Emily In Paris | Crítica 1ª Temporada: Série não se perde na tradução e entrega bons momentos

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A sinopse de Emily In Paris poderia ser bem essa: Garota (vai para França e) Veste Prada nessa divertida e bobinha série.

E eu poderia terminar o texto sobre a nova comédia da Netflix assim. Seria justo, afinal, diferente do voo EUA-França, Emily In Paris é curtinha, em termos de quantidade de episódios, duração, e claro, de atenção que você precisa ter com a série.

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Emily In Paris | 1ª temporada – Crítica
Foto: Netflix

E o grande atrativo, fica sim com a atriz Lily Collins que desfila figurinos incríveis, vive a vida sem preocupações, e quando elas existem, são resolvidas num passe de mágica, ou em menos de 5 minutos de episódio. Seja elas um desastre de relações públicas, um cliente em potencial com uma mão boba, ou o fato, que a jovem tem uma queda pelo seu novo vizinho francês bonitão.

Emily In Paris faz a vida ser mais simples, onde Darren Star (das séries Sex And City e Barrados No Baile) e seu time de roteiristas não complicam muito as coisas. É como vermos um francês usando boina e com uma baguete embaixo do braço… viu fácil? Emily In Paris navega entre as estripulias e peripécias que a Emily de Collins vive ao aceitar um trabalho na França, e acompanha todas as enrascadas que a jovem se mete ao tentar A) viver num país com uma língua completamente diferente B) viajar sem dominar o tal idioma e C) sem saber quase nada de uma cultura completamente diferente da sua. E claro que Emily In Paris não tem a mesma sutileza de abordar o tema igual Ted Lasso (AppleTV+) fez, mas mesmo assim, acerta no tom e não se perde na tradução.

Em Emily In Paris temos uma exagerada representação dos franceses pelos olhos de Emily, uma garota de Chicago que chega no país para trabalhar com marketing digital. A série parece estar cercada de croissant, arco-íris, e alta costura, e são as poucas vezes que realmente engata em uma história mais robusta e que não se perde em meio a festas, sotaques fortes, e qualquer personagem que esteja dando em cima da nossa protagonista naquela vez. Emily In Paris corre com sua trama como as modelos correm nas passarelas da semana de moda de Paris, sem preocupação com ninguém ao seu redor, mas sempre deslumbrante.

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Emily In Paris | 1ª temporada – Crítica
Foto: Netflix

E até certo ponto Emily In Paris consegue se segurar em seu charme, mas nenhum tudo são champanhe e flores, não é mesmo? A série sofre um pouco em criar personagens mais desenvolvidos mesmo que em grande parte são bastante interessantes, mas todos eles parecem que sofrem com uma falta de profundidade e em sua grande parte repetem suas piadas apenas para acenarem com qualquer desafio que Emily precisa enfrentar no episódio do dia.

É assim, com os funcionários da agência de marketing, os fofoqueiros Luc (Bruno Gouery) e Julien (Samuel Arnold), a nova melhor amiga que Emily faz em um parque, a babá-aspirante a cantora-herdeira chinesa Mindy (Ashley Park, engraçada e incrivelmente talentosa) que tem um arco narrativo bem bacana e rouba a cena toda vez que aparece, e ou ainda os diversos triângulos amorosos que pipocam na série.

Fora os clientes que parecem adorar serem dobrados pela analista de marketing/influenciadora digital que chega a França com menos de 48 seguidores, mas está pronta para comandar as principais marcas de Luxo no país. Enfim, Emily In Paris parece fazer uma caricatura do estereótipo dos personagens, coisa que funciona em algumas oportunidades, e outras não, mas não deixa de contar uma história divertida com a competente Collins, que acaba por ser o nome que mais chama atenção e realmente é o chamariz da série. Em Emily In Paris, é como se a Andy de Anne Hathaway tivesse uma prima que fosse para Paris trabalhar com uma versão menos importante de Miranda Priestly (Meryl Strepp) de O Diabo Veste Prada (2006).

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Emily In Paris | 1ª temporada – Crítica
Foto: Netflix

O embate entre Emily e a chefe francesa Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) circula muito das tramas apresentadas na série, e são infinitamente bem melhores do que vermos a garota andando por aí com o vizinho-chefe-capa-da-Vogue França Gabriel (Lucas Bravo) que vive por apresentar a cidade para Emily, e os dois exalam sexo, e pegação, em todos os episódios. E realmente, não dá para negar que Emily In Paris tem bons momentos, como o caso da revelação que envolve a jovem simpática Camille (Camille Razat), uma nova conhecida que Emily faz em meio a um de seus passeios pela cidade em 1×04 – A Kiss Is Just a Kiss, ou ainda, as sequências formada pelos episódios 1×05 – Faux Amis, 1×06 – Ringarde, ou ainda, a visita para a vinícola que os pais de Camille tem no 1×08 – Family Affair, e claro, no final de temporada que se passa na Semana de Moda de Paris, onde mais uma vez Emily precisa salvar seu traseiro (perdoe meu francês!), o seu trabalho e reputação, e descolar uma apresentação para um estilista temperamental e fã da série Gossip Girl.

Emily in Paris é aquela série sem descompromisso para assistir e desconectar por alguns momentos, que não exige muito da gente, e que lá no fundo não tem nada de errado com isso né meninas?

No final, a produção sabe que é esse tipo de produção que quer ser, e talvez, seja por isso que não se importe em investir muito em arrumar, e podar certas coisas que são muito prejudiciais para o seriado. É aquele tipo de prazer culposo que é feito assim, para nos entregar rápidas, instantâneas e coloridas boas horas. E não tem nada de errado com isso mon amour.

Emily in Paris disponível na Netflix.

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