Gostosas, Lindas e Sexies | Crítica

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Gostosas, Lindas e Sexies

Com um incentivo cada vez maior para as produções nacionais, as idéias e os roteiros começam a ficar cada vez mais diferenciados e tentam atingir novos públicos. Com Gostosas, Lindas e Sexies (2017) temos um filme que entra de cara no mundo plus-size e tenta colocar a mulher fora do padrão imposto pela sociedade e pelas capas de revista, como um ser que tem desejos próprios e que estão no centro da ação.

Na trama acompanhamos as aventuras e descobertas de quatro amigas no melhor estilo da série Sex and the City. Conhecemos a jornalista Beatriz (a ex-Malhação Carolinie Figueiredo que faz um papel mais bem trabalhado e mais desenvolvido que das outras colegas) que trabalha numa revista fitness e sofre com as colegas de trabalho magras e que fazem a dieta da moda da vez, a professora de inglês Marilu (a hilária e engraçadíssima Mariana Xavier) que é uma verdadeira devoradora de homens, Tânia (a grande supresa Lyv Ziese) que sofre com um relacionamento ruim e a empresária Ivone (a ótima Cacau Protásio) que resolveu focar em sua carreira e esqueceu sua vida afetiva. Elas estão de bem com seu corpo e com a vida. Até certo ponto. Cada uma tem sua trama individual que é trabalhada ao longo do filme e assim acompanhamos as peripécias e casos e acasos que variam desde de traição, problemas no ambiente corporativo até um segredo de um quarto escondido.

O destaque do filme fica com a química entre as 4 amigas e claro em poucas piadas que dão certo ao longo da produção. Gostosas, Lindas e Sexies consegue mostrar um figurino impecável e que deve servir de espelho para mulheres do país, afinal as protagonistas usam e abusam de vestidos, lingeries, roupas com detalhes e estampas e passam a sensação de conforto sem o velho clichê estou acima do peso e não consigo usar o que eu gostaria.

Foto: Santa Rita Filmes/Paris Filmes

O filme em si falha em não deixar algumas situações um pouco mais reais, como as brigas de escritórios entre o time das magras e o time de Beatriz que fica chato e repetitivo, por ser um pouco surreal e fora de tom, mesmo que para uma ficção. Como também pelas cenas do sequestro de uma das protagonistas que acaba tomando outros caminhos e ninguém parece se importar muito. Ou o fato de que Marilu que faz bicos e oscila entre trabalhos mas acaba por manter um estilo de vida igual a das amigas. O fato das mulheres serem mulheres normais e com problemas normais acaba que por ofuscando o fato que o elenco masculino é composto só por saradões e galãs de novela das 9.

O roteiro de Vinicius Marquez parece que quer acomodar diversas participações especiais no longa para criar histórias para eles, mas que no final acabam ficando isoladas do restante do filme. Algumas fazem sentido e geram risadas como o caso da geladeira falante mas outras acabam por ficar muito longas e desnecessárias para a trama como por exemplo os personagens de Paulo Silvino e Marcia Cabrita. Para um primeiro filme o diretor Ernani Nunes se sai bem com algumas decisões com a câmera que favorece as personagens dentro dos ambientes fechados escolhidos como os escritórios, restaurantes e as casas das protagonistas que são amplos e abertos.

O mérito de Gostosas, Lindas e Sexies é fazer filme para a mulher comum brasileira se ver e ser representada na telona como a personagem de destaque da trama e não a amiga da protagonista ou a coadjuvante. Mas o filme peca em não ter uma visão uma pouco mais sensível e delicada, e até mesmo mais feminina das questões do dia-a-dia e que aflige principalmente a trama central de Beatriz e sua vida amorosa. Algumas piadas funcionam outras não, mas o saldo final chega a ser uma produção agradável, não muito palpável em termos de grandes desenvolvimento, só que uma opção justa e que claro não tenta ser levada muito a sério.

Nota:

Gostosas, Lindas e Sexies! estréia em 20 de Abril nos cinemas.