O Círculo | Crítica

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Numa sociedade cada vez mais conectada, as empresas tem a sua disposição a maioria das nossas informações pessoais e da nossa vida. A medida que a tecnologia fica mais presente e importante no nosso cotidiano as pessoas começam a levantar as questões de privacidade e como essas grandes empresas lidam com os dados disponíveis em suas mãos.

O Círculo (The Circle, 2017), tenta contar uma história com todos os temas acima mas mostrando um roteiro fraco, sem se aprofundar no que realmente importa e nem seu elenco de estrelas consegue salvar o filme se ser uma produção rasa e que não sabe conectar as diversas pontas soltas que são deixadas de lado mais rápido que a gente ao clicar em aceitar os Termos de Uso sem ler.

The Circle é uma das empresas mais poderosas do planeta e consegue aceitar em partes ao representar bem a cultura vista em grandes empresas do ramo da Internet, como Google, Facebook e Apple. A companhia é responsável por conectar os e-mails dos usuários com suas atividades diárias, suas compras e outros detalhes de suas vidas privadas e isso já fica bem estabelecido nos primeiros momentos do longa.

Na trama acompanhamos a trajetória de Mae Holland (Emma Watson) uma jovem inteligente e esperta que trabalha num emprego qualquer e sente que sua vida está sendo desperdiçada. Depois de ser indicada por uma amiga ela é contratada depois de uma grande maratona de testes para trabalhar com Satisfação dos consumidores dentro da empresa. Mae a principio fica muito empolgada com tudo que The Circle tem para oferecer mas leva o trabalho como um trabalho e não como uma life-style igual seus colegas e isso acaba gerando um estranhamente tanto da parte dela quanto da parte dos colegas. Mesmo com um interessante jogo de câmera que faz a personagem mostrando por etapas a descoberta da empresa no final tudo acaba sendo um pouco enfadonho a medida que a trama não sabe para onde ir exatamente.

Assim, ao tentar se enturmar dentro das enormes atividades que a empresa oferece fora de seu escopo de trabalho ela entra em um projeto especial desenvolvido pelo fundador da companhia Eamon Bailey (um contido e claramente um pouco desconfortável Tom Hanks). No experimento ela vai participar de um programa que acompanha ela 24 horas por dia então cada decisão que ela faz começa a afetar sua vida, dos seus familiares, amigos.

Watson, está bem mas não carrega o filme nas costas como sugere o material de divulgação. Ela demostra em sua atuação, como a personagem inocente que muda depois de entrar na empresa The Circle mas parece que sempre falta alguma coia para o personagem engrenar no filme, alguma faísca que conecte as ambições da personagem com o restante do longa, ok ela é a mocinha mas mesmo no começo da história ainda falta um uau fator e faça a personagem mostrar para o que veio. Mesmo sendo um pouco passiva e mais reflexiva no começo a mudança na atitude da personagem é uma coisa pouco explicada. Afinal ela mudou por causa da empresa e sua cultura? Ou só alimentou uma parte da sua personalidade adormecida?

Coisa que com a personagem de Karen Gilian, Annie, você consegue se conectar rapidamente a medida que sua personagem aparece. John Boyega aparece e reaparece na trama de uma forma amadora e seu personagem só serve para criar um clima de suspense que no final o filme mesmo não aparece e parece não querer desenvolver.

Assim O Círculo, tenta ser uma sátira ao mundo digital mas não funciona com uma comédia e como uma comédia ele não consegue ser um drama pois o roteiro não consegue ser profundo ao contar as implicações do software que terá no mundo real, nem mesmo o evento com Mae e o namorado nos momentos finais. O clima de suspense também não chega a empolgar afinal as coisas já são mostradas e explicadas rapidamente e nem a tentativa do filme de fazer as cenas serem forçadas na ambientação com seus truques sonores faz ele funcionar o que é uma pena pois a proposta original e o elenco estrelar deveriam fazer ele ser um sucesso. Ou pelo menos um filme aceitável.

Nota:

O Círculo já em cartaz nos cinemas.