Finch | Crítica: Tom Hanks, um cachorro, e um robô num conto de sobrevivência e amizade

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Um homem, um cachorro e um robô entram em um bar… poderia ser uma piada mas é basicamente o que podemos esperar de Finch (2021), o novo filme do ator Tom Hanks para a Apple TV+.

O que temos aqui nada mais é que mais uma produção de um grande estúdio que foi vendida para a gigante de tecnologia e mais uma estrelada pelo veterano ator de Hollywood. E novamente é um show de um homem só, clássico Hanks. Se Greyhound (2020) foi marcado por ser um filme de guerra, de época, e com bons efeitos especiais, Finch, por outro lado, pode ser descrito como um filme futurista, de ficção científica, e também com bons efeitos especiais.

Tom Hanks em cena de Finch
Foto: Apple Studios

A diferença é que o roteiro de Craig Luck e Ivor Powell capricha muito mais nas relações humanas e nas interações entre esses três personagens principais para fazer Finch dar certo. É como se tivéssemos Tom Hanks num manual de como sobreviver ao fim do mundo, onde Finch entrega uma bonita história sobre amizade em tempos de apocalipse. Logo de cara somos apresentados para a figura de Finch (Hanks aqui muito bem!), um homem que vive sozinho e precisa enfrentar uma grande tempestade de areia que se aproxima da onde ele está. Ele veste uma roupa especial e vê uma grande tempestade se aproximar.

Pouco sabemos sobre quem é essa figura, seu passado, e o que realmente acontece, ou o que aconteceu com o mundo e quais foram as causas que levaram o nosso planeta para esse momento específico de abertura do longa do diretor Miguel Sapochnik. É como se fossemos Dorothy jogada no mundo de Oz depois do furação, não sabemos nada, apenas vamos com o ritmo da narrativa. Logo em seguida, Finch leva um tempo para ambientar o espectador no cotidiano do protagonista e como ele vive sua vida ao lado do seu cachorro. Sapochnik usa músicas conhecidas e antigas para mostrar o dia-a-dia desse homem, e firmar um pouco das bases para essa história: como ele vive nessa base? porque ele vive lá? e a urgência de que por que ele precisa sair de lá também.

Assim, o longa nos apresenta – na medida que efetivamente vemos Finch terminar de construir – para a figura do robô. Fica claro que o personagem não está bem de saúde e que o robô servirá de apoio para ele nessa jornada, mesmo que ele diga que construiu o robô para o ajudar com o cachorro. E está vivo!! Na medida que o tal robô ganha “consciência” começa a jornada de Finch (e do cachorro!) em tentar configurar a máquina para seguir os comandos e ajudar o homem em sua viagem. As cenas que em o robô tenta dar seus primeiros passos e andar é muito divertida.

O relógio não pára e a natureza está muito bem, então esse trio inusitado e que acaba por formar uma família disfuncional embarca em um grande trailer rumo à San Francisco. Assim, Finch perde um pouco o ar mais denso e de ficção científica apresentado no seu começo e vira um divertido road trip movie, onde sabemos que o destino pode não ser o foco principal e sim a jornada que esses personagens vão passar com as aventuras e experiências que serão vividas por eles. Até pelo robô que tem poucas horas de vida como bem pontua Finch em um determinado momento do filme.

Tom Hanks em cena de Finch
Foto: Apple Studios

O ator Caleb Landry Jones (não muito conhecido do grande público) que dá voz ao robô (que sim ganha um nome em algum momento, nós prometemos!), juntamente com o time de produção, conseguem dar para essa máquina um tom muito jovial e divertido para esse personagem que é basicamente um bebê robô, mas que precisa aprender a como se virar nesse mundo apocalíptico. O trabalho de criação do robô em si, nos faz questionar como eles fizeram os movimentos, e a figura robótica desse personagem, e claro, suas emoções e novos sentimentos que ele desenvolve ao longo da viagem.

Uma das melhores cenas é quando o robô tenta dirigir o trailer pela primeira vez e leva uma bronca do cientista. E assim, boa parte do filme se dá com Finch por ensinar o robô a como sobreviver com suas regras e tudo mais.É muito curioso vermos como o personagem de Hanks e do cachorro se adaptam com a chegada do robô em suas rotinas. A relação pai e filho criada por aqui só é elevada pela incrível atuação de Hanks e o excelente trabalho vocal de Jones que acerta na criação dessa voz robotizada mas cheia de emoção e sentimento.

Finch trabalha na aproximação desses dois, e na forma como suas personalidades opostas, os ajudam a enfrentar essa viagem e o peso e a importância que ela representa para cada um deles. A cena onde a dupla invade um cinema antigo “Não podemos destruir a propriedade de ninguém, mas um pouco de força não fará mal” e que depois de repente em um hospital abandonado mas para frente no longa é cercada de doçura e leveza para depois Finch nos levar de volta numa rapidez impressionante para a realidade devastadora que esses personagens vivem, aqui marcada por uma variável muito mais perigosa que raios solares: humanos.

E na medida que a trama se desenrola, os roteiristas nos respondem diversas perguntas em aberto, e nos dão detalhes sobre o que realmente aconteceu com o mundo e da dificuldade enfrentada pela população nesse novo mundo. Num paralelo interessante com os eventos atuais no mundo, Finch faz um filme sobre esperança e sobre o poder que essa amizade tem para a sobrevivência de todos eles. A forma como o robô fala “Finchhhh” é uma das formas mais legais já criadas para robôs em filmes e ajudam a coroar esse filme de ficção científica como um dos mais sentimentais que existem. 

No final, o longa realmente se garante na relação homem e máquina onde nessa jornada, Finch e o robô, desenvolvem uma relação quase única que e foge da linha criador e criatura para alguma coisa muito mais forte e especial e que é muito bem trabalhada tanto pelo roteiro que consegue capturar as nuances do que é apresentado durante as longas horas na estrada e pelas atuações que conseguem de uma forma muito bonita expressarem para nós espectador.

Avaliação: 3 de 5.

Finch chega em 05 de novembro na Apple TV+.

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