43ª Mostra SP | Dois Papas – Resenha

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Dirigido por Fernando Meirelles, Dois Papas é estrelado por Anthony Hopkins e Jonathan Pryce. O filme estreou no Telluride Film Festival e encerra a 43ª edição do festival em São Paulo.

Sinopse:

Do diretor Fernando Meirelles, indicado ao Oscar por Cidade de Deus, e do roteirista Anthony McCarten, três vezes indicado ao Oscar, o filme narra uma história intimista de uma das mais dramáticas transições de poder dos últimos dois mil anos. Frustrado com a direção da Igreja, o cardeal Bergoglio (Jonathan Pryce) pede permissão ao então papa Bento XVI (Anthony Hopkins) para se aposentar, em 2012. Em vez de aceitar o pedido, enfrentando escândalos e dúvidas, o introspectivo papa Bento chama a Roma seu mais severo crítico e futuro sucessor para revelar um segredo que abalaria os fundamentos da Igreja Católica.

Por trás dos muros do Vaticano, começa uma luta entre tradição e progresso, culpa e perdão, pois esses dois homens muito diferentes enfrentam elementos do passado para encontrar um terreno comum e criar um futuro para um bilhão de seguidores em todo o mundo.

O que achamos:

Um poderosa e reflexiva história sobre os bastidores de uma das instruções mais antigas do mundo. Dois Papas entrega um filme sobre duas figuras completamente inalcançáveis aos olhos do grande público, mas que foram e são responsáveis ainda por bilhões de fiéis.

O roteiro de Anthony McCarten já pega o público de surpresa, logo na primeira cena, que serve para quebrar o gelo daqueles que teríamos um longa mais parecido com um documentário. O texto nos entrega um humor interessante, afiado, e respeitoso, onde Dois Papas faz para a Igreja Católica aquilo que The Crown fez pela Família Real inglesa: desmistifica e normaliza as figuras históricas numa trama intensa, cheia de bons diálogos e que preza a complexidade das relações em vez de construir uma linha do tempo que bate datas e acontecimentos.

E tudo isso se dá pelas atuações primorosas e incríveis de Anthony Hopinks e Jonathan Price que estão maravilhosamente bem em cena. A direção de Fernando Meirelles consegue captar essas duas figuras marcantes em situações aparentemente simples, como uma conversa no jardim, um jantar na casa de veraneio, ou até mesmo, dentro de um dos salões do Vaticano, onde vemos as figuras completamente opostas do cardeal Bergoglio com o papa Bento XVI.

Dois Papas navega com as diferenças entre dois, seja nas escolhas de vestimentas, nos esportes favoritos, ou ainda em questões que movimentam os ideais católicos como aborto, a comunidade gay, e um dos maiores problemas que a organização sofreu, os casos de assédio e pedofilia. Assim, Dois Papas provoca reflexão e instiga o pensamento sobre o funcionamento das estruturas da Igreja Católica moderna.

Para isso, Meirelles usa de locações claras para assuntos cotidianos, e outras mais escuras quando os assuntos são mais espinhosos, para recriar possíveis conversas entre os dois religiosos, mas que aqui, para a construção da narrativa do filme ajudam e muito no desenvolvido de ambas como figuras e personagens

Dois Papas sofre um pouco por uma falta de ritmo em virtude de alguns flashbacks que servem para contextualizar o espectador com algumas passagens, mas as interações, a mensagem sobre criar união e não divisão, a química entre Hopkins e Pryce fazem do filme um daqueles excelentes estudos de personagens, só que aqui de figuras que existiram de verdade. Fumaça branca, habemus (Dois) Papam.

Nota:

Dois Papas chega na Netflix em Dezembro.

Filme visto na 43ª Mostra Internacional de São Paulo

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