Dupla Explosiva 2 | Crítica: A única coisa explosiva aqui é o tamanho da bomba que é a sequência

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Já começo a dizer que nem o humor afiado de Ryan Reynolds, o deboche de Samuel L. Jackson e o carisma de Salma Hayek conseguem salvar Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime (Hitman’s Wife’s Bodyguard, 2021) de ser um completo desastre. A sequência parece que só existe para tira o mérito do primeiro filme ter sido um filme de ação tão divertido e que para alguém, em uma sala de executivos dentro de um estúdio, ter tido a ideia de dar luz verde para uma sequência. 

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime – Crítica
Foto: David Appleby/Lionsgate

Em Dupla Explosiva 2, a única coisa explosiva que temos, além do nome do filme claro, é o tamanho da bomba que temos nas mãos. E que sua explosão é tão grande que poderia ser vista de longe. É tudo muito ruim, e olha que eu sou fã do primeiro filme hein? Assisto sempre que passa na TV aberta, sempre que entra em um novo serviço de streaming eu vou lá para dar meu view, pois realmente Dupla Explosiva (2017) é um filme de ação e espionagem que realmente me cativou. Mas aqui, com sua sequência, o fator “Vamos correr com uma sequência” sem ao menos termos uma história minimamente empolgante, e também a pandemia, prejudicam e muito o longa e sua proposta em transformar o projeto em uma franquia. Coisa que convenhamos nem Reynolds, nem Jackson, e nem Hayek precisam para suas carreiras. Principalmente o primeiro com uma tonelada de projetos vindo aí nos próximos meses. 

E Dupla Explosiva 2 apenas flerta com as coisas que deram certo no primeiro filme, a química em tela de Reynolds e Jackson retorna, por exemplo, mas sem a mesma intensidade. Eu particularmente acho que os dois personagens viraram uma paródia deles mesmos do primeiro filme. Já Hayek que serviu uma dose de risadas no primeiro filme, e a sua gritante personagem, a golpista Sonia Kincaid, ganham destaque no novo longa, mas ao mesmo tempo sinto que não temos uma história propriamente robusta e interessante o suficiente para podermos chamar de sequência. Talvez a grande graça de Sonia era termos ela em pequenas doses e não o tempo todo durante o filme?

Com direção novamente de Patrick Hughes, Dupla Explosiva 2 consegue apenas juntar diversas cenas uma ao lado da outra sem realmente entregar uma grande fluidez para contar essa história que continua amalucada igual ao primeiro filme. É como se tivéssemos uma divisão bem claro do que é o que e quando essas partes vão acontecer. É como se Hughes entregasse o que eles filmaram em blocos isolados e que não conversam propriamente entre si. Aqui a agora é a cena onde eles têm uma discussão em um carro no meio da Europa, corta para explosão, piada… Aqui é a hora que os personagens de Reynolds e Hayek são perseguidos e eles fogem em uma moto e temos piadas com os peitos da atriz.. corta explosão, explosão….aqui agora é a cena deles invadindo uma festa, explosão, uma piada pior que a outra, e etc etc.

Organicamente o filme não se desenvolve, as motivações dos vilões são extremamente mal apresentadas, um Antonio Banderas de dar vergonha, é realmente a ideia de se aprofundar no passado de Michael (Reynolds) apenas deixa o filme com um sentimento estranho de O que está acontecendo por aqui?  Na sequência, Michael ainda tenta retornar para seu posto como segurança de elite depois dos eventos do primeiro filme, mas sem sucesso. Assim, ele resolve ir para a terapia e tirar umas férias. Mas claro que isso não é possível quando Sonia (Hayek) aparece e sequestra o rapaz para eles irem em busca de Darius (Jackson) que foi raptado por um bando de mafiosos. A reunião entre Michael e Daris vem aí. E nenhum deles parece ser muito feliz com isso.

O trio de roteiristas Tom O’Connor, Phillip Murphy e Brandon Murphy, onde apenas Connor retorna do filme original, penam para incluir uma ameaça tão grandiosa quanto do primeiro filme. E aqui o trio parece mais interessado em deixar o grande conflito global de lado e focar no relacionamento do trio principal.  Enquanto eles tentam fugir do agente da interpol O’Neil (Frank Grillo), da CIA, e de diversas organizações de inteligência, eles precisam também fugir dos membros da máfia comandado pelo cartunesco vilão megalomaníaco chamado Aristotle Papadopolous (Banderas) que além de querer explodir metade da Europa, tem conexões com o passado de um dos nossos personagens principais que não fazem nenhum sentido e parecem que foram retiradas da mente de uma criança de 8 anos.

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime – Crítica
Foto: David Appleby/Lionsgate

Assim em Dupla Explosiva 2 nossos protagonistas passeiam pelos mais diferentes lugares do continente, sempre xingando um ao outro, onde deixam um rastro de destruição e piadas ruins por onde passam. Se esbocei uma risadinha foi muito. A grande graça do primeiro filme, onde tínhamos situações das mais surreais impossíveis acontecendo, eram que elas estavam dentro do aceitável para um filme do gênero. Aqui na sequência, elas retornam, mas não são extremamente vendidas para nós o público de uma forma bacana como no primeiro. Sinto que Dupla Explosiva 2 só entrega uma cena realmente boa, quando eles estão para invadir uma balada e precisam entrar disfarçados no local. Hayek com uma peruca loira, xingando deus e o mundo, até que Darius e Michael estragam tudo e quase fazem valer a pena ter esses personagens de volta. Eu disse quaaaaaaaase. 

No final, Dupla Explosiva 2 soa como um desperdício de tempo, de piadas, e de talento de três atores que realmente dão seus melhores aqui. O bom que pelo menos para Reynolds e Hayek o ano ainda está na metade e poderemos ver os dois em novos projetos. A viagem pela Europa e o dinheiro pela sequência deve ter valido a pena para os dois.

Avaliação: 1.5 de 5.

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime disponível nos cinemas pela Paris Filmes.