Vingança a Sangue Frio | Crítica

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Vingança a Sangue Frio (Cold Pursuit, 2019) pode ser considerado uma grande mistura de todos os filmes de vingança que Liam Neeson já protagonizou e fez em sua carreira. Aliado à isso, a produção poderia ser muito bem definida como a quarta e perdida temporada da série Fargo, ou até mesmo, uma nova versão do filme da década de 90 que inspirou a produção do canal FX.

Liam Neeson in Cold Pursuit (2019)
Vingança A Sangue Frio – Crítica | Foto: Paris Filmes

Com um texto, ah lá irmãos Coen, Vingança a Sangue Frio, acaba por entregar, uma grande bola da neve, cheia de mortes, golpes, trapaças e desentendimentos que alteram o cotidiano de Kehoe, uma cidade turística no meio dos EUA. Assim, a produção coloca um funcionário dedicado no fogo cruzado entre gangues rivais que disputam o controle pelo tráfico de drogas na região, enquanto ele, paralelamente, busca vingança para aqueles que mataram seu filho.

O longa, com roteiro de Frank Baldwin, segue a cartilha de um bom e velho filme de Tarantino, mesmo que falte a riqueza de detalhes e a sutileza vista nas produções do diretor. Vingança a Sangue Frio mostra, morte após morte, uma história interessante que começa, veja bem, com uma morte. A produção nos apresenta, logo de cara, para Nels Coxman (Neeson, bem), sua esposa Grace (Laura Dern, numa rápida participação), e seu filho Kyle (Micheál Richardson) que vivem e trabalham na cidade coberta de neve.

Quando Kyle morre, e o legista aponta overdose como a causa, Nels e Grace parecem sofrer em dobro por acharem que não conheciam o filho. As coisas mudam quando o pai de família descobre o envolvimento de uma gangue local no assassinato do filho, e assim, entra numa espiral de más decisões que o leva a caçar um a um os membros da quadrilha. Tão um filme de Liam Neeson, não é mesmo?

Vingança a Sangue Frio, tem bons e exagerados personagens que deixam o filme com um ar um pouco mais sofisticado do que ele demostra, mas, a toda morte, a trama parece ganhar novas camadas, e lá para sua metade, parece chover (ou nevar?) assassinos, disputas territoriais, e bandidos que abusam de caras e bocas.

Com o frio e a neve sendo parte da trama, e que ajuda a contar a história, parece que Vingança a Sangue Frio consegue com isso, justificar a falta de sentimento, empatia e o olhar gélido de alguns dos personagens. A produção deixa a impressão que os atos vistos no filme ficam ainda mais surreais por causa do clima quase polar.

O ótimo Tom Bateman, entrega uma atuação memorável como o líder da gangue local, Viking, um personagem com um parafuso a menos que poderia ser descrito como uma mistura do Coringa de Heath Ledger com o Coringa de Jared Lato (sem as tatuagens e a boca metálica, claro!). Já do lado do bem, temos nos policiais, a novata Kim (Emmy Rossum) e o veterano Gip (John Doman), personagens que são praticamente retirados de Fargo, sem um fio de cabelo fora do lugar, ou um copo de café a menos.

Vingança A Sangue Frio – Crítica | Foto: Paris Filmes

Apoiado num humor peculiar e bem sombrio, a trama parece nunca aquecer totalmente, onde, o filme, apenas, faz uma sequência de mortes e perseguições sem fim, numa grande lista interminável com os mais pirados e exagerados momentos que envolvem resorts de luxo, sequestros que dão errados em todos sentidos e ainda um arco narrativo que envolve nativos norte-americanos vs o homem branco.

No final, Vingança a Sangue Frio poderia ter um roteiro um pouco mais enxuto que faria um bem danado para a produção. Mas, já que estamos aqui é enfrentar a nevasca e esperar ela passar não é mesmo?

Fãs de desventuras malucas, sanguinárias, e sem pé nem cabeça, podem colocar a cabeça para fora que o inverno chegou para vocês, onde Vingança a Sangue Frio faz uma boa, intensa, mas cansativa, opção para assistir nos cinemas.

Nota:

Vingança a Sangue Frio chega em nova data, agora em 14 de Março nos cinemas.

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