Na calada da noite e sem alarde, Epic Games Store chega a China

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Na calada da noite e sem nenhuma divulgação, a Epic Games Store inicia suas atividades no maior mercado de games: a China.

Agora os chineses podem finalmente jogar Fortnite ou ter acesso aos games exclusivos da Epic, contando com preços menores que os aplicados em outras partes do mundo e utilizando alguns dos mais populares meios de pagamento na China: WeChat Pay e Alipay.

Obviamente o fato da Epic chegar na calada da noite e abrir suas portas dessa maneira gera especulações das mais variadas, ainda mais que a China anda cada vez mais restritiva e controladora quanto a conteúdos do mais diversos, e isso inclui os jogos para PC e consoles. Principalmente quando se trata de empresas e títulos que chegam do ocidente. Vale dizer que a própria Valve atua no mercado chinês, sem chamar muita atenção e sem muito alarde, já que oficialmente ela nunca foi aprovada para operar na China.

Algo curioso no entanto é que recentemente, durante um evento de Perguntas e Respostas em uma conferência de desenvolvedores, Steve Allison, um dos responsáveis principais pela Epic Games Store fez críticas diretas as operações da Steam na China. “A forma como nossos competidores (Steam) operam offshore não é legal na China, e eles não tem um escritório na China. Nós temos funcionários lá, logo estamos conscientes do que é legal e o que não é – isso pensando na segurança e bem-estar deles. Nós não queremos correr nenhum risco que possa gerar qualquer problema legal.” disse Allison.

Mas é curioso notar a Epic agindo da mesma forma que sua concorrente apenas alguns meses depois deste comentário.

Inclusive a PCGamer chegou a entrar em contato com a Epic Games para obter um esclarecimento, e a mesma evitou responder questões específicas dando apenas esta declaração: “Nós vemos a Epic Games Store como um serviço global e queremos disponibilizar a mesma para jogadores em todas as regiões que pudermos.” – respondeu o porta-voz da Epic.

Já a Steam, está disponível há vários anos na China, mesmo que de uma forma não oficial. Ano passado inclusive foi anunciada uma parceria com uma empresa local para que a situação fosse legalizada e a Steam chegasse “oficialmente” ao mercado chinês, mas nenhuma data foi divulgada e nem houveram mais comentários ou informações sobre o assunto.

Quanto a Epic, é cedo dizer se esta vai tomar a mesma postura agressiva no mercado chinês, já que ela parece não querer chamar a atenção. Mas vale ressaltar que a recepção negativa que rolou aqui no ocidente pela forma como a Epic vem agindo, foi ainda maior na China. Peguemos o caso do Metro Exodus que ao ser anunciado como exclusivo na Epic Game Store, lembrando que esta até então não existia na China, impossibilitou milhares de gamers chineses de comprarem e jogarem o mesmo, e isso irritou um bocado a comunidade local.

Outro ponto importante a se considerar quanto a aceitação da Epic no mercado chinês é que os gamers chineses assim como muitos aqui no ocidente não se impressionaram muito com o catálogo da Epic e se mostram até bem fiéis a Steam. Mas é sempre bom ressaltar que os preços mais em conta podem e devem mudar a forma de pensar de alguns destes gamers. Portanto se o carro chefe da Epic não atrair os jogadores chineses, eles podem e provavelmente irão apelar para preços abaixo do aplicado em outras regiões do mundo.

Outro ponto a se considerar é que a comunidade PC gamer na China é gigantesca. De acordo com pesquisa recente, atualmente existem mais jogadores chineses de games online em PC do que toda a população dos Estados Unidos. E falando em números, as vendas relacionadas a games online pra PC na China podem alcançar os 16 bilhões de dólares até 2023.

Portanto, isso poderia talvez explicar a mudança de postura por parte da Epic, mas ainda sim não responde outras questões e dúvidas que surgem com tal movimentação. Começando pela própria crítica a Valve para logo em seguida agir de maneira idêntica. E quanto a sua parceria com a Tencent? Afinal, a Epic Game Store se torna uma concorrente para a mesma. E o mais curioso, por quê o governo chinês que anda cada vez mais rigoroso, proibindo plataformas como o Twitch e que esta semana proibiu até mesmo o acesso a Wikipedia dentro do país, permite que algumas empresas estrangeiras continuem agindo de forma não oficial?

Dúvidas que talvez fiquem sem respostas, mas que não nos impedem de criar teorias e chegar a conclusões individuais.

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