Army Of The Dead | Crítica: Zumbis, bons personagens e uma extravaganza típica de Zack Snyder

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Se eu desse play em Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (Army Of The Dead, 2021) sem saber de nada, claramente diria que é um novo filme de Michael Bay, afinal a produção da Netflix entrega grandes explosões, personagens carismáticos, e mais de 2 horas de filme.

Mas aqui, Army of The Dead tem direção de Zack Snyder no seu segundo filme no ano (depois da sua versão de Liga da Justiça finalmente ter chegado), e fica claro que o longa de ação é pura e verdadeiramente uma produção com a assinatura do diretor. É o retorno de Snyder para o gênero depois de Madrugada dos Mortos (2004), onde Army Of The Dead faz, de verdade, um Zack Snyder Film, e entrega uma extravaganza visual, parte filme de assalto, parte filme de zumbi, bem divertida de se acompanhar.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas – Crítica
Foto: NETFLIX

E surpreendente o longe entrega bons personagens e trabalhar suas histórias ao longo do filme de uma maneira que temos uma certa substância na produção que faz bem mais do que apenas um filme onde temos zumbis correndo por aí, tiros, e sangue jorrando em tela. Snyder comprova mais uma vez que é um excelente construtor de Universos com Army Of The Dead, mesmo que mais uma vez o diretor precise parar, olhar o material que vem, voltar para a ilha de edição e aparar algumas pontas. Afinal, menos é mais. Army Of The Dead tem incríveis e desnecessárias 2h30min que poderiam ser condensadas em no mínimo 2h. Mas aí os fãs iriam querer um Snyder Cut de Army of the Dead, né?

Por mais que o ator Dave Bautista (Guardiões Da Galáxia, Aprendiz de Espiã) provavelmente não conseguiria segurar as pontas sozinhos, Snyder faz questão de cercar o ator com colegas que realmente conseguem se destacar e balancear suas aparições em tela, onde alguns até roubam as cenas. É o caso da atriz Nora Arnezeder como a coiote Lily que leva o grupo comandado por Scott (Bautista), junto com sua filha que ele não se dá bem Kate (Ella Purnell), para dentro da cidade de Las Vegas que agora é sitiada por um mar de zumbis depois que um zumbi zero (numa cena de abertura bem legal aliás) começa a formar um reino de mortos vivos.

E um parênteses, a cena dos créditos iniciais com a cidade tomada por zumbis, uma música empolgante (Viva Las Vegas do rei do rock Elvis Presley) e os nomes surgindo com um rosa neon que salta em tela fazem também um sólido começo para o longa. Mas voltando para os destaques, temos também  o ator alemão Matthias Schweighöfer como Dieter, um arrombador de cofres com muita energia e carisma, que faz uma dupla e tanto com o ranzinza personagem de Omari Hardwick, Vanderohe. E claro, Army Of The Dead tem uma última aquisição no elenco, que gravou suas cenas separada de todo o elenco, e foi incluída digitalmente na pós-produção, a atriz Tig Notaro que faz a pilota de helicóptero Marienne. Completam o grupo ainda os atores Ana de la Reguera (Narcos), Garret Dillahunt (Raising Hope) e Raúl Castillo (Looking), mas Army Of The Dead tem pouco tempo para desenvolver todo mundo, afinal boa parte deles vai morrer, não é mesmo?

E no meio dos gritos de zumbis, e na composição da fotografia que varia entre ser muito muito escura (clássico Snyder) e outras horas muito muito clara e com um filtro estranho para desviar a atenção principalmente das cenas onde Notaro está com grupo, Snyder acha tempo para introduzir todo mundo, as ameaças, e claro, o plano de assalto que o grande chefão Sr. Tanaka (Hiroyuki Sanada) propõe para eles: voltar para cidade de Las Vegas e roubar um cassino que tem em um dos cofres mais de 200 milhões de dólares escondidos.

O plot twist (afinal esses filmes do gênero sempre tem um): o governo americano planeja explodir a cidade o que dá para o grupo poucas horas para entrar, invadir o cofre, e sair com vida. Todo mundo vai sobreviver? Claro que não! E isso que torna Army Of The Dead ser ainda mais maluco e divertido.

O mais interessante fica na expectativa de sabermos quem da lista vai sair vivo e como, afinal, Snyder também garantiu que seus zumbis não fossem zumbis comuns, eles são zumbis descolados, quer dizer mais mortais, rápidos, e até mesmo inteligentes, eu diria. Eu não, Snyder que além de dirigir escreveu o roteiro do longa ao lado de Shay Hatten e Joby Harold.

Army of the Dead
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas – Crítica
Foto: NETFLIX

Colocar a ameaça do Rei dos Zumbis, do tigre zumbi (sim, temos um tigre zumbi!), além do tempo curto que eles precisam para realizar o assalto, dá um sentimento de corrida contra o tempo que bem não é sentido no filme, afinal Snyder leva um bom tempo para, como falamos, apresentar os personagens, suas motivações para aceitarem ir nessa missão suicida, e claro, quando lá apresentar as regras e todo um conjunto o que pode e que não pode dentro do reino dos zumbis. Sinto que Snyder está sob controle até um determinado momento do filme (lá pela parte onde efetivamente chegamos no cofre, sim eles chegam!), logo depois, o diretor precisa lidar com as consequências disso tudo e com uma gama de personagens que apresentou e nos fez se importar nas últimas quase 2 horas. E infelizmente, nesses momentos finais, mesmo que grandiosos e cheio de lutas, explosões e tiros, Army Of The Dead descarrila de uma forma tão sem freio que o espectador só fica esperando que o filme termine mesmo, ao contar a quantidade de personagens que não sobrevive aos zumbis.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas faz um bom filme de assalto, e também um bom filme de zumbi e sabe bem mesclar as duas coisas mesmo com alguns defeitos aqui e ali. Muito se dá pelas atuações de atores não muito conhecidos do público que aqui tem a chance de ficarem em destaque por alguns minutos. No final, Army Of The Dead é Jackpot! para a Netflix que dá seu pontapé para a temporada de verão americana com um blockbuster que deverá fazer bastante dinheiro para o streaming, no caso a máquina aqui vai mostrar muitos views. 

Avaliação: 3 de 5.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas disponível na Netflix.

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