A Sogra Que Te Pariu | Crítica 1ª Temporada: Rodrigo Sant’Anna leva humor mais popular para a Netflix com acertos e erros

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Descrita como a primeira sitcom nacional na Netflix, a comédia A Sogra Que Te Pariu chega na plataforma com uma das primeiras produções nacionais do ano. Liderada pelo comediante Rodrigo Sant’Anna, o seriado tem seus acertos e erros, mas é marcada por entregar um humor mais popular para os espectadores. O humor é simples, de questões do dia-a-dia e é aquele que deve ser divisivo entre os assinantes. Então se forem dar play vão na cabeça que, gosto é gosto, não é mesmo?

E A Sogra Que Te Pariu segue a cartilha e cumpre todos os requisitos para uma produção do formato que é vendida: o cenário que lembra um palco, as entradas bruscas de personagens como se estivessem em um teatro, as risadas que ditam o tempo das piadas, o tempo para a plateia dar suas reações e tudo mais. Quase como veículo de stand-up para Sant’Anna sinto que a atração tem momentos e piadas que funcionam e outros que não. Eu particularmente dei algumas boas risadas em alguns momentos, outras eu só olhava para o meu celular na esperança da hora passar mais rápido.

Aqui fica claro também as influências que Sant’Anna quer colocar em A Sogra Que Te Pariu. O comediante tenta criar uma Dona Hermínia (descanse em paz Paulo Gustavo) do povão, ligada nos 220v em uma casa que lembra o humorístico Sai de Baixo e até mesmo o seu próprio Tô de Graça. São as roupas e os cabelos chamativos, os bordões falados e repetidos à exaustão na tentativa de colar com o público, e a visão diferente de ver o mundo que a personagem tem que são uma das coisas que dão certo em A Sogra Que Te Pariu. E principalmente quando o ator tem parceiros em cena que conseguem gerar uma troca boa na medida que a atração apresenta diferentes pequenas histórias da personagem de Sant’Anna com todos os outros personagens que envolvem a atração.

a sogra que te pariu
Foto: Netflix

Algumas funcionam bem, principalmente quando a Dona Isadir é colocada em cena com a nora esnobe e nariz em pé Alice (Lidi Lisboa, boa aqui), ou com a colega de comunidade Fatima (Solange Teixeira, hilária) que começa a frequentar a mansão que agora a protagonista mora… já outras nem tanto. E aí que mora o perigo, por que quando começa a deixar, A Sogra Que Te Pariu se torna bem difícil de se acompanhar. Sinto que também que como toda sitcom, A Sogra Que Te Pariu tem personagens demais, que roubam minutos preciosos de outros que dão certo, e ficam em cena apenas por repetirem suas piadas, ou que só ficam por bater em uma numa mesma tecla, com a mesma piada o tempo todo.

É o caso do filho, e dos netos da protagonista, interpretados aqui pelos atores Rafael Zulu, Pedro Ottoni (mesmo que bem em poucas doses), e Bárbara Sut. Na trama, Carlos, e os filhos Jonas e Márcia, parecem só terem o mesmo diálogo e se apoiam constantemente nas mesmas piadas. Da parte do pai, é a relação com a mãe e estar no meio do conflito mãe e esposa depois que Dona Isadir vai morar com eles por conta da pandemia. Da parte dos filhos dele, um só sabe falar sobre o consumo de substâncias e a outra só sobre as relações com outros rapazes. O disco pouco é trocado aqui e isso prejudica em muito acompanhar a atração. O mesmo vale para a diarista Marinez (Daniela Fontan) que parece não estar ali para agregar na história de maneira orgânica, mesmo que Fontan entregue algumas passagens divertidas aqui e ali.

Mesmo com episódios até considerados curtos, com cerca de 20 minutos de duração cada um, A Sogra Que Te Pariu, às vezes, estende piadas e situações muito mais do que deveria e que deixam o tom já exagerado da atração ficar ainda mais cansativo, onde fica claro que as tramas não rendem como deveriam pelo fato que a tentativa de fazer graça é prolongada por demais.

É o caso do episódio do Dia das Mães (o terceiro) ou ainda o sexto com a personagem indo trabalhar como motorista de aplicativo. Não colam, não dão certo. E falando nesses momentos, esses dentro de táxis, e carros, que fazem a série abusar de participações especiais de “celebridades do humor” como Pepita, aquele garoto que faz piada com filtros no Instagram, e até mesmo Jojo Toddynho.

Os momentos finais de cada episódio mostram alguns erros de gravações e como foram feitas as cenas, o que particularmente é interessante se aqueles 20 minutos anteriores foram bons, pois se você pega um episódio mais ou menos é um aviso que, finalmente, ele está para acabar.

Entre altos e baixos, e mirando um público que consome os humorísticos da Globo e Multishow, como Vai que Cola ou até mesmo o finado A Grande Família, A Sogra Que Te Pariu mostra que pelo menos a Netflix tenta dar uma diversificada em seus projetos nacionais, se isso é o bastante aí é com o público.

Fica a dúvida se o brasileiro vai dar play ou mandar a série para a sogra que te pariu.

A Sogra Que Te Pariu tem seus 10 episódios disponíveis na Netflix.

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