As Agentes 355 | Crítica: Elenco de atrizes conhecidas se reúne em um divertido e empolgante filme de ação

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O mundo da espionagem sempre foi sedutor para o cinema e para o espectador uma garantia de ver um mundo bem longe daquele que vive. Agentes que são secretos e também galãs, viagens pelo mundo, reviravoltas, aparelhos malucos, vilões sendo somente vilões para movimentar a trama e tudo mais.

E de um tempo para cá, esses tipos de produção tomaram um ar mais descompromissado onde tentava se apoiar numa dose de realidade, tanto na história, quanto nos personagens que as protagonizam, para entregar filmes de espionagem mais pé no chão, sem a dose de pompa ou pirotecnia que marcou por um tempo os filmes 007, por exemplo.

Sebastian Stan e Jessica Chastain em cena de As Agentes 355
Foto: Diamond FIlmes

E aqui, As Agentes 355 (The 355, 2022), que estão bem longe de serem As Panteras, conseguem completar todos os requisitos acima para um filme de ação. O maior diferencial que a produção oferece é mesmo o seu elenco principal de protagonistas badass e totalmente carismáticas. A combinação, e a diversidade, dos nomes envolvidos faz de As Agentes 355 um acerto no gênero e que promete aquilo que o material de divulgação diz que o longa é: algumas horas de porradaria e agentes mulheres numa trama de espionagem global. Nada mais, nada menos que isso. O que não deixa de ser extremamente satisfatório em sua proposta.

Theresa Rebeck e Simon Kinberg (que também dirige o longa depois de trabalhar anos na franquia X-Men) pegam todos esses pré-requisitos para um filme de espionagem e salpicam no roteiro para criar uma trama que ao mesmo tempo seja interessante de se acompanhar e que também siga uma certa cartilha onde o público saberá exatamente onde irá pisar na medida que o filme se desenvolve.Temos a agente que é deixada de lado de uma operação, mas seu espírito rebelde a fará investigar por conta própria, temos a agente com problemas de confiança por conta de traumas na sua infância, a agente que sabe tudo de computadores, redes de segurança e tudo mais.

Cada uma delas é apresentado na hora certa, e no momento certo para dar para As Agentes 355 o gás necessário que faz a história se desenrolar na medida que descobrimos que um dispositivo muito perigoso e capaz de acessar qualquer rede (é mais complexo que isso, e sempre alguém explica as especificidades técnicas no meio do filme, aqui no caso Lupita Nyong’o) que é roubado e cai na meio do mercado negro que tentará vender para aquele que pagar mais.

E assim, As Agentes 355 começa com todo mundo, todos os agentes da principais agências de inteligência do mundo, apontando a arma na cara de todo mundo, onde todo mundo está atrás do dispositivo e ninguém efetivamente viu ou colocou as mãos nele ainda.  É interessante vermos a missão da agente americana Mason Browne (Jessica Chastain, mais uma vez em um filme do gênero depois de Ava lá em 2020) com o parceiro Nick (Sebastian Stan no começo do que parece ser um bom ano para ele) dar totalmente errada na medida que eles chegam em Paris para se passarem como um casal em lua de mel e tentarem negociar o tal pacote com o dispositivo que está nas mãos (ou que eles imaginam estar) do soldado Luis Roja (Edgar Ramírez, fincando seu presença em Hollywood) que recuperou o objeto depois que uma operação colombiana envolvendo um cartel deu muito mais errado.

 A missão da CIA vai para o espaço na medida que outra organização de inteligência, a alemã, e sua agente, a durona Schmidt (Diane Kruger) também estão de olho no prêmio. Quando a localização do objeto se perde mais fácil que um turista pedindo informação em como chegar no Louvre, essas agentes se vê vem apontando a arma uma na cara de outra, no clássico meme do Homem-Aranha, e percebem se seria mais fácil elas trabalharem juntas em vez de atirarem uma na outra e deixarem o mundo ficar ameaçado por quem acabar comprando o aparelho.

Penélope Cruz, Jessica Chastain, Lupita Nyong’o e Diane Kruger em cena de As Agentes 355
Foto: Diamond Filmes

Com um ar de “girl power” e uma mensagem de sororidade que não chega a incomodar, As Agentes 355 coloca essas agentes juntas para caçar o dispositivo. Os destaques ficam realmente com as atrizes Penélope Cruz num timing cômico muito muito preciso como Graciela Rivera uma analista colombiana que foi recrutada para trabalhar com o agente de Ramirez e que sem experiência em campo acaba por entrar nessa história de cabeça e Nyong’o como Adiyeme, uma agente do MI6 “aposentada” que quer viver tranquilamente com o noivo enquanto trabalha com menos perigo, mas que volta para a ação enquanto é a única que consegue ler e entender o complexo código do programa e é atraída pela missão por Mason.

E As Agentes 335 não nos poupa disso, onde as cenas de ação são muito bem feitas. Desde da missão em Paris com uma perseguição alucinante pelas ruas da cidade, até mesmo por uma outra cena de perseguição, só que agora lá no Marrocos e que mostra o grupo atrás do dispositivo em um mercado que realmente é bem boa, passando por um grande leilão de obras de artes em Shanghai onde somos apresentados para a misteriosa Lin Mi Sheng (Fan Bingbing) em que as vestes causais dão espaço para cabelos bem feitos, joias, vestidos chamativos, e com Cruz com um destaque tremendo enquanto tenta flertar com um mafioso, até para o plot twist principal do longa que sinceramente você vê de longe chegar.

 As cenas de combate são intensas e brutais, e principalmente Chastain parece ter dado tudo de si e isso apenas deixa o longa com um ar mais realista na medida que as reviravoltas e revelações sobre quem trabalha com quem, e para quem, se intensificam nos momentos finais do filme, mesmo que o vilão seja uma completa caricatura do que possa ser um vilão de Bond.

No final, As Agentes 355 chega a empolgar por conta de sua explosiva combinação de diversos fatores. Se essa possível nova franquia merecia desaparecer assim como a primeira espiã americana com o número 355 fez na história sem deixar rastro? Absolutamente não, fica claro aqui a intenção de se começar uma franquia no estilo Missão: Impossível e Jason Bourne, mas será que as boas intenções de As Agentes 355 e as sequências de porradaria usando saltos altos são o suficiente? 

Avaliação: 3 de 5.

As Agentes 355 chega nos cinemas nacionais em 20 de janeiro.

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