Fortuna | Crítica 1ª Temporada: Ricaça excêntrica de Maya Rudolph é pura e despretensiosa comédia

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2011

Parece que finalmente estamos na Era Maya Rudolph no streaming. Depois de passarmos por Tina Fey e Amy Poehler, Melissa McCarthy, por Kristen Wiig e Rose Byrne chegou o momento da comediante que esteve com algumas dessas atrizes em Missão Madrinha de Casamento (2011) receber os holofotes. E com dois projetos que prometem no ano, fica claro que com Fortuna (Loot no original), é a hora e a vez de Rudolph receber o destaque merecido.

E já aviso… quem vencer o Prêmio de Melhor Atriz em Série de Comédia no Emmy no próximo setembro venceu, pois na próxima temporada, Rudolph vai para as cabeças novamente, deixa de ser coadjuvante e assume seu papel de protagonista. E principalmente depois da sua tripla indicação em 2020 (levou duas estatuetas, das três, para casa), já digo que a presença da atriz promete ser uma das apostas para a categoria lá na frente, sem dúvidas.

Fortuna
Maya Rudolph em cena de Fortuna
Foto: Courtesy of Apple

Em Fortuna, a atriz entrega pura comédia, é comedy gold, onde Rudolph realmente se destaca com sua personagem, uma ricaça excêntrica e deslumbrada que se vê no meio de um divórcio, de receber 87 bilhões de dólares por conta do acordo, e que precisa dar um novo rumo para sua vida. E ela tem 87 bilhões de chances para fazer isso acontecer. E da forma que quiser, e do jeito que quiser. Basta estralar os dedos que as coisas acontecem. Mas será que para ela, na casa dos 40 anos, é o bastante?

Em boa parte dos seus episódios fica claro que Fortuna só acontece por causa que Rudolph é quem faz o seriado acontecer. Seja por conta do seu timing cômico excepcional, quanto por sua comédia corporal física, Rudolph carrega o seriado ela mesma nas costas. É o papel chave que faz tudo cair ao seu redor. Talvez nas mãos de outra atriz, a Fortuna não conseguisse sair no mesmo tom, ou na mesma intensidade cômica, que se apresenta. O seriado navega pelo mundo dos 1% de uma forma satírica, divertida, surreal e extremamente pirada para mostrar como a personagem vive agora que está solteira e com uma tonelada de dinheiro em sua disposição. 

Mesmo com esse tom um pouco mais fantasioso no estilo Unbreakable Kimmy Schmidt, misturado com a acidez dos esquetes do Saturday Night Live que Rudolph contribui por anos com suas colegas citadas acima, Fortuna dá certo. E em sua segunda série como protagonista, Rudolph consegue mostrar que realmente é uma nota grande no meio também. Fortuna começa quando a bilionária Molly Novak, que vive uma vida de luxo e grandes iates e festas, descobre que seu marido de mais de 20 anos (Adam Scott também num bom ano na AppleTv+) a traiu com sua assistente. 

Com um divórcio bem público, memes sendo feitos, e o caso destroçado pela mídia, Molly precisa encontrar seu lugar no mundo como uma pessoa e não como apenas, a terceira mulher mais rica do país, e a proprietária de 87 bilhões de dólares. A série começa lentamente a desenvolver as consequências que o divórcio desse casal de bilionários traz, mas sem perder o tom cômico e afiado, a mostrar como ela, e seus bilhões, vão navegar por essa nova fase de sua vida.

Fortuna
Michaela Jaé Rodriguez e Maya Rudolph em cena de Fortuna
Foto: Courtesy of Apple

Criado pela dupla Alan Yang e Matt Hubbard, que já trabalharam com a atriz em outros projetos como The Good Place e Forever, fica claro que o texto é muito pautado nos trejeitos e no estilo de atuação que Rudolph tem. E ao unir essa expansiva, podre de rica, e um pouco delirante, bilionária com os basicamente normais e certinhos funcionários da organização de caridade que está no nome de Molly é um acerto enorme. Principalmente pelo fato que a CEO da fundação, a rígida e controladora Sofia (Michaela Jaé Rodriguez, ótima), é uma figura completamente oposta à Molly e que o seriado consegue mostrar que essa relação entre elas é que vai ser o que sustentará a comédia na medida que Molly decide trabalhar no lugar permanentemente.

Assim, Fortuna parece que ganha ares de comédia de escritório na medida que a bilionária resolve ir trabalhar das 9h-17h no local para o desespero da executiva certinha. Molly então, leva também, seu assistente descolado e julgador Nicholas (Joel Kim Booster) para lá, onde ambos entram de cabeça, e ótimos figurinos, no mundo corporativo. Assim, a figura dos dois se choca com os personagens dos mais diversos tipos que já circulavam por outras séries do gênero. É o caso do super otimista Howard (Ron Funches), um parente distante de Molly e fã de cultura nerd e geek, da jovem Ashley (Stephanie Styles) e do contador, recém divorciado e que pode servir como um novo casinho para Molly, chamado Arthur (Nat Faxon) e outros mais.

Os primeiros episódios servem para ditar o tom e dar a chance para o público se acostumar com a atração e um pouco de sua excentricidade, seja do texto ou da forma como Rudolph constrói Molly, e tom um pouco mais amalucado que os casos do dia no escritório vão se desenvolver.

Com histórias que nos mostram o choque entre a figura de Molly com o mundo real (a cena do discurso da abertura do Centro de Acolhimento é muito boa por todos os motivos errados, por exemplo), um excelente elenco, e a forma como os roteiristas estão por desenvolver a jornada de Molly em sua própria busca por se autoconhecer, fica claro que Fortuna já pelo menos nesse começo me conquistou. Chuva de dinheiro até agora.

Fortuna chega em 24 de junho na AppleTV+ com três primeiros episódios.

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