Quando a Dra. Amy Larsen sofre uma lesão cerebral catastrófica, sua vida vira de cabeça para baixo. Essa é a premissa de Doc, a nova série que chega no streaming aqui no Brasil depois de ter sido a maior estreia* em 5 anos do canal americano FOX lá em Janeiro.
Inspirada na série italiana Doc – Nelle tue mani, o seriado acompanha a história da Dra. Amy Larsen (Molly Parker, indicada ao Emmy por House of Cards), a brilhante e obstinada chefe de medicina interna e familiar do Westside Hospital, em Minneapolis. Depois que uma lesão cerebral apaga os últimos oito anos de sua vida, Amy precisa navegar em um mundo desconhecido, onde não se lembra dos pacientes que tratou, dos colegas com quem cruzou, da alma gêmea da qual se divorciou, do homem que agora ama e da tragédia que a levou a afastar todos. Ela pode contar apenas com sua filha de 17 anos, de quem se lembra quando tinha 9 anos, e com alguns amigos dedicados, enquanto luta para continuar exercendo a medicina, apesar de ter perdido quase uma década de conhecimento e experiência.
Doc também é estrelada por Omar Metwally (The Affair), Amirah Vann (How To Get Away With Murder), Jon Ecker (Firefly Lane), Anya Banerjee (The Blacklist) e também Scott Wolf (Party of Five) e Patrick Walker (Lessons In Chemistry).
E a convite do Disney+ onde a série chega com 10 episódios iniciais e a já renovada para uma segunda temporada, falamos com as atrizes Molly Parker e Amirah Vann sobre a atração, os desafios de uma nova série médica e algumas outras curiosidades de bastidores.
Médica renomada perde memória e precisa voltar a trabalhar no trailer da série médica DOC
ArrobaNerd: Primeiro de tudo, com quantas pessoas vocês falaram na comunidade médica em preparação para a série?
Molly Parker: Nós tivemos um consultor maravilhoso no programa que esteve lá todos os dias e analisava exatamente o que os roteiristas queriam que façamos e depois ele ia lá e nos ensinava. Portanto, tivemos muito desses tipos de aulas. Eu tinha muitos livros didáticos à minha disposição. Mas eu nunca lia eles. [risos].
Amirah Vann: Eu tinha um que pareceu um tijolão perto da minha cabeceira e eu nunca abri!
Molly Parker: A verdade é que nós íamos aprendendo na medida que as coisas iriam acontecendo.
Amirah Vann: Tive uma conversa com um neuropsiquiatra que foi realmente muito legal. Só para ter uma ideia geral de como seria um dia na vida dela, e isso foi legal.
Molly Parker: Eu aprendi…. quer dizer, de certa forma, é incrível que você pode aprender qualquer coisa e qualquer procedimento está no YouTube. Portanto, você pode aprender muito sobre como ser um médico no YouTube hoje em dia, mas o mais interessante para mim foi a maneira como eles pensam, sabe, porque Amy é uma diagnosticadora, ela está procurando descobrir, sabe, resolver o mistério do problema médico desta semana. E a forma como elas fazem esse tipo de trabalho de detetive é realmente interessante.
ArrobaNerd: O que foi mais difícil para você: interpretar uma estrategista política em House of Cards, estar Perdida no Espaço (na série da Netflix) ou agora interpretar uma médica que é chefe de um hospital aqui em Doc?
Molly Parker: Meu Deus, todos esses são trabalhos muito difíceis. Quero dizer, cada papel que você desempenha tem desafios diferentes. Falando de Amy, acho que o desafio maior e a alegria de interpretar essa personagem é que ela não trabalha com um conjunto completo de informações. Sabe? Ela é esta mulher que, quando a conhecemos, já passou por um trauma emocional que mudou seu comportamento de uma certa maneira.
Então, ela sofre um acidente, perde oito anos de memória e, de muitas maneiras, sua história é sobre essa jornada de redescoberta, de descobrir quem ela é por meio de outras pessoas, por meio de sua melhor amiga, por meio de sua família, porque ela não consegue se lembrar de quem é, eles têm de lhe dizer quem ela era.
ArrobaNerd: Amira, How To Away With Murder tem muitos fãs aqui no Brasil e você interpretou a poderosa Tegan Price em algumas temporadas da atração. E aqui em DOC interpreta uma a Dra. Gina Walker. As duas personagens são LGBT. Você acha que estar em uma série da TV aberta com essas personagens ajuda na representação LBGT e qual é a importância disso?
Amirah Vann: É uma honra e um privilégio poder interpretar uma personagem que abraça isso. Eu o celebro. Acho que a visibilidade é importante. Recebi muitas mensagens de fãs de How To Get Away With Murder que se sentem vistos, e isso é uma grande honra (…) Eu represento essas mulheres incríveis e gosto muito disso.
ArrobaNerd: Eu assisti aos quatro primeiros episódios de Doc e acho que é uma série que tem muitas reviravoltas, revelações e acontecimentos, principalmente no primeiro episódio. Existe alguma uma surpresa que vocês acharam a mais surpreendente quando leram o roteiro da atração pela primeira vez?
Amirah Vann: Acho que, para mim, uma das minhas cenas favoritas é quando você descobre sobre seu filho no primeiro episódio. Para mim, isso representa uma mudança tão grande e a maneira como você interpreta isso é tão bem feita. Eu me arrepiei na primeira vez que a vi e, quer dizer, estar lá já foi poderoso, ver depois, também foi poderoso.
É uma notícia tão devastadora e, quero dizer, como você lida com isso quando sua última lembrança são eles na sua frente e, como mãe, quero dizer, às vezes, ainda não consigo assistir. Não consigo ver como você reagiu. Eles fazem a pergunta e eu me afasto porque sua resposta é tão crua e tão bonita que fico pensando: “Oh, muito real, muito real”.
Molly Parker: Essa cena é o pesadelo de todos os pais. É a pior coisa que pode acontecer. E, portanto, ter a honra de poder fazer isso e tipo entrar nesse cenário e ver como isso poderia se desenrolar, e como isso poderia parecer e como isso é de verdade. Sabe, acho que recorremos à arte e às histórias para lidar com algumas dessas coisas, para ter um lugar para exercitá-las. Mas foi difícil. Eu nem gosto também de assistir.
ArrobaNerd: E meio que isso é uma outra pergunta que eu tinha para você Molly. Já que como atriz você precisa interpretar a Dra. Amy em diferentes fases no pré e no pós-acidente. Como foi para você para entrar nessa personagem em cada uma delas? E vocês gravaram as cenas em ordem? Ou em blocos? Agora é o pré-acidente? Agora é o pós? Como foi para você?
Molly Parker: Eu vou te dizer que, especialmente nos dois primeiros episódios, logo no quando estávamos no começo da série, e que a trama se passa em várias linhas do tempo. Portanto, há alguns flashbacks, há alguns flashforwards. E eu, como Molly, a atriz, resolvei que tinha que ter um mapa no meu trailer. Eu tinha cartões com informações espalhados por toda parte, dizendo: “Ok, isso aqui e depois isso aqui”.
E, é claro, acabamos que não filmamos em ordem. Portanto, dá para descrever quase como um quebra-cabeça. É como se você estivesse montando um quebra-cabeça. Mas isso é o mais divertido para um ator. É como se você estivesse realmente montando realmente as peças de quem é essa mulher. Muitas vezes, especialmente na televisão, recebemos personagens que vivem dentro de certos parâmetros. Minha crença é que qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa a qualquer momento. Eu não posso. Tudo pode acontecer. E, devido ao cenário em que Amy se encontra, ela descobre quem era, quem achava que era e talvez não fosse, quem se tornou e quem quer ser daqui para frente. E quem ela quer ser daqui para frente é como todos os seus colegas, ela os leva para dentro dela e eles fazem isso juntos.
ArrobaNerd: A Dra. Amy e a Dra. Gina tem mais do que apenas uma relação profissional, elas são melhores amigas. Mas como foi para vocês, como atrizes, para criar a relação entre elas? E o que vocês descobriram sobre ela antes que vocês pudessem receber os roteiros?
Amirah Vann: Eu me lembra da primeira vez que nos reunimos para ler o roteiro, não a leitura de mesa oficial, mas quando fizemos a sessão de trabalho. E eu acho que foi a primeira vez que eu te conheci pessoalmente e olhei para você e falei: Ah isso aqui vai ser moleza. E nós nos demos muito bem, muito rápido.
Molly Parker: Pior que foi.
Amirah Vann: Foi muito natural. Acho que nós dois adoramos o trabalho que fazemos. Adoramos o desenvolvimento de personagens. Adoramos fazer perguntas. Sou uma grande admiradora do trabalho dela e, como pessoa, eu a amo. Isso torna o trabalho muito fácil quando você realmente se importa com a pessoa.
Molly Parker: Sim, e quando há esse tipo de segurança, sabe, é como um relacionamento de trabalho que torna seguro e que você pode se tornar íntimo da outra pessoa, e descobrimos isso imediatamente.
ArrobaNerd: A versão americana da série é baseada na versão italiana. Vocês assistiram a algum episódio da série original para se prepararem ou se basearam apenas no roteiro que receberam para o programa?
Molly Parker: Para mim, decidi não assistir antes de começarmos. Agora vou assisti-lo. Estou muito animada para assistir. [Essa entrevista foi realizada em Setembro do ano passado]. Sei que há muito amor por ele. Na Itália e na Europa, de maneira em geral é um sucesso. E, obviamente, esperamos que nosso programa se destaque ao lado dele. Mas eu queria muito chegar a esse projeto a partir dos nossos roteiros e realmente depender de nossos roteiristas para nos guiar.
Amirah Vann: Eu senti a mesma. Você sabe, você só quer ler o que está na página e ver o que acontecerá naturalmente no segundo dia como todo e isso é sempre bom. Mas estou ansiosa para ver a versão italiana porque, como todos sabemos, é um grande sucesso. Portanto, é muito empolgante ter isso para assistir.
ArrobaNerd: Séries médicas são bastante populares ao redor do mundo há anos e também alguns dos médicos da TV. De Scrubs para Grey’s Anatomy e House. Vocês tem algum médico ficcional favorito?
Molly Parker: Ah eu tenho alguns! Quero dizer eu amo House. Eu já assisti todas as temporadas e ele [Hugh Laurie] é um ator fantástico e criou um personagem tão atraente narrativamente falando e tão interessante. Mas recentemente eu … eu cresci vendo reprises de M*A*S*H e agora revendo anos depois, teve alguma coisa que eu amo nela. Tem um humor diferente, mas tem Alan Alda e excelentes figurinos.
Amirah Vann: Vou ter que concordar. Tá não sobre M*A*S*H, mas agora que você falou M*A*S*H. M*A*S*H era boa.
ArrobaNerd: Esta é minha última pergunta, mas a relação vocês com ir ao médico ou ir a consultas médicas mudou depois que vocês começaram a trabalhar na série?
Molly Parker: Sim!
Amirah Vann: Sim!
Molly Parker: Essa é uma excelente questão. Como minha mãe diz “quanto mais velho você fica, mais ir ao médico se torna seu trabalho.” É como se todos perguntassem às pessoas mais velhas: o que você faz com sua aposentadoria? E, na verdade, eles simplesmente vão ao médico o tempo todo. Mas eu comecei a ir e a observá-los, sabe? Eu tenho uma médica em particular que realmente acho brilhante. E eu pensei um pouco sobre ela para a Amy um pouco. Porque ela é inteligente e um pouco afiada. Dá para ver que ela é compassiva, mas não é boba. Eu confio nela. Sim, com certeza.
Amirah Vann: Eu me lembro de levar minha mãe ao médico enquanto estava gravando o seriado e estávamos na sala de emergência. Pois é. Ela está bem, graças a Deus. Mas havia tanto drama acontecendo, tipo um cara tinha sumido, eles estavam procurando por ele, e eu pensei: “Este é um episódio do nosso programa.” Sim, os riscos são altos. As apostas são altas.
Molly Parker: Acho que é um dos programas, tipo seriados médicos, que as pessoas adoram. Porque os riscos são altos. É vida e morte.
Doc chega em 14 de maio com todos os episódios disponíveis no Disney+.
* A estreia de Doc teve 16 milhões de visualizações em todas as plataformas que foi exibido nos primeiros 11 dias. Um aumento de 609% da audiência da exibição ao vivo. Foi a estreia mais vista do canal desde de 911: Lone Star (em 19 de Janeiro de 2020).
