, a carismática Julia Garner dita o tom da atração com as diferentes facetas de Anna que com uma esperteza sem tamanha conseguiu enganar a alta sociedade de Nova York como uma suposta herdeira alemã. Garner entrega uma atuação formidável e assume o posto de protagonista aqui ao longo que vemos Anna se safar das mais complicadas situações. Foram contas de hotéis caríssimos não pagas, jatinhos particulares emprestados, compras e mais compras nas lojas mais exclusivas, festas e mais festas. Tudo isso aliado com um olhar fuzilante e uma boa conversa, e claro, muitas selfies no instagram. Inventando Anna é a máxima do ditado “finja até você conseguir.” e como a Promotora do caso (Rebecca Henderson) diz em um dos episódios… “Ela é tudo de errado com os EUA. E ela nem é americana.”

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Anna Chlumsky em cena de Inventando Anna
Foto: Nicole Rivelli/Netflix © 2021

Ao longo dos episódios, Vivian, e nós como espectadores, consegue criar um mapa muito bem criado sobre as intenções e as motivações de Anna e por que muitos dos envolvidos quiseram deixar tudo isso escondido. Inventando Anna cria uma certa complexidade para a figura de Anna muito mais que apenas uma jovem aplicando golpes por aí, vai à fundo na personalidade intrigante dessa figura e como a alta sociedade move e gira.  O seriado passa por diferentes fases desse grande golpe que Anna arquitetava e que sempre tinha um aliado da vez que começa logo depois a juntar as peças e ver que as coisas não batiam. 

No final, Inventando Anna faz uma mistura de jogo de gato e rato (É Anna vs a jornalista Vivian Kent), com investigação criminal e uma grande “trama de assalto” onde os olhos estão sempre no próximo esquema. A série é inspirada no artigo “How Anna Delvey Tricked New York’s Party People” (“Como Anna Delvey Enganou os Socialites de Nova York”, em tradução livre), publicado pela New York Magazine e de autoria de Jessica Pressler.

E o que temos aqui é o selo Shonda Rhimes numa história atual e impressionantemente maluca e que poderia ser muito bem inventada.

Inventando Anna chega em 11 de fevereiro na Netflix.