Feel Good | Crítica da 1ª Temporada

1
2177

Como uma boa série britânica, Feel Good é curtinha tanto em duração quanto em quantidade de episódios, mas não se engane, esta produção tem muita coisa para dizer mesmo com pouco tempo de tela.

Com apenas 6 episódios, Feel Good entrega uma viciante história, assim por dizer. Fala sobre vícios, dilemas, conflitos, e como. às vezes, projetamos nossa felicidade no outro, e esquecemos de olhar para nós mesmos. A humorista Mae Martin estrela como Mae, uma jovem em busca de viver sua vida de uma forma bastante intensa, e que cai de cabeça em um novo relacionamento com a jovem George (Charlotte Ritchie). A questão é que George nunca teve um relacionamento com uma outra garota, mas parece querer descobrir mais sobre essa hilária e divertida comediante de stand-up que ela conhece uma noite em um bar.

Mae Martin and Charlotte Ritchie in Feel Good (2020)
Feel Good | Crítica | Foto: Netflix

Feel Good mostra a velocidade e facilidade que algumas pessoas tem para se apaixonar, mas também mostra os desafios e as dificuldades de se viver uma vida à dois, quando realmente como pessoa não estamos 100% bem com a gente mesmo. Aqui, nossas personagens começam a projetar problemas maiores em seus parceiros, como é o caso de Mae é com George, e vice-versa. E Feel Good mostra basicamente todo o processo e jornada que vemos a jovem Mae lidar ao embarcar numa relação monogâmica, e claramente, trocar um vício (o de drogas) pelo outro (o de uma pessoa).

E isso fica nítido, quando em um dos momentos, Mae diz que tinha um problema e que agora tem George, e George diz, “você não pode só me ter…. eu tenho meu trabalho, meus amigos….” É esse o tipo de discussão que a série certamente propõe, que é completamente válido, afinal, onde nem sempre os personagens nos fazem concordar com suas atitudes.

Feel Good consegue criar um olhar quase sufocante sobre relacionamentos e que nos joga nesse furação chamado Mae, onde a cada episódio vamos conhecendo mais sobre sua vida, e o que a levou a sair do Canadá e viver no Reino Unido. E ao mesmo tempo, a série consegue trabalhar o outro lado da moeda, com a figura de George, e sua jornada de auto-descoberta sexual, e de amadurecimento pessoal, enquanto navega sobre seus sentimentos, a pressão da sociedade, e claro, como irá apresentar para o mundo sua nova namorada.

No meio desse relacionamento conturbado e realmente intenso entre as duas, temos personagens coadjuvantes que entregam esteriótipos de figuras britânicas das mais diferentes formas, mas que ajudam a quebrar um pouco o gelo da seriedade que Feel Good quer passar ao falar sobre essas pessoas e suas relações complexas. Temos Phill (Phill Burgers) o colega de quarto meio estranho, mas totalmente adorável, os amigos sem noção como a jovem Binky (Ophelia Lovibond), os pais meio ausentes com destaque para ótima Lisa Kudrow, e ainda Brenda (Rosalind March) que funciona como um tipo de madrinha para Mae, e todos os colegas do grupo de suporte da jovem. Assim, esses personagens servem de apoio e ao mesmo tempo funcionam como um cataclismo para agravar as situações que Mae e George vivem em seu relacionamento.

Feel Good | Crítica | Foto: Netflix

Feel Good coloca a relação de Mae e Georgie num espiral de situações que se encaminham para momentos divertidos, outros mais tristes, na vida das duas, seja ir à um casamento sozinha como medo de apresentar a nova namorada para os amigos, uma viagem para tentar se dar melhor com os pais, ou ainda usar sua sinceridade para fazer um bom número de stand-up que se torna viral e cheio de visualizações on-line. Feel Good mostra que mesmo suscetíveis à vícios, as pessoas podem ter atitudes ruins, mas serem boas pessoas, e terem atitudes boas, e realmente serem más pessoas.

Aqui, Mae Martin entrega uma personagem complexa, repleta de dúvidas, e cheia de camadas que nos fazem perguntar como reagiríamos em diversas situações no seu lugar, tudo isso com um humor britânico inigualável. A Mae de Martin parece sugar todos ao seu redor e realmente parece se prender em pequenas coisas para realmente sobreviver, ao mesmo tempo que vive tudo intensamente.

Lançada em plena época de pandemia global, Feel Good é a série perfeita para se maratonar em apenas um dia, e entrega uma produção que irá provocar diversos sentimentos, ao conseguir criar um diálogo sobre diversos, e difíceis, assuntos. No final, Feel Good te fará se sentir bem ao assistir seus episódios, afinal, o maior mérito da série é nos apresentar protagonistas tão próximas da vida real como pouco quase temos nas séries de ficção. 

Feel Good está disponível na Netflix.

Try Apple TV

Comentários estão fechados.