O Rastro | Crítica

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Foto: Imagem Filmes

Com uma premissa interessante e diferente do que o cinema nacional está acostumado, O Rastro (2017) é um avanço para as produções feitas no país. Diferentes de filmes nacionais com comediantes famosos e piadas de gosto duvidoso, o longa sai um pouco do ramo das comédias com humor escrachado, das comédias românticas, e vem com uma trama de terror e suspense sobre um hospital público que vai ser desativado e um médico idealista que precisa tirar todos os pacientes do local antes do governo fechar o estabelecimento de uma vez.

Assim conhecemos João (o esforçado e ótimo no papel ator Rafael Cardoso), um jovem profissional da saúde que agora trabalha na área administrativa do governo que lida com a coordenação dos leitos dos hospitais na cidade do Rio de Janeiro. Ele e a equipe recebem a missão do governo para retirar e transferir pacientes de um hospital que vai fechar.

O Rastro
Foto: Imagem Filmes

Mas para João a situação fica pessoal por alguns motivos, o dono do hospital interpretado pelo ator Jonas Bloch, é seu amigo e ele fez residência no local. Assim ele tenta completar sua missão da melhor maneira possível. Mas durante a transferência uma menina de 10 anos desaparece dos registros do hospital e João fica empenhado em descobrir a verdade.

O filme já começa com a tensão e suspense lá em cima, deixando o espectador sempre na dúvida sobre a realidade do que estamos vendo na tela. A medida que o personagem principal vai seguindo as pistas vemos ele desmoronar na tela. O excelente trabalho de Cardoso, aliado com a direção de J.C. Feyer que trabalha com planos colados no rosto dos personagem, mostra o incomodo e a aflição que os personagens passam.

Com pouca luz, sombrio e tons escuros em algumas passagens o filme brinca entre o que é supernatural e o que é real. A pressão que João começa a sofrer por conta da sua busca de respostas acaba por afetar sua relação com sua esposa Leila (a super competente Leandra Leal). Misturando cenas de pesadelos, com alucinações o filme caminha para investigar esse mistério. Para perto da sua conclusão a produção começa a apresentar suas várias viradas de roteiro e assim temos algumas respostas para as perguntas que são apresentadas desde de seu começo e ficam martelando em nossa cabeça. Aquilo tudo é real? O que acontece dentro daquele hospital? Quem ou que está envolvido naquilo tudo?

O baixo orçamento deixa o filme com um clima de tensão mas algumas cenas e sustos são forçados pelo time de edição de som meio que avisando e educando o espectador para qual momento ele deve tremer ou desviar o olhar. A pobre caracterização de alguns dos personagens e do ambiente na cidade do Rio de Janeiro ajuda o filme a criar a atmosfera claustrofóbica que o filme tem.

O Rastro
Foto: Imagem Filmes

Carregado com críticas sociais a produção tenta mostrar um pouco do cenário brasileiro na saúde com uma pitada de cenas de suspense. Se apoiando em clássicos do terror como O Chamado e O Iluminado o longa mostra o terror psicológico numa trama cheia de reviravoltas assustadoras mesmo não dependendo muito de um monstro ou uma força do mal e sim colocando as pessoas como as próprias vilãs.

O Rastro é um ousada tentativa de inovar no mercado cinematográfico brasileiro. A produção não é umas das melhores, mas o clima escuro do filme acaba por mascarar isso, sua trama e roteiro demora para entregar alguma coisa concreta e que pode confundir alguns expectadores mas que quando chega é corrida e rápida sem deixar o espectador com tempo para processar as informações. O filme tem atuações interessantes, fortes e densas do casal de protagonistas e um dos grandes triunfos do filme é contar uma história diferente, ousada na medida certo e fora dos padrões de filmes nacionais. Mesmo não reinventando a roda e com um roteiro um pouco falho, e para alguns um pouco confuso em alguns momentos, a produção tem seus méritos.

Nota:

O Rastro chega aos cinemas no dia 18 de Maio.

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